segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Memórias Assombradas Capítulo 2 — A LOIRA DO CAMINHO NOVO

O tempo passou, mas os fatos de outros mundos continuaram atuais. A Loira do Parente, que deu sopa no centro da cidade no início de 1945, em  história contada pelo saudoso Marconi Ferreira, acabou dando a entender que retornava 40 anos depois, agora para outro funcionário da própria Vale, um motorneiro da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), solteiro, 25 anos, frequentador de zona boêmia, nos locais chamados Sozinho, Maria Escurinha, Zezé e outros meretrícios menos frequentados.

José Queiroz, a vítima, ou o contemplado. Nem podia ser outro, Queiquei, ou José Dimas de Queiroz, este o nome dele de cartório e pia batismal, é o personagem de hoje. De vez em quando o chamavam de Queiquei, que usurpava a coragem dos amigos por meio de cachaça, vodka, uísque que bebia do copo alheio. Ultrapassava a linha divisória da razão a ponto de realizar algo que ninguém imaginava: desafiar almas do outro mundo.

Ele, Queiquei, não se aquietava e se dava a aventuras até nas beiras das lagoas da cidade, em número de 15. Encontrava sempre surpresa  em cada barragem construída faz longos anos pela velha Companhia Vale do Rio Doce (na foto acima, uma visão sua na Barragem do Pontal.

Zé Queiquei tinha o dom de fazer muitos amigos, mas com uma ressalva. Seu fraco, ou forte, como ele dizia, era sexo, mulher, até esporte, futebol que não o interessava tanto. Como exemplo, tinha uma camisa do América Mineiro, só, às vezes dizia que era americano porque seu pai tinha uma certa simpatia pelo time verde. Ultimamente algo que tomava o tempo de Queirozinho (era assim que seus pais o tratavam, além de Queiquei) a visão de uma mulher alta, loira, bem-vestida, de saltos altos, de passos elegantes, bonita, bem maquiada, lábios carnudos como requer a moda, no meio das pedras e terras, nas madrugadas (precisamente à meia-noite). Ela o olhava cada vez com mais força nos olhos, detidamente, e desaparecia na mesma curva.

A  curva era da rua Prefeito Virgilino Quintão, caminho do bairro Água Fresca, passando pelo antecedente, Cônego Guilhermino. Queiroz não suportou guardar para si o seu segredo, contou a um amigo , Joaquim Fujico, este o tarado, cujo caso seremos obrigados a focalizar em breve, vamos estudar, a história de uma mulher diferente que vagou pelo bairro Penha.

Mas voltemos à loira de Queirozinho, atraente, que tirava a paz de nosso personagem, ele conta, primeiramente, para seu amigo Fujico, cujo segredo era mais marcante. E o caso caiu no conhecimento até de medrosos e mais velhos que evitavam falar de fantasmas. O caso da Loira do Caminho Novo já parecia o retorno da Loira do Parente, comentavam antigos frequentadores da Avenida Martins da Costa, em frente a sede da Banda Euterpe Itabirana.

“Não pode ser a Loira do Parente”, protestou a unanimidade da  roda de cerveja em um  bar próximo ao meretrício. Um mais eloquente, Mané Rapadura deu até um murro na mesa que quase caiu e entornou as bebidas. Rapadura, amigo de Sônia Doida, repetiu tanto que até Joãozinho, do João XXIII, que já estava “chapado”, questionou: “Por que não? Pode ser, uai!”!

 A resposta veio com ar de gente que conhece a fama de Itabira, tanto a história quanto a fama, que calou os demais, a partir da boca de Geraldo Majela (com j mesmo, alertava ele): “Porque são passados quase 80 anos que a Loira do Parente dançou e desapareceu e nesse tempo, ela já padeceu no inferno ou no purgatório, ou no céu”.

Silêncio total no ambiente do bar e fora dele , cujas cadeiras se arrastavam pela esquina da Virgilino Quintão, ocupando parte  da rua Turquesa, até que pintou no local o primeiro, ou talvez o único privilegiado que via — de ver com os olhos —  a Loira do Caminho Novo com assiduidade. Ele, cansado de ser procurado pelos curiosos para narrar o caso, naquela noite de fim de século, resolveu abrir o verbo. E que verbo, até uma frase que parece um pleonasmo veio de um participante: “Olha pra você ver!”

O sujeito que talvez tenha espiritualidade profunda deixou a sua opinião sincera: “A mulher que vejo sempre não é do Além neca nenhuma como foi o caso contado pelo “Menino da Mina”, o Marconi. A loiraça que observo todos os dias: ou de  saias compridas, ou de short, dependendo do clima, frequenta salões de beleza por aí, faz sempre  unhas e maquiagens, usa batom  avermelhado, combinando com alguma roupa do corpo, não é manjada como algumas da vida, tem os cabelos pintados de cores variáveis e, o mais interessante é que  sorri sempre com um ar otimista e me cumprimenta com muita simpatia...” — esclareceu o “privilegiado’ rapaz,  gabando-se do seguinte: ambos estariam apaixonados.


“O incrível é que a Loira nunca subia o morro se eu não estivesse indo para casa, jamais a vi  em outro horário senão naquele tempo em que Machado de Assis contava suas assombrações. Isso me deixou um pouco desconfiado” — afirmou Queiroz.  Já levei amigos até o alto da rua, dobrando a esquerda sempre, acima do Premen, desaparecendo no Cemitério da Paz, mas só eu consigo ver. Quando o coveiro está por lá, adeus, Loira, ela some”.

Assunto encerrado naquela noite, José Queiroz resolveu demorar um pouco e subir para casa por volta de 23 horas e tanto, quase meia-noite. Fez hora num outro bar que, de olho no relógio, tomou o rumo de casa. Viu a Loira chegar junto dele depois da passagem do trem acima do túnel. E ela parecia iluminada, risonha, a tudo atraindo na sua perspectiva. 

“A Loira existe”, pensou consigo mesmo. E mais surpreso ficou ao manjar os longos  braços que o  entrelaçaram carinhosamente o pescoço e o puxavam para junto de si, fazendo-o sentir um perfume super agradável, logo ele que detestava muitas fragrâncias comuns. Queiroz suspirou. O casal  caminhava na subida, beira da calçada, até que ele resolveu soltar a sua voz, depois de ouvir e vibrar com a voz fina, de menina nova, a frase que ficou gravada como inesquecível em sua memória: “Querido”.

