sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

AFINAL, A VERDADE TEM DONO?

Vivemos a plena era da expressão “dono da verdade”. Fácil é sair de uma boca ou outra a frase, seja simplesmente para citar alguém, seja para acusar com ímpeto e até para menosprezar certos depoimentos e/ou declarações. Andamos pela cidade como motorista ou passageiro de um veículo e vamos observando pessoas conversando, às vezes duas, de vez em quando mais, em praças ou esquinas.

Antigamente, mesmo  fora da ditadura, pode-se dizer que, as instituições tremiam quando se encontravam três cidadãos numa boteco ou velório.  Hoje, nada! Democracia? Nada! Controle da situação numa camuflagem de liberdade inédita. Observamos, então, que quem fala gesticula muito, o outro ouve ou fala ao mesmo tempo, todos parecem ser autênticos donos da verdade. Só não aceitam a estampagem.

E são, realmente, típicos proprietários dessa verdade combatida,  mas  ambicionada. Cada um tem a sua e não admite a outra. Mantém o seu famoso cinismo: “Ah, esta é a minha opinião!” Mas fora disso, nunca admitem ser contestados. Contudo, isso não pode assustar ninguém porque, olhem, o mundo todo virou um manicômio de hipócritas, cínicos, desmoralizadores da verdade.

O que fazer, então, diante deste quadro desolador? Simplesmente, sair à procura da verdade, sim, que se encontra dentro de nós mesmos. Os casos e causos que nos contam, esses não, como convém, apenas entram para o nosso anedotário, ficam aproveitáveis, se engraçados, para que sejam passados à frente. E vamos tocando o barco sem titubear nem nos abalar.

 Mas continua uma pergunta incomodante: vou rir na cara do contador de “verdade”? Não precisa disso. Trate-o com cautela, atenção, respeito. O resto fica por conta de seu interior. Mas outra pergunta: o que faço com esses pregadores de soluções do passado, tipo ditadores do proletariado ou da direita radical? Pegue-os e nem precisa mostrar ângulos diversos. O que sobra para você, caro amigo ou amiga, é a Lei de Transformações, do químico francês Antoine de Lavoisier (1793-1794).

 Lavoisier provou que a vida é de  transformações, mudanças, progressos, regressos, evoluções, involuções. Mas, antes, já debulhavam a verdade, bem anteriormente. Se lá pela Idade Média, mais precisamente quando começou a ocorrer o Renascimento na Europa, o mundo respirava uma cultura mais viva, escreviam que não há verdade, mas verdades, imaginem o que hoje poderia ou está ocorrendo.

Aos poucos, contudo, passamos a engolir os radicais e admitir que  a verdade tem dono, sim. Essa mudança  de  postura é natural, acredito, mas só existe um porém. Cada um pode carregar a sua verdade dentro de si ou proclamá-la.  Ao mundo temos já uma resposta na ponta da língua para combater o cinismo crítico dos hipócritas:

— Não sou dono da verdade, apenas sócio dela. Obrigado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário