A culpa foi de
Drummond pela popularização do nome e do apelido. Quem hoje vir a Itabira e
gritar em uma qualquer praça pública o
nome de Antônio Alves de Araújo, se não chamar a atenção, basta repetir assim:
“Tutu Caramujo” e até os cães vadios que
ladram nas esquinas, açougues e mesmo bancos, empinarão as orelhas num sinal de
“entendi”. Somando ao fato de que metade dos itabiranos já tem complexo de
vira-lata, está formada a confusão.
Tutu Caramujo
está no poema “Itabira”, do poeta da terra, Carlos Drummond de Andrade,
imortalizado como um cidadão, que foi vereador, presidente da Câmara, mesmo
cargo de prefeito na época (1869-1872), como uma representatividade de
quem não crê no futuro feliz da cidade.
Ele se encarna no pessimista de carteirinha destas montanhas minerais.
Bem, agora nos
reportamos a um caramujo, ou uns caramujos, ou melhor, a milhões ou a até
bilhões de caramujos que invadem Itabira de forma avassaladora, tal como em
1945 as tropas aliadas entraram arrasadoramente nas ruas de Berlim, no desfecho
da Segunda Guerra Mundial. É a terceira vez que esses moluscos escolhem a terra
drummondiana para seu pouso interino ou definitivo, causando sua guerra de
moluscos destruidores.
Caramujo é a
denominação vernácula, em português, para várias espécies marinhas e
não-marinhas da classe Gastropoda, possuidores de brânquias ou de pulmões. Vou
agora dar o endereço residencial deles, de onde partem em debandada pela região
para o ataque mortal a plantas e ameaças à saúde dos humanos: Esplanada da
Estação com Bairro 14 de Fevereiro, local central de reuniões e gritos de
guerra.
Completando a
área paralela das avenidas Duque de Caxias e Mauro Ribeiro, existe um beco todo
florido, obra do vereador Neidson de Freitas no mandato municipal passado, hoje
mantido às custas dos moradores do Condomínio Esmeralda situado na vizinhança.
A
Secretaria de Meio Ambiente já foi avisada. Provavelmente, dada a sua
responsabilidade, também a de Saúde. Enquanto nenhuma providência é tomada, os
moluscos desafiam até o trânsito de ambas as vias importantes, sobem nas
paredes de casas e prédios, e tornam marrom todo o chão da passagem.
Espalham-se pelas vias da cidade, tomando conta de tudo e, incrivelmente,
poucos seres humanos veem. Motos,
ilegalmente, voam no conhecido Beco do Caramujo
e destroem o que lhes aparece pela frente.
Segundo
os moradores das proximidades, inclusive eu, já cansados de fazer apelos, o
risco é que queiram promover mais festas
incontidas, pós-pandemia, no tal beco, engrossando as realizadas no Paredão e
no Parque de Exposições. Enquanto isso, “só, nas portas de vendas, os Tutus
Caramujos cismam na derrota
incomparável”.
Teremos
um futuro de solidão, parados em portas de botecos e derrotados? Não creio
nisto.
José
Sana
Em
25/11/2021)
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