terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O SUCESSO DE "CICLOS" ESTOUROU DE VEZ

Estourou, sim, o sucesso merecido de “Ciclos”, livro de Conceição Maia, lançado nesta segunda-feira, 28 de janeiro, na Fazenda do Pontal, em Itabira, Minas Gerais. Presenças maciças da comunidade regional. Grandes nomes apoiaram e cantaram "Parabéns pra você" no octogésimo sexto aniversário da autora. O verbo estourar é positivo e não o contrário, como as nossas barragens que estão tirando o nosso sono.

Quero falar do estouro da segunda obra de minha conterrânea, amiga e ex-catequista, de dupla cidadania (brasileira e norte-americana) e não de agruras humanas que precisam ser evitadas daqui para a frente e sempre.

Além da escabrosidade de Brumadinho, temos outras e milhares até que ocorrem não só neste país, mas também no mundo. Aqui no Brasil, principalmente, há um estouro de humilhação decretado sobre umas profissionais que merecem ser adoradas mas estão sim, sendo achincalhadas. Digo achincalhadas porque eu próprio já fui escarnecido em duas escolas de nossa região. Saí delas de cabeça erguida, mas chateado com a nossa situação cultural. Numa das escolas rasgavam livros como não se faz sequer com lixo, esse já pode ser  reciclado quando o povo é civilizado.




Não vou discorrer sobre tristezas, mas, apenas expor uma comparação,  porque aqui, agora, estou me referindo ao êxito alcançado por minha querida catequista, que ela própria conta nas páginas 129 e 130. Narra que foram elas (Conceição e Lúcia) saudadas, glorificadas, fato ocorrido no ano de 1951. Vou transcrever apenas um trecho do livro para que todos sintam mais palpável a informação:

“A POPULAÇÃO DE SÃO SEBASTIÃO HOMENAGEIA DUAS JOVENS PROFESSORINHAS
— Quando voltamos para São Sebastião, após o término de nossos estudos em Ferros, tivemos a surpresa agradável de sermos homenageadas pelos conterrâneos. Fomos recebidas com muito carinho. Todos se reuniram e se dirigiram à nossa casa na rua Bonfim, com banda de música. Pessoas simples, amigas, amadas por todos nós, foram nos dar boas-vindas e desejar-nos um futuro amplo e feliz”.

Viram? Sentiram? Década de 1950 numa pequena vila do Estado de Minas Gerais saudou duas professoras formadas, que chegaram para substituir as leigas. Elas foram buscar conhecimentos e a terra natal se rejubilava, se sentiu orgulhosa por isso. Comemorou feliz da vida, com fogos e banda de música (e também marujada, que ela não mencionou). Se o ato fosse filmado na época, se alguém guardasse as películas, se agora apresentasse para a  geração atual, o que ocorreria?

Respostas: primeiramente, perguntariam se  “Era o governador do Estado, o presidente da República, algum famoso deputado ou senador ou ministro que chegavam a São Sebastião?” Depois outra pergunta: “Ou seria a chegada triunfal do Papa Pio XII ao arraial?” Ninguém esperaria a resposta. Então, conteríamos a curiosidade de outras pessoas assim: “Não. Apenas duas professoras que se formaram, duas filhas de Lulu Garcia e Dona Isaura, que chegaram com diplomas nas mãos e conhecimentos para transmitir e foram trabalhar na escola local”.

Aí a diferença: o que era uma professora antigamente? E o que é hoje? Não vou tomar o tempo de cada um. Deixo a resposta a estas duas últimas questões para o leitor, para ele próprio matutar com os seus botões e fechos-ecleres. E acrescento mais três questões simples:
— Que povo é o mais sábio, o de hoje ou o da década de 1950?
— O professor perdeu o prestígio por culpa própria ou por que a cultura do povo se degradou?
— Não temos mais solução para este problema?

Por enquanto é só. O sucesso será maior quando todos lerem o livro de Maia. De minha parte, agora a missão é aguardar a edição em inglês, a cargo do genro da autora, Tomas Eldridge, o Tom, e, depois, a terceira obra que já tem assunto estourando por aí.

E me desculpem por usar o verbo estourar. É para contrabalançar ao momento em que vivemos. Para cada tristeza, uma grande alegria de contraponto. Maia é a nossa alegria. Abraço a todos.

José Sana
Em 29/01/2019
(Foto: Geraldo Quintão)

sábado, 26 de janeiro de 2019

TRAGÉDIA DE BRUMADINHO PODE FAZER VALE REPENSAR ITABIRA


Não sou profeta. Talvez venha ser no futuro. A bíblia prevê, por não sei qual autor, capítulo tal e versículo também tal (não aprecio decorar leis, quanto menos sagradas, prefiro acreditar nelas e segui-las), que “vossos filhos profetizarão”. Mas não é este o meu caso e vou deixar  aqui apenas como evidência estarrecedora. Eis o óbvio para este quase profeta: a Vale vai embora do Sistema Sul (região mineira), cujo polo mineral está em Itabira há quase 77 anos.

Aliás, a empresa já anunciou, por meio de seu presidente, Flávio Schvartsman (o mesmo que chorou ontem durante a tarde inteira deste fatídico 25 de janeiro, numa reportagem sobre a tragédia de Brumadinho),  que em 2028 a mineradora encerraria  suas atividades no Sistema Sul. Contudo, porque o ser humano gosta de teimar muito e de sentir-se naquele pensamento retrógrado chamado “me engana que eu gosto”, autoridades itabiranas e até mesmo representantes menos graduados da empresa começaram a inventar um monte de motivos para negar o anúncio presidencial.

Apareceram os preguiçosos e medrosos com as justificativas divididas meio a meio entre infundadas e aceitáveis, usando  argumentos próprios para esquinas, botecos e velórios, mais ou menos os seguintes:

- podemos melhorar a qualidade do minério de ferro do Sul e quase igualar o percentual ferrífero ao de Carajás, que roubou a nossa liderança;
- as instalações industriais de Itabira são caríssimas e não podem ser desmanchadas a bel prazer de abandonar semi-riquezas espalhadas em Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Mariana, São Gonçalo do Rio Abaixo e outros setores minerários;
- ainda há grandes reservas na região, que podem ser “enriquecidas” se levadas a instalações de concentração que não poderão ficar ociosas;
- o itabirito duro acaba de ser chamado de terceira safra do minério de ferro, cuja usina entrou em funcionamento recentemente em Itabira. E por aí vai...




É de se notar que apenas o presidente da grande empresa e uma meia dúzia pingada de diretores defenderam seus pontos de vista, enquanto parte menos votada da mineradora ficou dando asas aos políticos que temem ter que enfrentar sozinhos a onça da realidade, qual seja de dar uma guinada de 360 graus na vocação econômica.

É certo que o prefeito Ronaldo Magalhães já está negociando com a Vale e também anda cuidando de fazer parceria com chineses na busca do caminho para consolidar a Universidade Federal, criar o Parque Científico e Tecnológico e tornar tangível o Aeroporto Industrial.  Com certeza,  ele e sua equipe estão trabalhando com planos  A, B e C, é claro, para se ter mais segurança.

Mas o solitário Schvartsman, que derramou lágrimas ao vivo e a cores nesta terrível sexta-feira, parece que a ele restou se manter  apenas  cantando, mesmo e apenas no banheiro, ou emitindo som inaudível no apelo da melodia de Tim Maia, “Me dê motivos”.  O diretor-presidente cantava, sim, até mesmo quando nada tinha a fazer nos fins de semana e, sem esperar, dentro da angústia que demonstrou  ao Brasil inteiro, que o motivo de sair de Itabira e do Sistema Sul estava decretado por uma ocorrência brutal e que nunca mais será esquecida na história da grande mineradora nascida em Itabira, em 1942. Motivo, sem tirar nem pôr nenhum substantivo, adjetivo, advérbio ou uma metáfora: Brumadinho, onde mortes incontáveis estão sendo multiplicadas por números quase infinitos.

Agora, gente brasileira, mineira e de Itabira, a saída é ter coragem, tornarmos machos e fêmeas  de verdade e não covardes e preguiçosos, e  arregaçarmos as mangas. O objetivo:  partir para salvar Itabira economicamente, e a região,  porque já acordamos, pelo menos aqui e sabemos que as oito barragens ameaçadoras não podem mais receber toneladas desta bomba atômica cruel chamada rejeito de minério de ferro.

