Sabemos
todos, inarredavelmente, que tudo no mundo passa, muda, se transforma; que nada
é definitivo, a própria natureza se
envolve num processo eterna, embora somente definido no século XVIII quando Lavoisier lançou a sua máxima
transformada em lei: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se
transforma”.
Sabemos também
que cada tempo é um tempo. Não foi apenas uma determinação de historiadores que
definiu o seguinte como norma de cuidado: “Ver a Idade Média como Idade Média e
não como o hoje”. Em outras palavras, chamamos de atraso os costumes, os modos de
viver, as exigências e as normas do passado com o juízo do momento atual.
Por exemplo, no
tempo de meus avós, as casas dos abastados eram construídas abrigando as moças
no fundo do aposento dos pais. A explicação resumia-se no seguinte: elas nunca
sairiam do seu quarto para um eventual encontro com rapazes na calada da noite.
Havia, em tempo anterior a esse, uma época ainda mais cruel para as mulheres: seus maridos viajavam
e lhes impunham cintos de castidade, levando consigo a chave. Maior
desconfiança é impossível existir. Mas era costume da época.
Na minha época
de adolescente, o beijo era quase proibido. Acontecia, sim, no bastidor de um
ambiente escuro, às vezes nos cinemas, mas ficavam guardados como segredos de
pena de morte, sob ameaça de fim do romance. As moças quase sempre impunham suas
ordens: “Beijo somente depois do noivado”. No tempo dos meus pais, nem isso
podia, só mesmo do dia do casamento para a frente.
E hoje? Nem se exige dar resposta à pergunta. Faz-se o que se imagina. Dizem os próprios
jovens dessa “época evoluída”: “Primeiro
o motel, depois o namoro e olhe lá se acontece o casamento”. Os mais velhos acima ainda exclamam hoje em dia:
“Nem sei por que ainda há casamento!”
Voltar ao que
era nunca acontecerá porque as próprias leis naturais esclarecem a força da
irreversibilidade. Só haveria uma forma: adaptar o que existe de velho à cabeça dos
jovens, para que tomem algumas providências a favor da própria vida. Por
exemplo, moça alguma deveria perder a virgindade enquanto não tiver pleno
domínio de seu corpo, total conhecimento dos prejuízos que advirão. Quanto ao
menino-rapaz, a regra seria a mesma, com um pouco mais de liberdade devido à
natureza mais forte de seu sexo.
Dizem alguns
povos que habitam o mundo que o hímen foi criado para proteger o desejo
feminino. Para que ele viesse a se manifestar na época certa, não apressando a
feminilidade da mulher, tem época certa para ser rompido. Porque,
evidentemente, o sexo foi inventado para
procriação, enquanto que a menina-moça ainda não tem corpo pronto para esse
divino objetivo.
É esta a
mensagem de hoje: impossível deter, como antigamente se fazia à força, o forte
desejo sexual das mulheres, cujo desejo já perdeu o rumo e as rédeas. É por causa disso que até hoje nada que se encontrou
foi mais lógico que a bênção da própria natureza. A natureza é que
manda, governa, muda, transforma-se e é a perfeita dona de tudo. Por que,
então, não segui-la e, nessa condição de discípulo fiel, cobrar dela a
felicidade que almejamos para a nossa vida?
Os tempos mudaram. Pra melhor, neste sentido? Não sei. Sei que mudaram e hoje este "mundo virtual" está cada vez melhor, e ao mesmo tempo, perigoso!
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