Deus criou o mundo. O ser humano inventou o VAR. Não deu certo. O nome original do que deu errado: Video
Assistant Referee, ou árbitro assistente de vídeo. O recurso, que parecia
ser a solução para o futebol, por enquanto, acabou com o futebol.
Vejam o seguinte: estou ouvindo o jogo pela Itatiaia e vendo
também pelo Premier. Sai o gol pelo Caixa, que grita “Caixaaa” e eu vibro; vêm
as imagens e vibro dobrado. Mas o juiz que está no campo, que nada manda mais,
recebe um sinal do outro sujeito que está na sala ao lado comandando uma
central de imagens.
Dúvidas pairam no ar. A torcida, que vibrou, cala-se; eu vibrei,
calo-me, ou melhor, entalo-me, porque sou escravo do tal VAR; em seguida vem
aquele gesto que considero obsceno, dado pelo juiz, que faz uma volta no ar e
fecha embaixo. Aguardamos. O juiz vai lá e vê o vídeo. Confere. Volta correndo.
Olhamos nos seus passos como seus escravos, seguindo-os. Demonstra a seguir que
foi gol legal. Como dizia Kafunga; “Gol barra-limpa”. Aponta para o centro de campo e o Mário Henrique berra de
novo: “Caixaaa”. Os jogadores se abraçam, a torcida vibra. Mas não é a mesma
coisa.
Ou pode dar o contrário: não tem mais “Caixaaaa”. Descaixaaaaa. Depois
tem a torcida beneficiada comemorando. Não houve gol nenhum. O VAR arrebenta
com o gol e o transforma em bola furada. E lamentamos. E xingamos.
Acho que não vou me acostumar com essa rotina: olhar para a cara
do juiz e esperar o seu gesto obsceno. Não, este não é o futebol que os
chineses e japoneses inventaram, os ingleses aperfeiçoaram e o Brasil nele se
tornou penta-campeão mundial.
Volto a dizer que o VAR não é a minha praia. Ele arranca de nós
a emoção do gol, retira aquele momento em que nos sentimos entalados pela
vontade de vibrar.
Sugiro que procurem um discípulo de Sigmund Freud.
Com certeza ele dirá que esta é mais uma condenação contra a felicidade do ser
humano. Continuo assim: VAR é fraude. E faz mal. Vai mudar a nossa paixão que vai se chamar FUTEVAR.
José Sana
07/04/2019
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