domingo, 16 de abril de 2017

"MORTE É VIDA"

Estamos no ano de 1966 e faço um enfrentamento direto a Deus, a quem sempre aceitei como uma super energia que existe também graças à Lei Natural “Causa e Efeito”. Em palavras claras e exatas: não existe efeito sem causa, como não há filho sem pai. Esse alerta tenho o costume de dirigir aos céticos ou ateus quando me atordoam.

Propus à energia superior um pacto de total amizade e fervor, mediante as considerações a seguir: 1. Creio em Ti. 2. Sei que seremos nós, os habitantes da Terra que resolveremos o grande (ou os grandes) problema (s) que criamos no planeta. 3. Alguém tem que fazer algo e me proponho, sabendo que outros seres devem ter feito ou farão também. 4. Seja feita a vossa vontade, mas quero que me revele os segredos deste mundo e dos outros caso existam. 5. Prometo ser leal e retribuir, sem medo e disposto a aceitar as dificuldades desde que me seja dada a devida força.

No decorrer do tempo vieram as respostas, as  quais não vou declinar porque o assunto de agora é outro. São três as razões que nos levam à redenção total ou ao título deste texto (“Morte é Vida”): 1. Os motivos citados acima. 2. As experiências dramáticas que vivi na vida. 3. A existência da ternura, paciência, amor e compreensão. É do item 3 que vou tratar neste exato momento.

Conheci e conheço vários seres humanos que me servem de exemplo como criaturas iluminadas, extremamente praticantes de uma série de ações positivas. Observo-as ou as observei anos a fio mas, por ética e respeito absoluto, só declaro seus nomes em caso de extrema necessidade. Embora já tenha mostrado o nome de uma criatura especial quando ela fez cem anos de idade, agora me incumbo de declarar o seu nome próprio de cartório e pia batismal: Semíramis Duarte, conhecida como Ninita, a quem chamei a vida toda de Tininita, nascida em São Sebastião do Rio Preto, inesquecível professora.

Bem, aos 100 anos e exatos 251 dias, em 12 de abril, na cidade em que estudou, Ferros, ela nos deu adeus. Alguém pode me arguir: o que aprendi com ela? Não vou citar o “be-a-bá, e nem as regras de nossa língua pátria, nem cálculos aritméticos ou muito de história e geografia. O que me ensinou mais significativo foi em silêncio. Tininita durante uma vida inteira me deu aula de cidadania, amor ao próximo, comportamento, serenidade e humildade. Diria que aprendi pelo menos dez por cento de seus ensinamentos, mas foi o bastante para, pelo menos reconhecer e tentar imitá-la.

Não vou me alongar porque já disse quase tudo o que queria dizer em outra oportunidade, ou ouvi, no seu velório, referências, as mais lindas, acerca de sua vida. Vou apenas recordar dois nomes aqui, um do passado, José Cândido Ferreira de Almeida, Tio Zezé, com quem ela teve 11 filhos, e o Padre Márcio Soares, vigário episcopal de Itabira. Tio Zezé me disse uma vez o que jamais me esquecerei: “Eu não sei se sou portador de virtude alguma, mas sei que uma tenho e defendo até a morte”. Diante de minha curiosidade, esclareceu: “Sou um ótimo escolhedor de esposa ou companheira de vida.”

Quanto ao Padre Márcio, ele fez um belo sermão no ato de sua celebração no velório. Suas palavras foram coincidir com esclarecimentos que Deus me permitiu alcançar até então: “Morte é Vida”. Não somente eu entendi essa revelação bombástica como várias pessoas me deram a oportunidade de ser ouvinte de seu comentário naquele momento. Vou citar apenas uma, a minha prima Maria das Graças Sá Duarte, que foi companheira fiel e gentil do saudoso Sebastião Cândido Duarte, primeiro filho de Tininita.

Nada mais a dizer, senão repetir as suas palavras no idioma francês, em melodia que cantou quatro dias antes de sua partida, no domingo, 10 de abril passado, gravadas por sua netinha Laís. Dia 13, quem acompanhou a descida do esquife ao seu túmulo final, teve o privilégio de ouvir a sua doce voz. Emoções sobre emoções. Indizíveis...

AU CLAIR DE LA LUNE

Au clair de la lune
Mon ami Pierrot
Prête-moi ta plume
Pour écrire un mot
Ma chandelle est morte
Je n’ai plus de feu
Ouvre-moi ta porte
Pour l’amour de dieu

Au clair de la lune
Pierrot répondit
“Je n’ai pas de plume
Je suis dans mon lit
Va chez la voisine
Je crois qu’elle y est
Car dans sa cuisine
On bat le briquette

Au clair de la lune
L’aimable Lubin
Frappe chez la brune
Elle répond soudain
Qui frappe de la sorte?
Il dit à son tour
Ouvrez-moi la porte
Pour l’amour de dieu
Au clair de la lune
On n’y voit qu’un peu
On chercha la plume
On chercha le feu
En cherchant d’la sorte
Je n’sais c’qu’on trouva
Mais j’sais que la porte
Sur eux se ferma
Au clair de la lune

Pierrot se rendort.
Il rêve à la lune,
Son cœur bat très fort;
Car toujours si bonne
Pour l’enfant tout blanc,
La lune lui donner
Son croissant d’argent

TRADUÇÃO

À Luz Da Lua
Ao luar
Meu amigo Pierrot
Me empresta sua pena
Para escrever uma palavra
Minha vela apagou
Eu não tenho fogo
Abra sua porta
Pelo amor de Deus
Ao luar
Pierrot respondeu
"Eu não tenho pena
Estou na minha cama
Vai ao vizinho
Acho que ela está lá
Pois na sua cozinha
Ela risca o fósforo
À luz da lua
A amigável Lubin
Bateu na casa dela
Ela responde, de repente
Quem bate na porta?
Ele diz, por sua vez
Abra-a para mim
Pelo amor de Deus.
Ao luar,
Nós só podemos ver pouco
Eles procuraram a pena
Eles procuraram o fogo
Na tentativa de encontrar
Eu não sei se a encontraram
Mas sei que a porta
Deles se fechou

Ao luar
Pierrot voltou a dormir.
Ele sonha com a lua,
Seu coração bate forte;
Pois sempre é tão bom
Para a criança enquanto o branco
O luar lhe dar
Seu crescente prateado.

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