“Queiquei, sou sua”, continuou a Loira, fazendo estremecer nos seus 25 anos que pareciam de adolescente. Ela mesma adiantou o que ele mais sonhava: “Somos da mesma idade”.

Então, emocionado, José Dimas soltou a voz: “Te vejo muito aqui, subindo esta rua, você vem sempre à meia-noite... Me estranha demais.  Não tem medo de algum louco ou até mesmo qualquer bandido a atacar, pois é nova e bonita?”

A loira não teve  o receio de dar-lhe uma resposta e fê-lo com relativa simplicidade, retirando o braço de seu ombro, mostrando que estava de axilas depiladas, que era higienicamente caprichosa como a sua beleza:

“Não, menino, não tenho receio de ser agredida”.

“Não tem?” — retrucou Quim — Me explica de onde vem essa coragem!” 

“ Quando eu era viva, sim, era medrosa, hoje, não”!

Nesse momento houve o desmaio. Do rapaz, sim. Que acordou dentro da ambulância do Samu quando era encaminhado para atendimento no Hospital Nossa Senhora das Dores.


Zé do Burro



Imagens: Arquivo pessoal

P.S.: As loiras que andam por aí  podem desconfiar, que sejam  personagens deste conto, mas que fiquem sossegadas, ainda vou revelar o nome dessa, quando era viva.Eu só aviso: sejam condescendentes e não ataquem o Zé do Burro que isso pode estourar.

(Continua no Capítulo 3)


sábado, 14 de dezembro de 2024

MEMÓRIAS ASSOMBRADAS

 (Capítulo 1 — A Loira do Parente)


Itabira ainda vivia ás sombras da montanha de ferro, os anos eram fim da década de 1960 e início de 1970. Gente de todas as partes do Brasil aqui chegava à procura de dias melhores. Era um momento ímpar na história da cidade, culturas diferentes e novos costumes foram trazidos nas bagagens daquela nova gente. Algumas famílias assustadas com todo aquele movimento, resolveram mudar para Belo Horizonte.


A cidade, antes pacata, experimentava naquele momento uma vida noturna agitada. Os clubes tradicionais como Atlético Itabirano e Valeriodoce, promoviam seus bailes os quais eram frequentados apenas pelos associados. No Clube Atlético Itabirano a elite predominava. O Valeriodoce disponibilizava três salas de baile, Sedinha do Explosivo, do Campestre e a antiga sedinha do bairro Pará.


Doutores, chefes e piões frequentavam os locais. Era explicita a divisão de classe. Afinal o clube era mantido pela mineradora. Os principais bares da época era, Columbia, Lunik, Botafogo e Olintão e Mundico. O famoso bar do Mundico localizado próximo a ponte da Rua de Baixo era o mais frequentado por servir uma saborosa comida. Nos anos 1970, novos bares foram surgindo, "Barricão", "Cequisabe", "Balaião", "Fuji", "Potoca", "Nilo" e "Mirante" .


Havia também parte de uma rua que era denominada baixo meretrício. Local conhecido como "Água Espaiada", "Girola", "Fonte da Pedra", "Senta e Deita", "Largo da Madame" ou "Ponto de Briga". Na Avenida Martins da Costa, próximo ao Castelinho, em um sobrado, funcionava um bar denominado Parente, onde todos os fins de semana eram realizados bailes. A casa ficava sempre lotada. Era opção para os não sócios dos clubes e aqueles que não ousavam frequentar o baixo meretrício.


As pessoas que ali freqüentavam relatam o seguinte episódio. Em certa noite, foi notada a presença de uma bela mulher, trajando um vestido negro com um xale branco com detalhes vermelho, trazendo nas mãos uma bolsa pequena de cor roxa. Os cabelos eram longos e loiros.

Muitos perceberam que ela entrou no salão com a cabeça baixa, sem olhar para ninguém.

Assentou-se em uma cadeira próximo a uma mesa perto da entrada principal. A presença da jovem chamou atenção de vários rapazes ali presente. O encanto foi geral.

Também despertou ciúme nas mulheres assíduas frequentadoras do local. Certo rapaz encantado pela delicadeza e a beleza da jovem, depois de muita insistência ganhou sua atenção.


Fez o convite para dançar. Foi prontamente atendido. Todos os olhares voltaram para aquele belo casal. Assim que o jovem ofereceu as mãos para iniciar a dança, sentiu que a jovem estava totalmente gelada. Aquilo chamou a sua atenção por alguns minutos, mas na empolgação do momento não relevou aquele fato. Dançaram algumas músicas sem trocar olhares e conversa. Assim que o relógio do salão tocou 23h45min, a jovem apressou em retirar daquele local. Fez um sinal com a cabeça, apontou para a entrada principal e desceu a escadaria ligeiramente.


O jovem não entendendo aquela atitude a seguiu a distância pela avenida. No escuro da noite percebeu que ela havia entrado na rua que da acesso ao cemitério do cruzeiro.

Continuou seguindo. Assim que a jovem aproximou do portão principal do cemitério, desapareceu.Sentiu novamente um frio intenso e entrou em pânico. Voltou rapidamente para o salão do Parente. Ao entrar no salão, todos perceberam que algo de errado havia acontecido com aquele jovem. Assustado relatou o fato com os amigos.


Muitos não acreditaram na história, outros sim. O jovem voltou para casa, tenso e perturbado com o acontecido. Foi uma noite terrível. Não conseguia pregar os olhos.

Para complicar, uma coruja cantou durante toda a noite na laranjeira do quintal de sua residência.Aquilo o deixou ainda mais apavorado.Não teve forças para trabalhar naquela manhã. Estava confuso.Resolveu levantar e procurar algumas pessoas que residem nas imediações do cemitério do cruzeiro para obter algumas informações.


Deu detalhes precisos da característica da tal mulher. As poucas pessoas que residem nas proximidades da necrópole não sabiam quem seria, jamais teriam visto a tal donzela. O jovem resolveu entrar no cemitério entendendo que a paz do local poderia contribuir para um ordenamento em sua mente.

