terça-feira, 27 de julho de 2021

ERA UMA VEZ NO CENTRO-LESTE

Itabira, 31 de maio de 2045. Aos olhos de quem viveu a década de 2020, nada há de novo debaixo do sol itabirano. Mas aos observadores mais detidos, eis aí uma nova cidade, completamente diferente, ainda pagando o preço das mudanças irrequietas promovidas pela natureza, que requer ajustes perfeitos no decorrer do tempo.

A Lei das Transformações, de Antoine Laurent de Lavoisier (Paris, 26 de agosto de 1743 — Paris, 8 de maio de 1794) não falhou e não falha desde o início do mundo: “Na natureza  nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Compatriota de Lavoisier, o designer e arquiteto Philippe-Patrick Starck, hoje com 72 anos de idade, tenta remendar o enunciado que se eternizou, desta forma: “Somos prisioneiros de uma sociedade ‘descartável’. A única maneira de escapar é criar um design sustentável”.


Detendo-nos no hoje propriamente dito, julho de 2021, vemos ainda a cidade de Carlos Drummond de Andrade na contramão do seu destino. A história de Itabira é “sui generis” e poucos veem. Fechada por uma neblina que vem de uma nuvem escura, seus  atuais e alguns anteriores governantes, incluindo do próprio país, estado e  município neste contexto, não raciocinam. E pensam com todas as evidências enganadoras do presente, encobertos pela riqueza temporária que se exaure já.

Afirmar que há uma briga ideológica sendo  travada neste instante não passa de desconhecimento  total da causa natural que nos envolve. Tal situação já abordamos em textos anteriores e podemos provar:  tinha que chegar e chegamos à hora fatal do tudo ou nada. Em outras palavras, somos viajantes das incertezas e as energias se esgotaram. Foi-nos determinada uma tarefa e a executamos  de forma atabalhoada. A hora é do acerto, não se pode mais errar.

A conclusão de hoje nos leva à seguinte constatação: chega de bater no peito e proclamar façanhas artificiais inventadas por vaidades mesquinhas! Chega de pegar uma bandeira verde-amarela ou vermelha, ou de qualquer cor, e sair por aí abanando como tolos, babacas, defendendo racismo, feminismo, machismo, direita, esquerda, o que for! O único caminho a seguir vem de nossa origem, de nossa determinada função nesta viagem que precisa ser desvendada.

Itabira é rica em filósofos, historiadores, articulistas, poetas, escritores e artistas, muito mais que o restante de minério de alto ou baixo teor ferrífero. Abriga os  seus estudiosos que a analisam detidamente, como os grandes acadêmicos de pesquisas científicas. Mas desperdiça tudo, chuta o balde, como diz-se popularmente, e ainda deixa transparecer uma cruel situação: a briga da vaidade política  contra a vaidade política. Insistem em repetir erros já definidos como perda total de tempo. Chega de errar!

De 2045 retrocedemos ao 2021. Estávamos chorando pelo leite derramado agora. Resta-nos, então e ainda, este trunfo: poder esticar a imaginação a  um futuro de que não participaremos aqui no globo terrestre, mas que estará castigando nossos filhos, netos, bisnetos, gerações inteiras. 

Era uma vez uma notável oportunidade de sermos  eficientes.

P.S.: O título deste texto é quase um plágio do filme clássico western “Era uma vez no Oeste”,  do lendário Sergio Leone, 1968, elenco de Henry Fonda, Charles Bronson e Frank Wollf. 

A ideia de utilizá-lo vem da ameaça, sempre presente na mente itabirana, de ter no futuro uma paisagem inóspita, tal como as cidades americanas do oeste, que só serviram para palcos de filmes faroeste.

José Sana

Em 27/07/2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário