Dizem que
universitários fazem pesquisa em Itabira sobre a circulação de veículos na área
central. Informantes dão conta de que querem confirmar se os bancos podem ou não
permanecer onde estão, a maioria nas ruas Tiradentes e Sizenando de Barros, Praça
Dr. Nico Rosa e Avenida Daniel Grisolia. Provar que nas vias citadas o trânsito
está super congestionado não precisa de
pesquisa. Dar resposta a essa pergunta, considero impossível: para aonde levar
essa meia dúzia de estabelecimentos bancários — Brasil, Caixa, Santander, Unibanco, Itaú e Bradesco?
A mulher traiu o
marido no sofá da sala. O marido flagrou o romance proibido. Pensou muito e
resolveu já no dia seguinte: foi a uma loja do Topa Tudo e vendeu o sofá. Em
seguida, considerou resolvido o problema. O movimento de trânsito — muitos
carros circulando, veículos estacionados em ruas estreitas, falta de lugar em
que parar e manobras constantes — é a traição que Itabira sofre. Itabira pensa,
calcula, reúne-se com os possíveis interessados e determina: tirar os sofás, ou
melhor, bancos dali. Possivelmente, os que tomam tal iniciativa pensam que
estará tudo resolvido.
Antes de não
resolver o problema do centro da cidade, uma pergunta que já foi feita: em que
lugar serão instaladas as casas financeiras? Vem um e diz: “Leva para a Avenida
Mauro Ribeiro” . Boa ideia para quem já tem comércio ou lote ou imóvel pronto
lá. Mas logo em seguida, como se localiza em determinados locais, a mais nova
avenida itabirana será o novo centro congestionado da cidade. Outro opina:
“Espalhem essas casas entre os bairros mais comerciais, como Bela Vista, Caminho
Novo, Areão, Água Fresca. Não convence porque dificulta a vida dos responsáveis
pela circulação do dinheiro. “Mas existe uma saída”— opina o último. Esclarece:
“Levem os bancos para o Parque de Exposições”. Essa ideia merece o que fazem os
usuários da internets quando querem rir: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
A pesquisa feita
na cidade, possivelmente, é uma redundância sobre uma simples análise.
Primeiro, porque se a mulher chifrou o marido no sofá, a próxima vez será na
cama de casal. E depois? Seguem escolhendo os lugares mais adequados. Eles
podem ir a um motel. Só que os bancos não podem mesmo serem deslocados para
lugar algum. Lugar de banco é no centro das cidades mesmo. A solução eram os
caixas eletrônicos. Mas os bandidos aumentaram o seu contingente de praticantes
do novo “esporte das multidões” — assaltos, arrombamentos, furtos. E, aos
poucos, vai ficando impossível manter caixas eletrônicos em locais diferentes,
tanto para os donos de contas-corrente como
para o banco e ainda para quem se propõem abrigar a velha solução.
Estourar caixas ficou tão corriqueiro como comprar picolé na esquina.
Não pensem que
os ladrões vivem tranquilos e sem problemas. Eles também têm merecidos
aborrecimentos e dificuldades para cumprir as funções de sua “profissão”. Dia
desse um grupo de marginais resolveu atacar um caixa eletrônico na minha terra
natal, São Sebastião do Rio Preto. Conseguiram detonar o depósito de dinheiro, mas quebraram a cara.
Primeiro, só encontraram R$ 15,00 no cofrinho, ou seja, fizeram o arrombamento
em dia errado. Segundo, levaram o que acharam, mas se distraíram e se foram sem
levar R$ 100,00, dinheiro que ficou no porta-luvas de um veículo que precisou
ser abandonado ali.
Voltando ao
problema itabirano, a solução é muito complicada. Quero mostrar o que, talvez,
muita gente não saiba. Sempre saio de casa antes de 8 horas da manhã e paro meu
carro numa rua da cidade à espera de atendimento em algum local. O comércio
abre normalmente às 9 horas, mas com uma hora de antecedência começam a chegar os comerciantes e
comerciários. A maioria das lojas têm mais de dois carros para proprietários ou
comerciários. Assim, os veículos ficam estacionados nas portas das lojas o dia todo. Ruim, em
primeiro lugar, para os empresários;
depois para os clientes; finalmente para a mobilidade de Itabira. E até agora
não ouvi, ou vi, ou li, algo sobre essa questão. Muitos carros estão à venda e
precisam serem expostos. Vai aí pras cucuias a ideia de se resolver um sério
problema.
Se pensam os
responsáveis pela solução de tão complicada situação, irão criar, sim, várias
outras complicações, além das citadas. Uma delas será inviabilizar os pontos
comerciais. Sem os bancos, desvalorizam-se as lojas porque assim se desaparece
o centro financeiro da cidade, ou o que chamam os especialistas em finanças e
informações: centro nervoso. Nervoso e que nunca pode tomar algum calmante.
A pesquisa em
andamento ou já finda não tem valor, a não ser para que se oficialize o já está
oficalizado: temos uma bagunça irreversível montada na cidade do poeta maior,
que tanto ficaria triste ao saber de nossos novos desafios. Drummond se foi
para o Além, é provável que tenha se descansado das confusões terrenas. Pior
que as questões que ele abordava — o minério de ferro que seguia em 500 vagões
e era embarcado em navios para o outro lado do Atlântico, e os buracos que
ficavam — será o dia da buzina, já que quase ninguém mais tem educação no
trânsito ou na vida. Haverá um congestionamento-mor que deixará todos presos no
mesmo lugar por pelo menos 24 horas. Aí a ficha de muitos pode, quem sabe,
cair.
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