José Sana

26-01-2019

sábado, 19 de janeiro de 2019

A VOLTA DO ET

Não teve jeito. Lutei contra o vento e a tempestade, mas tive que chamar o Extraterrestre de volta. Lembram-se dele? Se não, vamos fazer apenas uma simples reapresentação. ET é o mesmo que andou e anda aparecendo por aí. A mídia deu destaque para o de Varginha. Falou-se muito nele. De minha parte, destaco que sempre tive o privilégio de falar com esse habitante do espaço quando bem quis e quero, embora sem abusar, porque, vamos e venhamos, nos outros planetas — e em todos há vida — o nosso, o Planeta Terra, é o mais atrasado de todos. Está  feita a apresentação: ET é aquele que sabe de tudo. São originários de outros planetas, embora tenham a liberdade de entrar no mundo que lhes interessa, vagando pelo espaço sideral.

Com prazer, depois de  longa ausência, o meu amigo ET me atendeu. Chegou zombando, é claro, isto era e é previsível. Para falar a verdade, há instantes nos quais lhes faço perguntas e sou obrigado a ver e ouvir zoadas inacreditáveis. Eles são deveras piedosos e caridosos, solidários acima de tudo, porque, na verdade, o que se passa aqui pouco lhes diz respeito, ou nada. Estamos a milhões de anos-luz da sabedoria deles. E temos de chamar virtudes para nos salvar: humildade e reconhecimento de burrice.



A necessidade da orientação extraterrestre se faz pelo volume acerbado de problemas que no momento ocorrem em todas as partes do mundo. No Brasil, parece  para nós, ser o fim do mundo. Cada um pensa de um jeito e ninguém abre mão de seu ponto de vista; em decorrência de pensamentos diferentes e conflitantes, travam-se brigas violentas, desentendimentos preocupantes, guerras cruéis; para tornar tudo ainda mais complicado, até mesmo o terrorismo é acionado; o incrível mundo em que vivemos chegou ao cúmulo de inventar o homem-bomba.

Meu amigo ET insiste claramente que o ser humano deve imediatamente parar de fazer conjeturas sobre qualquer assunto, seja a respeito de política, religião, cultura, ideologias e até mesmo o lazer. Ele sugere que coloquemos um ponto de pausa em todas as flutuações de pensamentos que pululam em nossas mentes arredias. Receita, claramente, que façamos meditações transcendentais. E explica o que é este processo: a entrega total ao silêncio, ao recolhimento como primeiro ato: “Você procura chegar ao chamado ‘ponto zero’; para facilitar, usa um termo chamado mantra, que repete com o intuito de afastar ideias que vêm de fora, nem se sabe de onde. Faça tal concentração no nada pelo menos duas vezes ao dia durante vinte minutos em cada espaço de tempo”.

“Esvazie sua mente. O pensamento não é seu, ele vem de fora e se intromete em sua vida para perturbar o seu merecido sossego. Desconfie disso e se torne senhor do que entra e sai nesta e desta mente. Em seguida, o ET explica que você precisa, depois de ter a mente despoluída, adotar uma nova forma de viver, de captar os pensamentos, de saber encaminhá-los a um lugar próprio como se fosse um arquivo.

“Uma busca inicial se resume nisto: a causa de tudo”; porque, vocês, humanos, precisam entender que não há efeito sem causa”. Eis aí o segredo inicial de todo o processo. E pergunto ao ET: é possível viver sem saber a razão da vida? Ele responde secamente: “Impossível!” (e me faz usar o ponto de exclamação) Esta a palavra: a vida se torna uma aventura quando não sabemos o seu sentido, o seu porquê, não temos a sua  real explicação”. Mas, como? — questiono. Ele responde: “Já lhe dei a ideia da meditação. Seria um começo. Mas, evidentemente, há outros caminhos a serem percorridos como, por exemplo, a oração, qualquer tipo de recolhimento na busca, inicialmente, do nada, do ‘ponto zero’”, conclui o ET.

