Estamos na roça
e o Zé do Joaquim Melado vai inaugurar um boteco num lugar estratégico, cheio
de pinguços e de gente que gosta de uma noitada animada. Ele, no entanto,
anuncia que vai vender somente cachaça e rapadura. Marca o dia de abrir a sua
venda. Ninguém vai à inauguração. Com certeza, o Zé vai afundar toda a sua
miséria de investimento minguado gasta no “empreendimento”.
Numa cidade
situada nos brejos afora, um fazendeiro meio abastado mas pão duro de doer a
munheca, o Maneca, resolve gastar uns trocados para montar uma academia de
ginástica para seu filho, o Chico, que acaba de colar grau em Educação Física.
Ele sonha em colocar todo o pessoal daquele lugar em forma, cobrando uma
mensalidade razoável. No entanto, propaga o seguinte: “Vamos oferecer o que
podemos, estamos em crise, temos poucos equipamentos, acreditamos que, com o
tempo, possamos melhorar. O resultado do “empreendimento” já pode ser anunciado
com antecipação: fracasso total.
Na Capital de
Minas Gerais existe uma organização esportiva que se chama Clube Atlético
Mineiro. Maior torcida do estado e mais fanática do Brasil, o Galo das Alterosas
acaba de atingir praticamente o número de associados no país: cem mil.
Tradicionalíssimo, a estrutura é das melhores, tem um centro de treinamento que
pode ser considerado o melhor da América Latina e praticamente acertada a
construção de um dos melhores estádios de futebol do Brasil. Agora ocorre o
seguinte: necessitando de grandes conquistas, que a torcida requer, o clube,
que tem o popularíssimo e atraente epíteto de Galo, anuncia e executa a
seguinte política de ação: dispensar todas as suas estrelas, reduzir ao máximo
o salário dos jogadores e contratar os mais baratos possíveis.
Consequentemente, agora nos situamos na seguinte perspectiva: vamos jogar bem
por baixo em 2018, somos candidatos ao rebaixamento, inclusive no campeonato
regional. Se alguém vê outro cenário mais lógico que esse, avisem-me, por favor,
que preciso, urgentemente, acalmar os ânimos diante do óbvio que se desenha à
nossa frente.
Pronto. Preciso
escrever mais? Vão apregoar que sou pessimista? Estão preparados para sofrer?
Quer dizer, acompanhar o time do coração
em disputas, torneios, campeonatos significa ficar perdido no mato sem
cachorro? Se concordarem, tudo estará certo. Se pensam que os novos e lúgubres
diretores do Galo estão certos, façam o seguinte: comprem terços, bíblias,
imagens, emblemas de macumba, artigos para banho de descarrego e outras
invenções que jamais caberiam no campo da bola, e vamos enfrentar o tristonho ano
de 2018, padecendo como pagadores de promessas. Ou nos tornemos monges
beneditinos, que se recolhem às clausuras, especialmente nos instantes em que o
Galo entrar em campo.
Está aí o que
nos espera daqui para a frente. De minha parte, aviso aos zoadores de plantão,
especialmente que torcem exatamente para o clube que, também endividado e cheio
de problemas, resolveu apostar no otimismo, que não estou disposto a ouvir zombarias
e gozações neste macabro 2018 que já se desenrola. Aviso, infelizmente, que vou
torcer contra o meu time do coração pelo menos até que esses cabeças de bagre
da diretoria, parodiando o inesquecível Kafunga, saiam fora, abram alas, para
que ocupem seus lugares os amantes do prazer, da alegria e da felicidade.
Gente, a vida é bela e também no futebol, é claro, ou principalmente no
futebol.
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