Amigos, ajudem-me, por favor, estamos no ano 2020, não? Vivemos no
Terceiro Milênio da civilização humana na face do Planeta Terra, não?
Mas ontem, 21 de agosto de 2020, sexta-feira, tive uma sensação
esquisita, ou até saudosista, de que
estávamos na Idade Média, para não dizer na Pré-História. Anotem a mensagem que
recebi e que me deixou meio perdido no tempo, depois deprimido:
“A Rede Municipal de Ensino de Itabira, vai iniciar a partir do
dia 24/08, segunda-feira, a transmissão das aulas por meio das ondas da rádio
Itabira 770 AM.
De acordo com
levantamento feito pela Secretaria Municipal de Educação, 146 famílias ainda
não dispõem de rádio, ou qualquer outro meio, para ouvirem em casa essas aulas.
Assim, a Fide e
a EFG/Itabira se uniram em prol destes estudantes e solicitam, a quem puder
ajudar com a doação de um rádio, frequência AM, novo ou usado em boas condições
de uso, que leve a sua doação até dia 28/08 (sexta-feira) à Secretaria
Municipal de Educação (gabinete do secretário ou na Superintendência
técnico-pedagógico) - Rua Jacutinga, nº 5 - Campestre".
Releiam vocês a
mensagem acima descrita: “146 famílias ainda não dispõem de rádio, ou qualquer
outro meio, para ouvirem em casa essas aulas”. Depois pude apurar que a maioria
absoluta dos “sem rádio” mora na zona urbana.
Volto ao início
deste texto: estamos quando mesmo? A invenção do rádio é atribuída ao italiano
Guglielmo Marconi no século XIX. No Brasil, a primeira transmissão ocorreu em
1923, por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize.
O rádio é a
união de três tecnologias: a telegrafia, o telefone sem fio e as ondas de
transmissão. São quase cem anos que ele já era popular no nosso país. E voltemos
a refletir: centenas de famílias, ou milhares, porque a pesquisa se fez com
alunos da Rede Municipal de Ensino, não o têm, ou não o conhecem. E somos da
grande Itabira, de Carlos Drummond de Andrade, da velha e poderosa Vale do Rio
Doce, e governados por uma Prefeitura que está entre as que mais arrecadam
impostos no Brasil. E gasta à revelia com bulhufas.
Depois do rádio,
ocorreu uma quarta ou quinta revolução industrial. Veio o telefone sem fio,
estabeleceu-se como popular a televisão, apareceu a internet e com ela redes mais importantes de comunicação no
mundo. E 146 famílias de Itabira entre alunos da Rede Municipal de Ensino não conhecem
o rádio, ou só o veem em poder de “poderosos”.
Amigos, vamos
deixar esse enxovalho de lado, pelo menos por enquanto e atendermos o pedido da
Fide e da Escola do Sebrae. Vamos esquecer o nosso atraso. Vamos somente
pensar no seguinte: um rádio comum custa R$ 80,00 x 146 unidades = R$
11.680,00. Exemplificando, a Prefeitura de Itabira gastou R$ 14 milhões de
verba federal para combater o Coronavírus. Mas não tem essa Prefeitura 12 mil
reais, valor do salário de um mero secretário, e a metade da remuneração do
prefeito, para adquirir rádios para alunos carentes, obrigados a estudar em
casa por conta desse maldito vírus Covid-19?
Abro um
parágrafo para dizer que objetivo destas linhas é pedir a você que me lê, que
faça o seguinte, por favor: adquira um radinho e entregue-o no local
determinado para as famílias carentes.
Elas vão ficar felizes porque você contribui para a educação de muitos meninos
e meninas.
Fechando o
parágrafo, quanto à realidade que nos atinge em cheio, desisto, acredito
estarmos mesmo numa civilização
retardada, acordei na Pré-História. Por isso, vou, ao lado de cidadãos sensíveis,
aguardar uma nova invenção. Não do rádio nem de mais nada, de tecnologia
nenhuma, mas apenas da vergonha na cara,
que ainda não chegou por aqui.
José Sana
Em 22/08/2020
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