Ajoelhou-se diante da cruz principal clamou a Deus em voz alta o que fez acordar o coveiro que dormia entre os túmulos curando uma ressaca da noite anterior. Em seguida parou diante do jazigo de seus familiares, rezou uma dezena de Ave-Marias.


Aquilo acalentou um pouco a sua alma. Naquele instante algo o chamou a atenção. Ao lado do jazigo de sua família, havia uma sepultura abandonada, e os números estampados na cruz ali colocada, datava um falecimento em 10-01-1945. Era um sepulcro de uma mulher. Aos pés da cruz encontrava-se um oratório corroído pelo tempo. Em seu interior, podia observar uma fotografia amarelada, empoeirada de partículas de minério.


Não conteve a curiosidade, quis observar de perto de quem seria aquele retrato. Soprou a poeira, e um rosto apareceu nitidamente. Para seu desespero e susto, o rosto era da bela mulher que ele dançou na noite anterior no salão do Parente. Desfalecido, caiu por terra.


O coveiro imediatamente chamou o carcereiro que fazia plantão na cadeia pública ao lado e o encaminhou para Hospital Nossa Senhora das Dores. O jovem ficou algum tempo em estado de choque. O acontecido ficou registrado na história de Itabira como o caso da Loira do Parente.


Marconi Serafim Assis Ferreira (in memoriam/ de seu livro "Menino da Mina"/2020)

(Continua no próximo capítulo)

domingo, 1 de dezembro de 2024

“Como vencer um jogo de futebol e ser campeão sem fazer força”

 


Uma receita sem precisar de livro nem de mais de 15 minutos para resolver a seguinte equação: como vencer uma  Libertadores da América, em poucos segundos, com mestre

  

Se aqui estivesse, Dale Carnegie me faria um favor, isso eu o obrigaria: ir ao Estádio Mâs Munumental de Nuñes e dar uma palestra de alguns minutos para os jogadores do Clube Atlético Mineiro que perdiam para o Botafogo por 2 a 0 no primeiro tempo da partida que apontaria o campeão da América de 2024.

 

Ele  não escreveria um livro assim chamado “Como ganhar uma decisão da Libertadores em 45 minutos sem fazer força”. O livro seria uma palestra apenas teria 12 minutos  de duração. O Galo voltaria ao campo e enfiaria um, dois, três e quantos gols quisesse no clube da estrela solitária. Éverson, cujo capeta encarnou em si para cometer um pênalti, não jogaria, a não ser nos minutos finais, para defender uma única bola que foi ao seu gol; Lyanco seria imediatamente sacado do time; entrariam ou Saraiva ou Mariano em seu lugar. O Galo teria apenas dois zagueiros — Júnior Alonso e um outro qualquer, talvez nenhum; meio de campo nem precisaria, seriam escalados Hulk, Paulinho, Deyverson, Vargas, Alisson e Alan Kardec, todos correndo atrás da bola como de um prato de comida no meio de uma terceira guerra mundial.

 

Carnegie, no vestiário do intervalo, nem contaria o número de jogadores porque ele também nunca entendeu de futebol, nem do americano, nem basquete e nem vôlei, nem cuspe à distância. Ele diria: “Complete aí e o resto deixe por minha conta porque não tem como perder nem uma pelada de casados x solteiros.

 

E olhem que Dale Carnegie, transportado de helicóptero pelo dono da SAF atleticana,   estava em Maryville, Missouri, Estados Unidos, onde nascera e vivia ainda, ele adiou a morte de 1955 até mostrar que resolvia casos de futebol também porque seria moleza, só o tal de Milito não via, não enxergava, não sacou.

 

E se lhe perguntam de quanto seria o jogo, o famoso escritor abriria para palpites de cada jogador, seria chamado Hulk que daria o número de sua camisa, 7 para simbolizar os 7 a 2. O terceiro chute seria defendido por Éverson, que acordaria do pesadelo provocado na massa de 100 milhões de atleticanos, segundo as pesquisas fajutas ou não.

 

E tome vergonha na cara quem participou deste jogo e entregou o ouro ao bandido!

 

José Sana

01/12/2024

Foto: Redes Sociais


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

MAIS UM ITABIRANO SE FOI MAS DEIXA ESPERANÇA

 

José Celso de Assis (o primeiro da direita para a esquerda): memória para sonhos e certezas itabiranas


 Faleceu hoje em Itabira meu ex-colega vereador José Celso de Assis. Uma grande perda, homem do povo dedicado principalmente aos mais necessitados. Não vou discorrer sobre a sua vida, seu trabalho, sua família, seus projetos e realizações. Outros o fizeram e muito bem.

Fui surpreendido, sim. Alguém me falara que ele andava um pouco adoentado. Adoecer na atual conjuntura é um costume quase normal, algo que se repete em várias famílias, não pelas imposições do tempo, mas, principalmente, pelo andar acelerado da medicina.

Tão logo se deflagou a pandemia da Covid-19, passamos a encarar a morte com mais coragem e até mesmo naturalidade. Zé Celso tinha um poder de encarar com calma e passividade os seus dias de vida.

Conheci José Celso na campanha eleitoral de 1976. Disputávamos ele o primeiro mandato, eu o segundo, de vereador. Fomos eleitos sem nenhuma pretensão financeira ou mesmo o desejo de algum dia abocanharmos algum quadro importante na vida pública. O vereador não tinha sequer planejamento de ser quem sabe secretário, prefeito ou vice-prefeito. Havia um desprendimento e uma fixação saudáveis.

Naquele período havia, sim, uma preocupação com o futuro. Em 1973, em meu primeiro discurso, ataquei de frente a necessidade de criarmos fontes de receita para o município já prevendo a exaustão das Minas. O prefeito de 1973 a 1976, Virgílio José Gazire, havia instalado a Fermag, que continua na cidade; de 1976 a 1982 Dr. Jairo Magalhães Alves tratava de implantar o Distrito Industrial que, nas épocas seguintes foi fortalecido por Luiz Menezes, Li Guerra, José Maurício Silva e Ronaldo Magalhães, muitos desses entrosados com o maior projeto de todos os tempos, hoje abandonado, do I.tec, Porto Seco e Aeroporto Industrial.

Numa data especial estávamos na Capital Federal. Exatamente em 31 de janeiro de 2005, foram a Brasília a comitiva chefiada por José Santana de Vasconcelos (deputado federal), João Izael Querino Coelho (prefeito de Itabira), Renato Aquino Faria Nunes (reitor) e composta também por Carlos Henrique Silveira (secretário de Obras), Gilberto Magalhães (secretário de Governo) e vereador José Celso de Assis (presidente da Câmara Municipal).

Eu estava lá. Fui, sim, a convite do deputado federal José Santana de Vasconcelos, que iniciaria seu décimo mandato de parlamentar federal e havia agendado uma audiência especial e decisiva com o então vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva. Naquela data (31/01/2005) foi definitivamente sacramentada a arrancada da Unifei, considerada a principal iniciativa educativa e econômica para o futuro itabirano. Está paralisado o empreendimento, mas dele se espera uma nova postura do prefeito atual em seu segundo mandato.

Já disse, no  início, que a biografia de José Celso merece longas páginas, extensas linhas, um livro de dedicação. Por isso, cabe-me agora somente descartar a participação dele e de outros membros da comitiva naquele dia importante da história itabirana.

José Celso de Assis sobe mais um importante degrau na vida. Sua memória religiosa e exemplar, haverá de interceder a Deus, pelo nosso futuro. E esse era, é e será o seu tom de trabalho para além da vida e para além da morte.  Que fique a esperança nos sonhos dele, o apaziguador, o semeador de esperança e o que ele pôde transmitir para seu neto, vereador que segue os seus passos, o querido Rodrigo Diguerê.

José Sana

Em 20/11/2024

Foto: José Sana (com muita honra

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

ATENÇÃO: BURACOS ITABIRANOS ESTÃO DE VOLTA E SÃO DURÍSSIMOS NA QUEDA

 


Percorri ruas, avenidas e becos de Itabira, e pude gravar alguns diálogos entre eles, os orifícios sem fundo cuidaram nomes ou números para si próprios

 

O termo buraco talvez existisse  antes das grandes navegações portuguesas. A origem é controversa, embora, provavelmente, se ligue de alguma forma ao verbo latino forare, “furar”, Mas sou obrigado a contestar todos os dicionários, inclusive o Latim, e a conclusão é uma só: quem inventou o buraco foi, comprovadamente a Companhia Vale do Rio Doce, nome antigo, hoje chamada simplesmente Vale, ou Vale S.A., vale muito para alguns e vale nada para outros.

 

Quando a Vale chegou a Itabira só existiam morros e matas, ou alguns monumentos, como a Igreja do Rosário e casas merecendo ser tombadas pelo ainda inexistente Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

 

Para mudar tudo, a chegaram várias empresas. Ninguém acreditava que a ideia da existência de minério de ferro em abundância e qualidade fosse se transformar numa parafernália buraqueira. A etimologia trouxe várias informações e, por incrível que pareça, um parentesco bem perto com o termo advindo do japonês “buraku”.

 

Estou falando desses  furos, que eram normais, fazia-se uma perfuração para alicerces, curta abertura  apenas para sustentar, por exemplo, o muro de arrimo, a rachadura. Os donos das palavras, sempre começando por neologismos, deixaram entender que seria preciso acompanhar um diálogo, ou muitos bate-papos, para se entender onde vão chegar as descobertas.

 

 Concluindo, antecipadamente, e repetindo, quem inventou o buraco foi a Vale mesmo, não adianta fugir do pau. Pronto, parágrafo fechado. Lembrando que Danielle Miterrand esteve em Itabira em fins de 2011, fotografou e quase desmaiou diante das super crateras, com ângulo de cima para baixo. Agora o seguinte: por que esqueceram de inserir na história itabirana esse feito inédito da histórica participação da mineradora renomada internacionalmente?  

 

Aberta a fenda inicial, a fome de riqueza chegou, depois, a ganância e a certeza de que na escavação estava o futuro, não de Itabira, mas dos exploradores. Arrancaram o minério de ferro e pronto. Agora as frestas se imortalizaram: ocuparam e ocupam praticamente todas as ruas itabiranas. O maior furador de gretas chama-se Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e depois os demais autores, como politicagem, safadeza, esperteza. 

 

Os buracos itabiranos conseguiram enricar os principais tatus de fora da cidade. Vieram sem nada, de bolsos vazios e furados e saíram estufados de notas de 50, 100, 200, não apenas reais, mas dólares, euros e libra esterlina.

 

Deitaram e rolaram. Estou esperando a informação dos vereadores, eles que se virem em apresentar as contas, essa separadamente: quanto ficou o total dos somatórios das crateras tapadas às pressas? As eleições chegavam e saíram tudo na correria?  E para provar que os orifícios urbanos estão de volta, basta dar uma voltinha, não de carro, mas pode ser a cavalo porque assim dói menos.

 

Percorri as ruas, avenidas e becos de Itabira, e pude gravar alguns diálogos entre eles, os orifícios sem fundo cuidaram nomes ou números para si próprios. Acompanhe apenas um pequeno trecho:

 

BURACO NÚMERO 1 — Oi, você aí, BURACO 98, onde está morando?

BURACO 98 — Estou na Rua Platina, Bairro Major Lage de Baixo, mas hoje, depois de quase três meses de existência, resolveram me tapar com blocos de concreto.

 

BURACO 1 — Estou aqui pensando num coitadinho que está localizado na Rua Água Santa, esquina com João Rodrigues Bragança. Muito movimento em cima dele, informam-me que está gemendo de dores.

 

BURACO 3.202 — Não vou nem comentar nada de meu sofrimento porque devido ao número elevado, estou me sentindo com vergonha. Eu sou apenas um, mas estou valendo exatamente o número que me deram. Algumas pessoas me chamam de Percival Farquhar, nem sei o motivo, espero que me expliquem. E existem o Micaria, o Rogerinho e Carlinhos.

 

BURACO 3.202 —  Olha, seu Percival, eu aceito o desafio que dá. Percival Farquhar foi o primeiro estrangeiro que lhe arreganhou para o mundo. Você é o mais famoso, o pioneiro, o primogênito. Parabéns!

 

BURACO  MISTER  ROBINSON — Estou feliz com o meu nome porque sou inglês e recebo um quinhão maior de dinheiro, meu número é vergonhoso, anote aí: 16.024.


E continuei anotando e apurando informações sobre esses buracos. Um geólogo, que não ser identificado, disse que os buracos de Itabira são originais da qualidade do solo. Mas alguns religiosos preferem culpá-los como praga deste mundo. 

