Com prazer, depois de longa
ausência, o meu amigo ET me atendeu. Chegou zombando, é claro, isto era e é
previsível. Para falar a verdade, há instantes nos quais lhes faço perguntas e
sou obrigado a ver e ouvir zoadas inacreditáveis. Eles são deveras piedosos e
caridosos, solidários acima de tudo, porque, na verdade, o que se passa aqui
pouco lhes diz respeito, ou nada. Estamos a milhões de anos-luz da sabedoria
deles. E temos de chamar virtudes para nos salvar: humildade e reconhecimento
de burrice.
A necessidade da orientação extraterrestre se faz pelo volume
acerbado de problemas que no momento ocorrem em todas as partes do mundo. No
Brasil, parece para nós, ser o fim do
mundo. Cada um pensa de um jeito e ninguém abre mão de seu ponto de vista; em
decorrência de pensamentos diferentes e conflitantes, travam-se brigas
violentas, desentendimentos preocupantes, guerras cruéis; para tornar tudo
ainda mais complicado, até mesmo o terrorismo é acionado; o incrível mundo em
que vivemos chegou ao cúmulo de inventar o homem-bomba.
Meu amigo ET insiste claramente que o ser humano deve
imediatamente parar de fazer conjeturas sobre qualquer assunto, seja a respeito
de política, religião, cultura, ideologias e até mesmo o lazer. Ele sugere que
coloquemos um ponto de pausa em todas as flutuações de pensamentos que pululam em
nossas mentes arredias. Receita, claramente, que façamos meditações
transcendentais. E explica o que é este processo: a entrega total ao silêncio,
ao recolhimento como primeiro ato: “Você procura chegar ao chamado ‘ponto
zero’; para facilitar, usa um termo chamado mantra, que repete com o intuito de
afastar ideias que vêm de fora, nem se sabe de onde. Faça tal concentração no
nada pelo menos duas vezes ao dia durante vinte minutos em cada espaço de
tempo”.
“Esvazie sua mente. O pensamento não é seu, ele vem de fora e se
intromete em sua vida para perturbar o seu merecido sossego. Desconfie disso e
se torne senhor do que entra e sai nesta e desta mente. Em seguida, o ET
explica que você precisa, depois de ter a mente despoluída, adotar uma nova
forma de viver, de captar os pensamentos, de saber encaminhá-los a um lugar
próprio como se fosse um arquivo.
“Uma busca inicial se resume nisto: a causa de tudo”; porque,
vocês, humanos, precisam entender que não há efeito sem causa”. Eis aí o
segredo inicial de todo o processo. E pergunto ao ET: é possível viver sem
saber a razão da vida? Ele responde secamente: “Impossível!” (e me faz usar o
ponto de exclamação) Esta a palavra: a vida se torna uma aventura quando não
sabemos o seu sentido, o seu porquê, não temos a sua real explicação”. Mas, como? —
questiono. Ele responde: “Já lhe dei a ideia da meditação. Seria um começo.
Mas, evidentemente, há outros caminhos a serem percorridos como, por exemplo, a
oração, qualquer tipo de recolhimento na busca, inicialmente, do nada, do
‘ponto zero’”, conclui o ET.
Aqui se encerra o primeiro
reencontro com o ET. Ele se dispôs e falar mais vezes, demonstrando autêntica
solidariedade ao nosso interesse de melhorar. Volta a explicar: “Se você sente
uma dor qualquer que lhe incomoda, normalmente vai ao médico; esse começa a
agir em busca da causa; ele pode aliviar a dor receitando-lhe paliativos, mas só acaba com
ela quando souber o porquê de sua existência, quando é iniciado o combate à
origem do mal. Guarde isso para que você entenda que todo e qualquer problema
que existe aqui neste planeta tem um motivo e o motivo principal é aquele que
reside na razão da existência. Depois falamos mais. Siga com calma porque o
santo é de barro.
Até mais!”
José Sana
19/01/2019
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