Dia deste um amigo meu, José Mauro Bicalho, ex-gerente dos
Correios, me enviou uma mensagem, com ela cópia de reportagem feita pela revista DeFato há 15
anos, sobre a água. O resumo da matéria foi assim consubstanciada: vai faltar água
em Itabira no ano 2016. Visionário? Ele mesmo denominava a publicação como
profética.
Àquela altura do tempo era claro, sem obstáculo algum,
prever o caos de acordo com o planejamento da mineração e o ritmo de trabalho
dos setores responsáveis, os quais nunca deram bola para, por exemplo, o
Córrego Pureza, principal manancial da cidade, ativado no ano de 1971. Em
1966, recém-chegado a Itabira, aos domingos de
calor, juntávamos turminhas e íamos fazer pique-nique
naquela região. Sem um veículo para nos conduzir, a nossa marcha era a pé, ida
e volta. Nesses idos tempos, o córrego transbordava, parecia um rio e ameaçava
os banhistas. Com o tempo, secou.
Muita coisa foi feita em matéria de captação e tratamento
de água a partir dos investimentos no Pureza. Melhoraram Três Fontes,
implantaram Gatos e mais uns poços artesianos. Esses, todavia, buscam restos do
líquido a cerca de 300 metros, para a
lógica economicamente inviável. Quando era eu vereador, tentamos
trazer a Copasa para substituir o até então inoperante Saae. Não deu certo, mas
foi bom, porque a partir daí o órgão, gerenciado pela Fundação Sesp,
acordou e mudou seus rumos totalmente.
Vamos saltar uma série de acontecimentos sobre os
problemas e suas soluções no decorrer do tempo para chegar no seguinte: o mundo
todo vive à beira de uma crise sem precedentes por causa da terrível seca que
assola regiões importantes do Globo. A crise, que se esclareça, ainda não é
pela falta efetiva da água, mas pela sua má distribuição e outras questões
dessa natureza. Levantamentos de órgãos especializados informam que se perdem
30% do líquido das estações de tratamento até a entrega ao consumidor em Minas
Gerais.
Enquanto algumas pessoas se assustam com esse percentual
elevado de perda da água, em Itabira o desfalque é maior. De acordo com estudo
recente, feito pela Vale, em Itabira são perdidos milhões de litros da saída
das estações de tratamento para os mais de 35
mil consumidores. Absurdo, absurdo, absurdo! Uma riqueza enorme vazando
pelo subsolo abaixo e por quilômetros e quilômetros. Fácil entender o motivo
itabirano, eu mesmo vou explicar: desde quando me mudei para a cidade, em 1966,
jamais vi o Saae ou a Prefeitura trocar redes danificadas. Ou melhor, vi, sim,
no Centro Histórico da Cidade.
Em 1993, primeiro ano do Governo Li (Olímpio Pires
Guerra), a administração municipal resolveu dar atenção às ruas Água Santa,
Alexandre Drumond, São José, Sizenando de Barros, Guarda-Mór Custódio,
Tiradentes, Dom Prudêncio e mais alguma outra ou becos. O objetivo era preservar
o Centro Histórico, só isso. Mas houve uma descoberta incrível: redes de água
estavam em estado de destruição, apodrecidas, considerando os anos de uso e a
falta absoluta de manutenção. Já naquela época, o prefeito Li me confidenciara:
“Não temos redes de água em Itabira.” Passados 22 anos, ninguém deu atenção ao
problema e aí está a explicação pelo alto percentual de perdas da água.
Ponto final. Itabira precisa, sim, de buscar outras saídas
para a crise, novas fontes de abastecimento, certo. Mas não pode deixar de
renovar toda a sua rede subterrânea e vedar definitivamente o desperdício. E,
assim, sou obrigado a dizer e repetir o seguinte: falta água onde? Que água?
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