E assim deixo as minhas informações que devem ir para registro em cartório.

Amém. 

José Sana

08/11/2024

Imagens: Redes Sociais

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

ITABIRA PODE TORNAR-SE UMA FÁBRICA DE PRECONCEITOS


Não sou advogado, não tenho procuração, nem sequer me encomendaram esta defesa, que considero fraca diante do que acaba de ocorrer


Qualquer cidadão que chegasse ontem (29) na Estação Rodoviária de Itabira e, como turista — a cidade recebe drummondianos para a semana do poeta — e fosse direto à banca de jornais e revistas, tivesse mais uns dez minutos para manusear o “Diário de Itabira” e lesse a seção “Pinga-Fogo”, pegaria em seu caderno de anotações e faria a seguinte escrita: “Itabira é terra de Drummond, que não conseguiu afastar-se do preconceito”.

 

O jornal retratou fatos sucedidos entre uma vereadora, que não estava presente — Rosilene Félix Guimarães — e outras amadas e seus seguidores. O visitante, ou turista, se fosse atraído também  por exemplos deixados por Carlos Drummond de Andrade, na certa daria meia volta, iria ao guichê e compraria um bilhete de volta ao seu local de origem.

 

DIRETAS  E  INDIRETAS

 

Enquanto isso, Rosilene Félix Guimarães, que é também advogada, foi conduzida a um campo de concentração nazista, onde, não se sabe a razão — se por ser vereadora oposicionista, mulher, negra, pode-se perceber pela Indefesa, ainda em pleno uso das prerrogativas de seu mandato, sem se importar com isso. Pelo contrário, Rose  homenageou as duas candidatas eleitas  na reunião anterior, elegantemente, Dulci Citi e Jordana Madeira, mesmo sendo metralhada. Que lição!

Relatou o jornal humilhações vividas pela “condenada” a uma inquisição itabirana, atacada por mísseis desferidos do front de guerra, inexplicavelmente, sem se saber que o alvo sofria de Machismo, Racismo, Sexismo, Homofobia, Bullying e todas as humilhações que estavam, com certeza, entaladas nos rancorosos participantes de um linchamento injusto.

Se o turista não fosse embora, resolvesse dar uma passada na Câmara Municipal, anotaria ou perguntaria, com certeza: “Quem é essa tal de Rosilene Félix, que  crime ela cometeu, matou mais que os nazistas na Segunda Guerra Mundial e por que estaria na  Lista de Schindler ou é apenas uma neo Joana D’arc, que aceita passivamente ser incinerada?”

 

E ficaria estupefato ao constatar que a Dra. Rose apenas cumpriu seu papel constitucional e regimental, de fiscalizadora do Poder Executivo, seguindo à risca as leis, trabalhou em CPIs e fez críticas ao desempenho do prefeito, usando a liberdade e a responsabilidade que a lei lhe confere.

 

Não somente Rosilene Félix compôs a equipe de oposição ao prefeito, mas outros vereadores como Neidson Freitas, Heraldo Noronha, Luciano Sobrinho, Rodrigo Diguerê, Júlio do Combem, Robertinho da Auto Escola, Sidney do Salão, Weverton Vetão e Tãozinho Leite e ela própria, num total de dez, maioria absoluta. E os ultrajes iam sempre em sua direção e fariam lembrar uma passagem bíblica: “Atire a primeira pedra...”

 

Caderno debaixo do braço, o visitante retornaria, sim, desta vez irredutivelmente, à Estação Rodoviária Genaro Mafra, onde reembarcaria em sua condução, carregando uma decepção jamais vista ou simplesmente  uma decisão: “Nunca mais volto aqui”.

 

“ITABIRANAS SUB-REPRESENTADAS?”

 

Ah, é preciso acrescentar que as informações do jornal partiram do Pontal Comunidade, da emissora Pontal, programa apresentado pelo radialista José Geraldo Rodrigues. Uma das expressões faladas e publicadas pelos adeptos das eleitas e por elas aquiescentes,  foram as seguintes: “... as mulheres itabiranas sempre foram sub representadas, agora sim, teremos representante que fará a diferença no Legislativo”.

 

Será que é permissível dizer que já passaram pela Câmara Municipal as vereadoras  Regina Maria Pinto Coelho (que foi até presidente), Edwiges Maria Barbosa e Silva Costa (Dona Dudu), Emerenciana Nitinha Drummond Lage, Maria José Pandolfi (que foi presidente), Vanessa Porto, Martha Mousinho, Marcela Cristina Lopes da Silva, Laudiceia, Cleonice e a própria Rosilene? Acrescentam-se agora, duas grandes “esperanças”, símbolo de independência, que são as elogiadas Dulce Citi e Jordana Madeira?

 

TEREMOS DEMOCRACIA?

 

É claríssimo que não, arrisco um prognóstico. Definitivamente não teremos liberdade de expressão daqui para a frente, considerando as manifestações que continuam sendo praticadas. Não mais se pode dizer que a barba do prefeito é branca alternada com preta, que ele dança bonitinho, que promete e até cumpre que é o único itabirano que bebe água limpa, que bateu o recorde na construção de praças. Faltará que um corajoso mande fazer uma placa e a afixe na entrada da sede da Câmara Municipal com o anúncio escancarado: “É proibido falar mal do Poder Executivo”.

 

Ódio, rancor, fúria — escolha você o que está passando desde a vitória magistral de 76% de frente no inesquecível 6 de outubro. E rasguem o regimento interno do Poder Legislativo até que o Brasil também não se torne uma republiqueta da Venezuela. É proibido também sequer pensar que ainda existe na Constituição a palavra Democracia. Liberdade, gente, nem sonhar.

 

José Sana

Em 30/10/2024

Foto: Redes Sociais

 

P.S – 1 : Não sou advogado, não tenho procuração, nem sequer me encomendaram esta defesa, que considero fraca diante do que acaba de ocorrer. E espero que alguém de bom senso faça deter a enxurrada de humilhações. Perder ou ganhar faz parte do jogo da eleição e que Deus ilumina tanto os vencedores quanto os vencidos.

P.S – 2 : Quem me conhece sabe o meu motivo real de tomar este partido de defesa: sou insuportavelmente contrário à injustiça, à ditadura, à tirania, ao preconceito.

