Quem me lê ou somente folheia minhas páginas, guarde, por favor esta frase: “Ver a Idade Média com os olhos da Idade Média”. O significado qualquer um entende
Já disse no meu último livro — O ECO DA SUPERAÇÃO — na
página 13, a primeira frase que o estudante de História deve aprender.
Acrescentei, simbolicamente, que vivi
cinco gerações (Pedra Lascada, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e
Contemporânea). Sou obrigado a repetir a frase de historiadores: “Ver a Idade
Média com os olhos da Idade Média”.
Desde o lançamento daquela simples obra, a quarta de
minha autoria, venho recebendo telefonemas, mensagens escritas, faladas e
abordagens nas ruas, esquinas, praças, restaurantes, botecos (que até não
frequento), salão de barbeiros, de beleza e velórios). Graças a Deus, sim,
muitos interessam pela história e dessa forma o livro assim tem a possibilidade
de ser lido. Muitos elogios, para os quais sempre agradeci com o termo “não
mereço” e “não gostei de...”, para os quais sou grato também, é claro, pois me ensinam.
TEIMOSIA
Sou um teimoso incorrigível. Não é mania de velho. Nasci
assim e hoje é muito tarde para mudar.
Questionei padres, freiras e catequistas até sobre a existência de Deus. Por
causa desse tema fui excomungado muitas vezes. Queria ver Deus. Quando do
aparecimento de Nossa Senhora de Fátima em Portugal, lembro-me de que dizia:
“Eu acredito até que me provem o contrário”. Aí apareceram os verdadeiros
céticos, os ateus contritos achincalhando-me. Quando chegou a hora — fui a
Fátima verificar “in loco — aprendi lições
de historiadores de novo: “Ver a Idade Média com os olhos da Idade Média”.
A verdadeira revolução na tecnologia dos aparelhos
auditivos ocorreu na década de 1990, com a introdução dos aparelhos auditivos
digitais, conta a história. Esses dispositivos utilizam processamento de sinal
digital para amplificar e processar o som, permitindo uma qualidade de som
superior e uma gama mais ampla de recursos avançados.
Teimei e teimo descaradamente, briguei, apanhei, bati
ao defender que não sou surdo. Foi, instrução que aprendi no único livro de
autoajuda que li na vida, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale
Carnegie (1936 e anos a seguir). Assimilei-me que o domínio do inconsciente,
poderoso, nos conduz ao bem realmente verdadeiro. Somos o poder e precisamos
desenvolvê-lo.
Os aparelhos auditivos digitais, programáveis e que
empreendem a filtração dos sons chegaram ao Brasil na década de 1990. Os
analógicos, já estavam na praça. No dia 6 de outubro de 1975, parei de teimar
que não era surdo, sem problema, e poucos dias depois já estava usando o
aparelho analógico, era o único, o melhor, o insubstituível que existia. Dr.
Ayrton Rosemburg e Dr. Godofredo Cândido de Almeida Júnior me convenceram que
Glorinha estava errada, que sou surdo mas não sou burro. Agradeci e me mudei de
comportamento.
“Trinta anos sem usar aparelho, negando que é surdo,
não é burrice? ” — ouvi muitas vezes tais afirmações. A teimosia ocorre com 2,3
milhões de brasileiros e com mais de 9 milhões de seres humanos, segundo fontes
fidedignas do IBGE e da ONU. Existem afirmativas também sobre óculos, que
grande maioria não aceita. A certeza disso pode e deve absolver a minha extrema
teimosia.
PRESSÃO PROFISSIONAL
Eu jamais usaria esse aparelho auditivo analógico
Em terceiro lugar, repetindo a assertiva do historiador, da época de meu nascimento (década de 1940) até quase hoje, o surdo era também achincalhado, maltratado, discriminado. Feliz, pensava eu, quem não tinha o apelido de "Teiú" ou “Tiú”, aos gritos, nas ruas, até quando desfilava com namorada.
Finalmente, não existia o termo Bullying para
proteger-me, sequer há hoje, a não ser que
todo animal do gênero de
répteis, Tupinambis, da família Teiidae,
são moucos.
Só para fechar, agradeço dois comentaristas de meu
livro, que afirmaram não ter sido eu um vitimista. Grato também. E continuo à
disposição do mundo para todo e qualquer debate.
José Sana
08/12/2025
Imagens:
PS 1. Se me
perguntam (e muitos já o fizeram tal questionamento) por que não expliquei tal
crônica no livro, tenho várias respostas: não queria estender o caso de um
“apelido” e imaginei que pudesse ajudar-me a vender o livro, o que pode estar
ocorrendo agora.
PS 2.Sobre a verdade dos fatos citados, podem
consultar os links que desejarem, mais resumidamente o seguinte:
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