sexta-feira, 18 de abril de 2014

ONDE FOI QUE GRAHAM BELL E/OU ANTONIO MEUCCI ERRARAM?

Depois de milhões de anos de vida e de evolução tecnológica, o homem chega à conclusão, para mim inarredável e inquestionável, de que não valeu a pena inventar o telefone. Pensa que, talvez bastasse tudo o que houve de progresso na área da comunicação, menos o telefone. Dirá alguém que estou maluco, alienado, sendo o único e solitário no mundo que profere  tal “bobagem”. Mas vou provar aqui e agora uma tese que pretendo defender na Universidade da Vida, como diria um vereador colega dos meus tempos de política.

Inventado ou criado ou comprado pelo escocês Alexander Graham, o telefone chegou a uma negação de sua própria finalidade. Até o italiano Antônio Meucci, que teria sido o seu verdadeiro pai, um visionário que teria permitido que outro se apropriasse de sua patente, saiu fora das conseqüências que viriam anos depois. Os Estados Unidos da América, que mandam no inferno e também aqui neste mundo, reconheceram, em 2002, o erro histórico. Ou quem sabe, estariam apenas tirando a bomba das mãos de um de seus protegidos, um filho da Escócia?

Do tambor, que resolvia....

... ao telefone, que complicou: nada feito!
Reafirmo que, porque as transformações não param de se suceder, o telefone nos conduziu ao mundo da complicação. Primeiro, ele dominou o mundo, deixou todos aos seus pés. Não há lugar que a gente vá que o panorama não seja o seguinte: as multidões estão babando em cima do aparelho de telefonia celular: nas ruas, lá vêm uma mocinha falando com  alguém ou fingindo que se comunica com algum ser vivente; parada na esquina uma outra está digitando algo, mandando mensagem para outra pessoa, seja um amigo ou namorado ou colega; na roça, à beira da cerca de arame, o Cumpade Zé grita com o Cumpade Mané que o milho não foi ainda ensacado. Já contei o caso de namorados mandando SMS uma para o outro, em casa noturna, ambos assentados na mesma mesa: “Feliz Ano-Novo pra você” e a resposta: “Pra você também”.

O mais inacreditável de todos os fatos engraçados ocorreu comigo. Recentemente, fui ao encontro de um deputado estadual, em nome de uma preocupação com o campo de futebol de São Sebastião do Rio Preto, destruído pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e, finalmente, agora, depois de sete anos de um desleixo sem tamanho, ser  reformado por empresa mineradora que atua na região. E lá estava eu com o parlamentar, depois de marcar e desmarcar durante muito tempo, para uma audiência devidamente agendada. E, depois de aguardar e ser paparicado na sala de espera com água gelada e cafezinho, entrei no gabinete entusiasticamente iludido de que poderia, sim, desabafar em nome da juventude são-sebastianense prejudicada. Qual não foi a surpresa quando vi nada menos que dez - ah, estou exagerando! - mas me parecia que havia talvez meia dúzia de aparelhos celulares em cima da mesa. E tocavam todos, um de cada vez, e até três se davam ao luxo de tilintar ao mesmo tempo.

Ele, o ilustre político, atendia a alguns chamados. Noutras vezes, ignorava. Mais relegado ao abandono fiquei eu durante 45 minutos, sem poder falar três palavras seguidas. Era como um time de futebol muito ruim, que perdia a bola a cada dois toques. Com isso, não tive outra saída senão pedir desculpas e levantar-me, usando uma não muito comum elegância. Ora essa, tive que pedir desculpas e zarpar, mesmo com as primeiras discordâncias. Acho que o deputado pensou que estivesse  plenamente saciado do nada que ouvi e muito menos o que falou.

Queria e devo dizer que a maioria das ligações da excelência não prosperava. Uma das palavras que mais pronunciou era “a ligação caiu”. Tal é assim que hoje em dia ninguém que  vive no Brasil pode dizer, de sã consciência, que consegue iniciar, fazer e concluir uma conversa numa só ligação e sem ficar p... da vida. Como só vivemos de celulares, pouco se usa o fixo, a comunicação entre os seres humanos, pelo menos em nosso país, está suspensa até segunda ordem. Para complicar ainda mais, a operadora do fixo está levando um bom tempo para atender o chamado de uma instalação de rede, cerca de dois meses e este é um caso meu, particular.

Não é mais dúvida de que Alexander Graham Bell ou/e Antonio Meucci fracassaram. Somente as operadoras continuam faturando, ou melhor, deitando e rolando. Em virtude desse mau atendimento, a internet também não se firma neste nosso país maluco, porque dá lucro reduzido e, assim, não interessa tanto quanto o aparelho móvel. Hora de repensar o que ocorre e tomar uma decisão, que já apresentei em outro texto: vamos voltar ao tempo de Tarzan ou Búffalo Bill, quando os viventes comunicavam-se via tambor, em curtos e inteligentes toques. Os tambores inspiraram o telégrafo sem fio, baseados na lei da ressonância magnética e nunca deram sinal de ocupado nem de fora de área de serviço, sequer desligados.


Então, repetindo a minha sugestão, que  é a seguinte, para não dizerem que não falei de flores e vasos: vamos voltar aos tambores da pré-história. E agora com uma vantagem extra: temos mais recursos e podemos fazer melhores caixas de ressonância.

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