PS – 3 : Enquanto não vem uma fábrica qualquer, mesmo de rapadura, a de preconceitos dá suas caras em Itabira, oficialmente.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

ENTREVISTA IMAGINÁRIA COM UM LEÃO


Ele é uma figura humana especial, mas  difere de nós pela sua coragem intimorata e decisiva tomada de medidas assim: “Eu quis ser prefeito de Itabira; depois quero a Presidência da República Federativa do Brasil”

 

Esta entrevista tenta clonar o cara que tem as seguintes iniciais — MAL — ideias avançadas do saudoso jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues ao apelar para o termo imaginário. Para o inspirador, essa ideia é a melhor possível, que acompanha a verdade. Imaginariamente, todo mundo fala a verdade. Nunca o ser humano diz o que pensa se postado diante de um microfone oficial, mas numa entrevista imaginária ele consegue atingir esse objetivo. O povo preza pela sinceridade.

 

Diferentemente do escritor nordestino, este autor – ZdB não é vigiado por uma cabra vadia, mas por duas figuras inseparáveis: o Bom Cabrito e Zé do Burro ou Burro do Zé. Quem faz as perguntas é o ZdB.

 

O local do bate-papo foi escolhido unanimemente: o Coliseu Itabirano, novo palco local do Pão & Circo. O horário de início é exatamente  meia-noite, quando as assombrações estão soltas, como garante o inesquecível, incomparável e imortal Machado de Assis. Eis a conversa:

“Adoro puxa-sacos”

ZdB — Por que os sapos se afastam quando chega um repórter perto do senhor?

LeãO — Sempre mando sapos saírem de meu convívio para não perturbar os contatos que tenho com a Princesa, paralelamente à minha conversa. Ela é minha orientadora oficial.

ZdB — Mas o senhor não gosta de puxa-sacos?

LeãO — Adoro os puxa-sacos, mas só para encontros rápidos e alternado ou em festas. Gosto de imitar o Daniel Grisolia, ser sempre carregado em triunfo. Não os tolero com a presença de outros capangas ou companheiro ou repórteres. Quem não gosta de ouvir que a barba está bonita, a inteligência afiada e que sou o melhor prefeito que Itabira já teve?

ZdB —  O senhor acredita nas declarações dos baba-ovos?

LeãO — Tranquilamente os admiro e, portanto, creio neles.

ZdB — Quem manda no senhor?

LeãO — Ninguém. Apenas recebo orientações em casa, na maioria das vezes debaixo do cobertor quando está fazendo frio e de um virol, quando o calor aperta. Mas, aviso a você, peço o favor de falarmos pouco de assuntos particulares.

ZdB — Um assunto que vai ficar para depois ou ser ignorado é este: questão pessoal. Mas foi o senhor que o focalizou. Só sei que a cidade inteira e os distritos sabem em quem o senhor confia. Vamos ao que interessa: você ama Itabira?

LeãO — Pergunta inteligente, parabéns!  Não só amo Itabira como mais de 76% de Itabira me adoram. Preciso dizer mais alguma coisa?

“76% declararam que sou bom gestor”

ZdB — Não precisa, mas quero saber se o senhor se considera um bom gestor?

LeãO — É claro que não só me reconheço como também o povo reconhece. Pelo menos 76% me declararam bom gestor. E bom festeiro.

ZdB — O senhor vai continuar reformando e criando praças, promovendo festas, consertando telhados?

LeãO — Sim, o meu fraco são as festas, já cansei de dizer e repetir isso. Jamais abandonarei as festanças. Pequenas obrinhas também terão a minha iniciativa e participação. Um marqueteiro já disse que sou o “prefeitinho das obrinhas”. Vou honrá-lo.

ZdB — Qual é a sua maior obra até agora?

LeãO — O tapamento de buracos e a reforma da Praça Dr. Acrísio de Alvarenga. Não são as melhores de meu governo apenas, mas de todos os governos de todos os tempos.

ZdB — O senhor acredita em Deus?

LeãO — Acredito e não acredito.

ZdB — Como assim?

“Pelo menos ainda não sou comunista. Tem problema?”

LeãO — Sou um herege declarado, mas banco o religioso fervoroso.

ZdB — O senhor é comunista?

LeãO — Por enquanto, não sou comunista. Agora, neste momento, sou socialista. O comunismo vem depois, agora não.

ZdB — O senhor confessa que trabalhou durante os quatro anos apenas para a sua candidatura à reeleição?

LeãO — Diga-me o que  faria se você estivesse no meu lugar?

ZdB — Eu seria mais discreto e menos escancarado. Ser prefeito é coisa boa? O poder faz bem ao coração?

LeãO — Sim. É o melhor medicamento para a saúde. Não me falta nada, comemos o que queremos, viajamos às custas do povo por nada; hospedamo-nos em hotéis de luxo; mandamos, todos obedecem. Temos muita água.

ZdB — Por que o senhor não investiu um centavo em desenvolvimento econômico?

LeãO — Ora, já afirmei que sou socialista, não cem por cento democrata e queremos que haja igualdade entre todos. A nossa meta é tirar mais da classe média para colocar na classe sofrida.

ZdB — Por que não tira da classe rica?

LeãO — Tiramos, sim, da classe superior, a esnobe, que não quer contribuir. Quem quer ajudar, vem se instalar com os ricaços, ganhará fortuna quem acreditar em nós. Mas queremos ter uma ilha, como Fidel Castro conseguiu e deixou para a família dele.

“Esse pessoal que temos aí  irá todo embora”

ZdB — Por causa disso abandonou a Unifei?

LeãO — Já disse que a Unifei é assunto federal. Onde já se viu o município ajudar o governo federal? Reafirmo que da prefeitura não sai um centavo para esse fim.

ZdB — E as casas populares? O senhor prometeu construí-las mas ainda não cumpriu a promessa. Neste segundo mandato atenderá o primeiro?

LeãO  Não farei isso. Até 2041 Itabira continuará se empobrecendo. Esse pessoal que temos aí irá todo embora. As casas que sobrarem, as ocuparemos com o tempo e não haverá em Itabira mais déficit imobiliário.

ZdB — O primeiro presidente da Vale criou o fundo de exaustão para socorrer os municípios da região ao longo do tempo. Com a privatização da Vale, foi extinta a ajuda aos municípios. O senhor prometeu reativar o benefício. Por que não cumpriu, ainda, essa promessa?

LeãO — Porque já temos, por enquanto, muito dinheiro. Olhe em volta e verá que o povo está nadando no dinheiro. Não vamos ajudar gente rica.

ZdB — Seu governo desistiu de construir o presídio?

LeãO — Isto está claro. Itabira não tem bandido. Não vamos desperdiçar dinheiro.

“Serei presidente da República”

ZdB — O senhor será candidato a deputado daqui a dois anos?

LeãO — Acertou em cheio com essa pergunta. Serei, sim, candidato a deputado federal. Preciso arrumar um estadual. Talvez seja o Gabriel Quintão. Mas não serei apenas deputado federal. Serei candidato ao Senado, depois serei candidato a presidente  da República e devo disparar e vencer quem quer que apareça. Para mim nem o céu é limite. Itabira merece um grande presidente.

ZdB — O senhor prefere ser Leão ou ser o MAL?

LeãO — Eu sou o bem. Sou manso como o Leão de Barão de Cocais, que mora quase no centro da cidade e não come ninguém.

 Zé do Burro e Vice-Versa com Bom Cabrito vigiando

Foto: Arquivo Notícia Seca

sábado, 12 de outubro de 2024

HORÓSCOPO DE ITABIRA PARA OS PRÓXIMOS QUATRO ANOS


Ano 2025

 — Serão nomeados os novos secretários. Gabriel cresce em poder e será o novo primeiro-ministro, com a possibilidade de ser lançado candidato a deputado federal com apoio do prefeito. Márcio Passos não aceita mais ocupar cargo algum na prefeitura. Falta de água até no rio Tanque. Incêndio na caixa d’água do Saae só incomoda a água. Prefeito busca mão de obra no exterior. Cubanos chegam em caminhões-tanque para a área de medicina. Duro na queda quer mais serviço e só resta asfaltar fundo de quintais. Levantamento aponta a necessidade de construir mais 297 praças. Técnicas em enfermagem não terão aumento de salários nem reenquadramento.

Ano 2026 

— Torneiras secas em toda a cidade. Prevê-se a instituição chamada de Faculdade Papagaio, que ensinará o itabirano a viver de boca seca. Por falar em faculdade, a Unifei reduz seus espaços em 50%. Na próxima formatura será fechada. O dinheiro vindo do ICMS e do Royalty cai pela metade. Entraram 2 mil chupa-cabra na prefeitura e o prefeito será obrigado a demitir. Primeiramente os que são da cidade terão os pés no bum-bum. Os hospitais estão rachando de doentes, mas o atendimento piora por falta de médicos. Prefeito lança seus candidatos a deputado estadual e federal,  Bernardo Rosa, e Gabriel Quintão, respectivamente, que são eleitos.

Ano 2027

Arrecadação municipal continua despencando. A Vale arruma as trouxas e malas. Prefeito corre para as lives e avisa que é temporário.  O povo continua com cara de tacho e confiante. Agora a cidade vai crescer mesmo porque tem deputados. A oposição ficou  rouca, depois perdeu a voz, finalmente morreu. Itabira volta a ser uma cidadezinha qualquer. O povo fica sabendo o motivo pelo qual não precisava de casas próprias. Sobrarão apartamentos, casas, barracos e até mansões próprias por falta de gente. Duas fábricas serão inauguradas ainda neste ano: uma de rapadura e outra de pipocas e algodão doce. As filas de recrutamento de pessoal vão daqui a Nova Era e João Monlevade, retornando pelo Trevo da 381. 

Ano 2028

Novo ano eleitoral. Hora de trabalhar para se reeleger. Prefeito lança sua candidata, a primeira-dama. Ela tem tudo para vencer. Se preciso subirá em mesas para fazer discurso. Doação de simpatia sem miséria. Neste ano começa a abertura de valas para manilhas e captação de água do rio Tanque. Um problema: o rio Tanque secou e está sendo chamado de rego Tanque. O que fazer é o novo desafio. Correr atrás da Vale não adianta mais. Ela é empresa particular e dá uma banana para Itabira. O jeito é reativar a Faculdade Papagaio, o único bicho, ou ave que vive sem água. O itabirano aprende ou morre para não ficar na seca. Cadê a lista de realizações feitas pelo prefeito? Nem água e nem emprego. As fábricas de rapadura e pipocas precisam de quatro funcionários cada uma. A promessa das eleições deste ano é duplicar as suas produções.

 

A vida continua. Se Deus permitir, será lançado o Horóscopo 2029 a 2032, se Itabira não virar "cidade fantasma", como previu o presidente do maior sindicato de Minas Gerais.

 

Assinado: Bom Cabrito (o maior e melhor pai de santo da região)

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

QUESTÕES CIDADÃS DIRIGIDAS À COMUNIDADE ITABIRANA. TEMA: A VALE ESTÁ FECHANDO AS MINAS

 





Apresento, a quem topa encarar esta listagem de desafios a princípio composta de  11 questões que requerem respostas de autoridades, entidades, cidadãos itabiranos e de quem quer que seja, principalmente políticos:

 

1. A Vale abriu o processo “fechamento de mina”, que significa, segundo se pode deduzir e comprovar, o processo de desativação total de minas, que envolve a remoção de infraestruturas e o encerramento da atividade mineral. Apresento uma listagem de 11 questões que seguem e pedem  respostas de autoridades. Automaticamente, o município em que se dá a situação não teria que acompanhar, paralelamente, as ações técnicas? E por que não se faz esse trabalho em Itabira?

 

2. O “fechamento de mina” envolve o acompanhamento da parte afetada pelos resultados sociais da iniciativa. Por que Itabira ainda não participa desse fórum de soluções econômicas?

 

3. Itabira está em processo de inauguração de dezenas de praças, algumas desnecessariamente, pois que consomem gastos de  milhões de reais. Como serão mantidas essas praças, sabendo-se que todas as construídas pela Vale, em atendimento à Licença de Operação Corretiva (LOC), foram depredadas pelo uso e abuso, porque não foram cuidadas. Serão daqui para a frente vigiadas 24 horas por dia?

