Esta é a conclusão a que chegará o homem atual, chamado de inteligente e sábio, que não passa de um animal racional em busca da evolução: o amanhã começa ontem. Parece ser um título de filme comandado por este quase irracional que fracassou bisonhamente e por ele estou sendo arrastado. O mundo corre a mil por hora, mas não chegou, obviamente, a lugar algum. Descobertas fantásticas, tecnológicas, avanços incríveis na área das grandes projetos. Uma amiga do facebook comenta que um celular no fundo do mar, fotografando e gravando imagens é o cúmulo das conquistas tecnológicas. Mas eu pergunto: para quê? A que chegamos? Qual é, realmente, o grande avanço?
Nada
resolvido. O que interessa ao homem é o seguinte: — A morte é ou não é o fim do
ser humano? — Ou a morte é o princípio
de tudo? — Ou o que somos não passa de
uma grande ilusão? — Ou a verdade é apenas uma miragem? — Ou precisamos desenvolver outra faculdade, quem sabe o sexto sentido, para desvendarmos os
mistérios desta vida? Qualquer que seja a verdade descoberta algum dia, temos
que concluir que a vida não passa de um desafiante quebra-cabeças.
Que
culpa tenho eu? — questiona o poeta e cantor Altemar Dutra, quando se declara
totalmente afastado do contexto das decisões. Nada fiz, mudando o rumo do
poema, por que será que vim parar aqui neste mundo? Eu poderia ser João ou
Mané, Joaquim ou Maria, Sebastiana ou
Firmino, Geraldina ou Antonieta, mas sou José. E não sei o porquê. Qualquer que
fosse a conclusão, estaria no mesmo estágio de questionamento. A importante
vida nunca, jamais, poderia ser uma ocorrência por acaso. Se foi assim, sem
sentido, então o seu mérito foi
exterminado no meio do caminho.
A
vida não tem importância e nada vale.
Qualquer ser humano gostaria de dizer isso mas tem medo. Veja só: acredito que muitos suicidas procuram
saber o que há depois da morte. É uma excêntrica aventura para que saiba a
verdade. Mas, acredito que ao chegar ao outro mundo, simplesmente não se aporta a lugar algum. Permanece
perdido ou inconsciente até lhe ser dada a oportunidade da regeneração. Não tem
lógica alguma o medo do ser humano, de
morrer, de padecer, de aparecer em outra vida com milhares de problemas ou
dívidas pendentes. Repetiria a frase: que culpa tenho eu?
No
meu Juízo Final, que escrevi aos 11
anos, cheguei ao tribunal e desafiei as suas normas. Não tenho culpa por estar
vivendo. Não sei por que me colocaram
neste mundo. Não me deram uma função para executar. Estou mais perdido que cego
em tiroteio. Por que não me disseram:
você tem que lutar pelo Cristianismo, ou pelo Budismo, ou pelo ideal Muçulmano? Mas me deixaram à
deriva num navio trôpego e sem bússola. O
que pude fazer foi, simplesmente, seguir o intuito, os instintos, os
conselhos, sem, absolutamente, nenhuma
orientação segura.
Agora
aqui estou e pergunto: o amanhã começa agora, ou começou ontem, ou será que
amanhã ocorrerá a sua partida? Mas algo me diz
que estamos atrasados, o amanhã
começa (e não começou) ontem. Temos que
tomar consciência do agora, do já, é preciso fazer e entender que ou vamos à
frente ou seremos definitivamente destruídos.
José
Sana
(Texto escrito e publicado em 2 de
fevereiro de 2014. Reeditado em 19/03/2022 por um motivo qualquer)
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