Depois de milhões de anos de vida e de evolução
tecnológica, o homem chega à conclusão, para mim inarredável e inquestionável, de
que não valeu a pena inventar o telefone. Pensa que, talvez bastasse tudo o
que houve de progresso na área da comunicação, menos o telefone. Dirá alguém
que estou maluco, alienado, sendo o único e solitário no mundo que profere tal “bobagem”. Mas vou provar aqui e agora uma
tese que pretendo defender na Universidade da Vida, como diria um vereador
colega dos meus tempos de política.
Inventado ou criado ou comprado pelo escocês Alexander
Graham, o telefone chegou a uma negação de sua própria finalidade. Até o
italiano Antônio Meucci, que teria sido o seu verdadeiro pai, um visionário que
teria permitido que outro se apropriasse de sua patente, saiu fora das
conseqüências que viriam anos depois. Os Estados Unidos da América, que mandam
no inferno e também aqui neste mundo, reconheceram, em 2002, o erro histórico.
Ou quem sabe, estariam apenas tirando a bomba das mãos de um de seus protegidos,
um filho da Escócia?
Do tambor, que resolvia.... |
... ao telefone, que complicou: nada feito! |
O mais inacreditável de todos os fatos engraçados ocorreu
comigo. Recentemente, fui ao encontro de um deputado estadual, em nome de uma
preocupação com o campo de futebol de São Sebastião do Rio Preto, destruído
pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e, finalmente, agora, depois de
sete anos de um desleixo sem tamanho, ser
reformado por empresa mineradora que atua na região. E lá estava eu com
o parlamentar, depois de marcar e desmarcar durante muito tempo, para uma
audiência devidamente agendada. E, depois de aguardar e ser paparicado na sala
de espera com água gelada e cafezinho, entrei no gabinete entusiasticamente
iludido de que poderia, sim, desabafar em nome da juventude são-sebastianense prejudicada.
Qual não foi a surpresa quando vi nada menos que dez - ah, estou exagerando! -
mas me parecia que havia talvez meia dúzia de aparelhos celulares em cima da
mesa. E tocavam todos, um de cada vez, e até três se davam ao luxo de tilintar
ao mesmo tempo.
Ele, o ilustre político, atendia a alguns chamados.
Noutras vezes, ignorava. Mais relegado ao abandono fiquei eu durante 45 minutos,
sem poder falar três palavras seguidas. Era como um time de futebol muito ruim,
que perdia a bola a cada dois toques. Com isso, não tive outra saída senão
pedir desculpas e levantar-me, usando uma não muito comum elegância. Ora essa,
tive que pedir desculpas e zarpar, mesmo com as primeiras discordâncias. Acho
que o deputado pensou que estivesse plenamente saciado do nada que ouvi e muito
menos o que falou.
Queria e devo dizer que a maioria das ligações da
excelência não prosperava. Uma das palavras que mais pronunciou era “a ligação
caiu”. Tal é assim que hoje em dia ninguém que
vive no Brasil pode dizer, de sã consciência, que consegue iniciar,
fazer e concluir uma conversa numa só ligação e sem ficar p... da vida. Como só
vivemos de celulares, pouco se usa o fixo, a comunicação entre os seres
humanos, pelo menos em nosso país, está suspensa até segunda ordem. Para
complicar ainda mais, a operadora do fixo está levando um bom tempo para
atender o chamado de uma instalação de rede, cerca de dois meses e este é um
caso meu, particular.
Não é mais dúvida de que Alexander Graham Bell ou/e
Antonio Meucci fracassaram. Somente as operadoras continuam faturando, ou
melhor, deitando e rolando. Em virtude desse mau atendimento, a internet também
não se firma neste nosso país maluco, porque dá lucro reduzido e, assim, não
interessa tanto quanto o aparelho móvel. Hora de repensar o que ocorre e tomar
uma decisão, que já apresentei em outro texto: vamos voltar ao tempo de Tarzan
ou Búffalo Bill, quando os viventes comunicavam-se via tambor, em curtos e
inteligentes toques. Os tambores inspiraram o telégrafo sem fio, baseados na
lei da ressonância magnética e nunca deram sinal de ocupado nem de fora de área
de serviço, sequer desligados.
Então, repetindo a minha sugestão, que é a seguinte, para não dizerem que não falei
de flores e vasos: vamos voltar aos tambores da pré-história. E agora com
uma vantagem extra: temos mais recursos e podemos fazer melhores caixas de
ressonância.
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