 

4. Diante da ocorrência do item 1 desta lista, a arrecadação municipal será radicalmente afetada, haverá uma recaída drástica de receita. Como serão supridos os valores para pagamento do funcionalismo da Prefeitura, do Saae, da Itaurb, dos pensionistas e aposentados?

 

5.Os vereadores que consomem gastos altos para sua atuação no sistema legislativo continuarão recebendo pagamentos pelo trabalho. onde virão os valores para cobrir as despesas, sabendo-se que o fechamento de minas consumir  mais que o orçamento atual?

 

6. Com a falta de recursos da queda drástica de impostos e outras fontes de arrecadação, como sobreviverão o comércio e as pequenas indústrias da cidade?

 

7. Itabira tem, hoje, grande número de condomínios espalhados pela cidade, até na periferia. Com o esfriamento da economia, ficará a maioria  fechada por falta de moradores. O que será dos prédios abandonados ou caindo seus valores no mercado? A Prefeitura reconhecerá a desvalorização e reduzirá drasticamente os valores hoje cobrados de IPTU?

 

8. Itabira não tem água para sobreviver até por volta de 2026, ou mais adiante. É o ponto chave para atração de empreendimentos. Caso a Prefeitura se preocupe com a questão econômica, a falta de água não constitui mais um obstáculo para o desenvolvimento? Significa que agir no sentido de atrair empreendimentos agora seria perder tempo?

 

9. Grande dúvida é,também, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). É, à primeira vista, o grande empreendimento que pode alavancar, junto da Faculdade de Medicina,  a opção da Cidade Universitária Itabirana. Mas o prefeito já declarou que não investirá em iniciativas federais. Há uma solução para essa intrigante e preocupante questão?

 

10. O governo reeleito tem anunciado que a sua concentração de esforços  será em um ou  mais distritos industriais. Somando-se a produção e o rendimento  dos DIs que funcionam, ou dobrando a arrecadação de ambos existentes, não seria esse um caminho ainda insignificante para recuperar a economia itabirana?

 

11. Dependendo de outras respostas, o governo municipal não pretende voltar suas vistas para o Parque Científico e Tecnológico (sequência da Unifei), Porto Seco e Aeroporto Industrial, que constavam de projetos anteriores a este governo?

 

PS-1.: Este documento, que será registrado em cartório, com novas assinaturas ou sem elas, abre a participação a todos os itabiranos, especialmente órgãos públicos e sociedade civil organizada, que queiram acompanhar e transformá-lo num manifesto que a cidade requer ou não requer.

 

PS-2 Que a minha alma e dos que amam Itabira tenham o pensamento do futuro e a certeza de que se não houver união jamais seremos uma nova comunidade num futuro que bate à nossa porta.

 

PS-2: Para qualquer mudança, corte, alteração, deixo o meu telefone/WhatsApp: 31-99529-8235.

 

Itabira, 10 de outubro de 2024.

José Almeida Sana

Foto: Arquivo N.S.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

CHEGA DE ERRAR: ITABIRA COMPLETOU 191 E NÃO 176 ANOS DE EMANCIPAÇÃO

 



A preservação da história e da memória é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade

 

Era outubro de 1948, o então prefeito, médico e professor Dr. José de Grisolia, quis fazer uma festa, ele tinha motivo. Esse era que, no nono dia do mês, Itabira completava 100 anos da mudança simples do nome, isto é, de Vila, emancipada em 7 de outubro de 1833, recebeu os foros de cidade. Havia 115 anos e dois dias a verdadeira cidade estava emancipada politico-administrativamente.

 

Uma  figura que  também abordou o assunto em entrevista foi o cidadão, ex-vice-prefeito e prefeito, José Machado Rosa (in memoriam), na edição número 70, de outubro de 1998, páginas 8 a 10, da revista DeFato.

 

Alguém quer outras fontes? Confira quem assim o desejar na Câmara Municipal de Caeté, cidade que se denominava Vila Nova da Rainha, a que Itabira do Mato Dentro pertencia. Ou consulte escritos do historiador santa-mariense José Antônio Sampaio (in memoriam), que se responsabilizou pelo Museu do Ferro durante vários anos. Ou confira entrevista da historiadora e professora Terezinha Fajardo Incerti/ in memoriam) (Itabira e Centro-Leste em Revista, décima edição, outubro de 1993, páginas 17 a 20.

 

O PORQUÊ DO ERRO

 

Como dito, José de Grisolia, não tinha marqueteiro mas, sim, vaidade, ou não quis deixar passar em branco uma data que, na verdade, tinha um cunho de importância. Não tanto significativa quando o 7 de outubro de 1833, quando até os móveis ocupados por Major José Paulo de Souza foram trazidos para a real sede dos poderes Legislativo e Executivo, simultaneamente. Estavam naquela data instalada em Itabira do Mato Dentro a sua emancipação.

 


 OS PRIMEIROS DIRIGENTES

 

Compunham a primeira Câmara Municipal de Itabira, cujo presidente exercia o cargo de chefe do Poder Executivo, os seguintes membros:

 

Major Paulo José de Souza (presidente e prefeito),

Capitão João Camilo de Oliveira (não Major Lage)

Padre Manoel Pinto Ferreira,

João Antônio de Freitas,

José Luiz Rodrigues de Moura,

Padre José Freitas Rangel e

José Maria Freitas Rangel.

 

OUTROS ERROS HISTÓRICOS

 

A História de Itabira é rica em fatos e também recheada de erros de datas, acontecimentos e registros importantes. Podemos citar, por exemplo, um trabalho executado pela ex-vereadora, presidente da Câmara  e professora Maria José Pandolfi, durante o mandato de João Izael Querino Coelho (2005 a 2008 e 2009 a 2912).

 

Neste longo e valioso documento, intitulado “Desmistificando a História de Itabira”, constam fatos interessantes e que jamais poderiam ficar de fora de quaisquer trabalhos históricos.

 

 


Fontes: José Antônio Sampaio, Terezinha Fajardo Incerti, Maria José Pandolfi, Museu de Itabira, Câmara Municipal de Caeté.

 

Fotos: Museu de Itabira, Arquivos, Brás Martins da Costa Fontes: José Antônio Sampaio, Terezinha Fajardo Incerti, Maria José Pandolfi, Museu de Itabira, Câmara Municipal de Caeté.

 

José Sana (Em 7 de outubro de 2024)