terça-feira, 29 de outubro de 2013

Telefonia celular em Itabira: um mal quase desnecessário



Prezados e prezadas, Itabira voltou à Idade Média da comunicação. Quase 20 anos depois de instalar a sua primeira linha de telefonia celular, eis que os favores que o sistema oferece aos cidadãos corresponde a zero. Considerando que voltamos tanto tempo atrás significa que estamos em situação de isolamento, ou melhor, estamos vivendo o caos.  As reclamações registradas no Procon dão de goleada em outros motivos de queixas, com a agravante de não conhecer, no meu meio social, quem foi ao órgão público registrar a sua choradeira. Eu nunca fui e somente agora estou chorando as mágoas estancadas.

O quadro de hoje é pior porque não há como retornar aos tempos das mensagens via tambores usadas pelos sumérios  ou esquimós e nem por meio de gritos à  beira dos rios para canoeiros e caianas levarem adiante. Ninguém mais acredita em originalidade  da notícia levada boca-ouvido-boca. Conclusão: essa é uma das crises que enfrentamos na chamada Era do Conhecimento. E que conhecimento violentamente massacrado!

Hoje em dia, acredito que não somente em Itabira, mas no Brasil, para cada ligação gastamos, no mínimo, cinco discagens. Se conseguimos falar com a pessoa procurada, alguém que está ouvindo uma narrativa precisa continuamente dar o seu sinal de presença com um “tá” ou “sim” ou “hum”, pelo menos resmungando. Se  tal  não ocorre, o certo é que corremos o risco de ficar como se estivéssemos pregando no deserto, ou fazendo discurso para uma plateia de zero ninguém.

Como no mundo existem as pessoas que nunca ouvem nem querem ouvir, mas somente falar, falar, falar, para elas até que se transforma num autêntico castigo, logo  assim interpretado: “Falei, falei, falei, falei, falei e quando fui me despedir, não me deu a mínima resposta!” Quem conhecia, antes de chegar ao Brasil, a telefonia celular, sabia que tal caos ocorreria inevitavelmente. Diziam os entendidos na época que haveria um tempo de falta de comunicação por via do telefone quando várias operadoras tivessem se instalado. E não foi Nostradamus quem fez a profecia trágica.

Antes mesmo que o fim do mundo se instalasse aqui em nossa cidade, os grandes personagens, ou celebridades, ou os donos do poder e do dinheiro, já não atendiam a ninguém no seu aparelho, à exceção de políticos  nas vésperas de eleições ou de temas que interessam a alguém. Certa vez, precisava falar com uma pessoa e essa dona do mundo não atendia os meus chamados de jeito nenhum. O que fiz? Deixei na secretária eletrônica um recado assim: “Estou com um cheque de 20 mil reais para lhe entregar e não sei como faço”. Um minuto depois o sujeito me retornou.

Recentemente, tive uma audiência com um político.  Aliás, não tive a audiência. De meio em meio minuto de intervalo o seu telefone tocava e ele atendia. E havia interrupção de nosso diálogo. Resolvi me  despedir e anotar o seu número. Ledo engano,tentei falar com ele e jamais consegui. Quem tem acesso ao seu aparelho somente os seus ídolos e chefões. Pé rapados e lambedores de rapadura nem pensar.

Final da coluna: não temos como nos comunicar hoje em dia. Estamos mais perdidos que cego em tiroteio. Receio ter que convocar o espírito de Alexander Graham Bell  para reinventar o telégrafo ou o telefone primitivo para que iniciemos um novo tempo. A telefonia celular fracassou definitivamente e parece não ter mais como ressuscitá-la.

 P.S.: Escrevo em meio a dores (expectativa de estiramento na coxa) e por isso peço desculpas pelos inevitáveis erros.

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