Aqui se encerra o  primeiro reencontro com o ET. Ele se dispôs e falar mais vezes, demonstrando autêntica solidariedade ao nosso interesse de melhorar. Volta a explicar: “Se você sente uma dor qualquer que lhe incomoda, normalmente vai ao médico; esse começa a agir em busca da causa; ele pode aliviar a dor receitando-lhe paliativos, mas só acaba com ela quando souber o porquê de sua existência, quando é iniciado o combate à origem do mal. Guarde isso para que você entenda que todo e qualquer problema que existe aqui neste planeta tem um motivo e o motivo principal é aquele que reside na razão da existência. Depois falamos mais. Siga com calma porque o santo é de barro.

Até mais!”
José Sana
19/01/2019

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

OU UM CLARIVIDENTE OU UM CAVALO VELHO


Tem hora que me defino como um clarividente. Um premiado. Seria? Será? Sou? Que nada, recuo-me imediatamente ao admitir que a comparação é feita com milhares de seres de inteligência duvidosa, que pensam o contrário. Aí me chamo de cavalo e velho e sem pasto. Sem nenhuma sombra de dúvidas.

Refiro-me às questões ideológicas hoje na moda e em discussões acirradas, tanto nas redes sociais quanto em botecos, retretas, salões de beleza, esquinas e velórios. Não me farto de perguntar de mim para mim: será mesmo eu a mula sem cabeça desta história?

No século XIX, precisamente em 1848, os alemães e teóricos do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels, assinaram e lançaram o Manifesto do Partido Comunista que, a princípio, apresentou-se como um conjunto de teorias filosóficas, políticas, históricas e econômicas.




Em outras palavras, o marxismo propõe-se analisar o relacionamento de interdependência entre o homem e a natureza: o homem busca na natureza a satisfação de suas necessidades, e a natureza lhe fornece os meios necessários para isso. Sem que eles façam menção a este teor, cobra pelos erros cometidos em deslises.

Exatamente decorridos 69 anos, estoura a Revolução Russa de 1917, Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido pelo pseudônimo Lênin, tenta implantar a “ditadura do proletariado”. Com a morte do pioneiro, assume Joseph Stálin, que já carregava na direção a União das Repúblicas Socialista Soviética (URSS) que durou 74 anos, passou pelas eras Khrushchov e Brejney e terminou em Gorbathchev, em 1991.

Tivemos outros exemplos de tentativas do comunismo no mundo, como na China, onde o saldo foi a morte de 70 milhões de pessoas; na Alemanha Oriental, cujos habitantes sonham em mudar para o lado capitalista, a desenvolvida Alemanha Ocidental; além de Cuba, golpeada em 1959 com Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, cuja ditadura segue o seu curso na Ilha do Caribe, depois de dizimar milhares de vidas tanto no “paredón” quando em outros chamados campos de concentração.

O que quero deixar claro é que o socialismo/comunismo não deu certo em lugar algum e hoje vemos os resultados de tentativas de implantação. O absurdo do século é o caso da Venezuela, um país rico por natureza, que tem seus habitantes vivendo na mais torpe miséria. Mesmo Cuba, que chega aos 70 anos do regime socialista, o que oferece de positivo não faz baixar o mau resultado das ações. Um país em que falta o principal, a liberdade.

Acrescente-se, para estarrecer o mais cego dos seres humanos, de olhos vendados, que sempre foi, é e será impossível prevalecer o sistema socialista/comunista sem ditadura. Só essa questão derrubaria qualquer defensor da desgraça que bate sempre à nossa porta. E com força porque no Brasil chegamos a viver grande expectativa deste momento, muito preparado mas não aplicado o golpe fatal, notadamente porque não havia clima para a audácia.

Concluindo, fiz o que pude para me confessar um cavalo velho sem pasto e da pior raça. Nada de Campolina nem Manga-Larga. Um punga soca-soca e arrasado de tanta falta de visão e inteligência, pesos de cangalhas, esporas, baixeiros, barbicachos e chicotes. Mesmo assim, restando-me as últimas energias para contestar o óbvio, ainda resisto. Há uma febre marxista no Brasil que nos deixa tontos. Proclamar-se marxista é uma maneira de ser inteligente sem ler o próprio Marx e ninguém mais que escreveu sobre ele.

Finalizo assim, prometendo sempre voltar ao assunto: não me retrocedo diante da evidência e do óbvio. Ver um panorama e fazer vistas grossas à clarividência se traduz em deixar a verdade apodrecer dentro de nós. Nem este cavalo trôpego suporta tal indigestão imoral e desumana.

José Sana
Em 11/01/2019