quinta-feira, 9 de maio de 2013

Querem tirar os bancos do centro de Itabira. Vão levá-los para o Parque de Exposições?



Dizem que universitários fazem pesquisa em Itabira sobre a circulação de veículos na área central. Informantes dão conta de que querem confirmar se os bancos podem ou não permanecer onde estão, a maioria nas ruas Tiradentes e Sizenando de Barros, Praça Dr. Nico Rosa e Avenida Daniel Grisolia. Provar que nas vias citadas o trânsito está  super congestionado não precisa de pesquisa. Dar resposta a essa pergunta, considero impossível: para aonde levar essa meia dúzia de estabelecimentos bancários — Brasil, Caixa, Santander,  Unibanco, Itaú e Bradesco?

A mulher traiu o marido no sofá da sala. O marido flagrou o romance proibido. Pensou muito e resolveu já no dia seguinte: foi a uma loja do Topa Tudo e vendeu o sofá. Em seguida, considerou resolvido o problema. O movimento de trânsito — muitos carros circulando, veículos estacionados em ruas estreitas, falta de lugar em que parar e manobras constantes — é a traição que Itabira sofre. Itabira pensa, calcula, reúne-se com os possíveis interessados e determina: tirar os sofás, ou melhor, bancos dali. Possivelmente, os que tomam tal iniciativa pensam que estará tudo resolvido.

Antes de não resolver o problema do centro da cidade, uma pergunta que já foi feita: em que lugar serão instaladas as casas financeiras? Vem um e diz: “Leva para a Avenida Mauro Ribeiro” . Boa ideia para quem já tem comércio ou lote ou imóvel pronto lá. Mas logo em seguida, como se localiza em determinados locais, a mais nova avenida itabirana será o novo centro congestionado da cidade. Outro opina: “Espalhem essas casas entre os bairros mais comerciais, como Bela Vista, Caminho Novo, Areão, Água Fresca. Não convence porque dificulta a vida dos responsáveis pela circulação do dinheiro. “Mas existe uma saída”— opina o último. Esclarece: “Levem os bancos para o Parque de Exposições”. Essa ideia merece o que fazem os usuários da internets quando querem rir: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

A pesquisa feita na cidade, possivelmente, é uma redundância sobre uma simples análise. Primeiro, porque se a mulher chifrou o marido no sofá, a próxima vez será na cama de casal. E depois? Seguem escolhendo os lugares mais adequados. Eles podem ir a um motel. Só que os bancos não podem mesmo serem deslocados para lugar algum. Lugar de banco é no centro das cidades mesmo. A solução eram os caixas eletrônicos. Mas os bandidos aumentaram o seu contingente de praticantes do novo “esporte das multidões” — assaltos, arrombamentos, furtos. E, aos poucos, vai ficando impossível manter caixas eletrônicos em locais diferentes, tanto para os donos de contas-corrente como  para o banco e ainda para quem se propõem abrigar a velha solução. Estourar caixas ficou tão corriqueiro como comprar picolé na esquina.

Não pensem que os ladrões vivem tranquilos e sem problemas. Eles também têm merecidos aborrecimentos e dificuldades para cumprir as funções de sua “profissão”. Dia desse um grupo de marginais resolveu atacar um caixa eletrônico na minha terra natal, São Sebastião do Rio Preto. Conseguiram detonar o  depósito de dinheiro, mas quebraram a cara. Primeiro, só encontraram R$ 15,00 no cofrinho, ou seja, fizeram o arrombamento em dia errado. Segundo, levaram o que acharam, mas se distraíram e se foram sem levar R$ 100,00, dinheiro que ficou no porta-luvas de um veículo que precisou ser abandonado ali.

Voltando ao problema itabirano, a solução é muito complicada. Quero mostrar o que, talvez, muita gente não saiba. Sempre saio de casa antes de 8 horas da manhã e paro meu carro numa rua da cidade à espera de atendimento em algum local. O comércio abre normalmente às 9 horas, mas com uma hora de antecedência  começam a chegar os comerciantes e comerciários. A maioria das lojas têm mais de dois carros para proprietários ou comerciários. Assim, os veículos ficam estacionados  nas portas das lojas o dia todo. Ruim, em primeiro lugar, para os  empresários; depois para os clientes; finalmente para a mobilidade de Itabira. E até agora não ouvi, ou vi, ou li, algo sobre essa questão. Muitos carros estão à venda e precisam serem expostos. Vai aí pras cucuias a ideia de se resolver um sério problema.

Se pensam os responsáveis pela solução de tão complicada situação, irão criar, sim, várias outras complicações, além das citadas. Uma delas será inviabilizar os pontos comerciais. Sem os bancos, desvalorizam-se as lojas porque assim se desaparece o centro financeiro da cidade, ou o que chamam os especialistas em finanças e informações: centro nervoso. Nervoso e que nunca pode tomar algum calmante.

A pesquisa em andamento ou já finda não tem valor, a não ser para que se oficialize o já está oficalizado: temos uma bagunça irreversível montada na cidade do poeta maior, que tanto ficaria triste ao saber de nossos novos desafios. Drummond se foi para o Além, é provável que tenha se descansado das confusões terrenas. Pior que as questões que ele abordava — o minério de ferro que seguia em 500 vagões e era embarcado em navios para o outro lado do Atlântico, e os buracos que ficavam — será o dia da buzina, já que quase ninguém mais tem educação no trânsito ou na vida. Haverá um congestionamento-mor que deixará todos presos no mesmo lugar por pelo menos 24 horas. Aí a ficha de muitos pode, quem sabe, cair.

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