Estamos tentando imaginar como será a estratégia de candidatos nas próximas eleições, para deputado estadual e federal, anunciando uma “cidade fantasma”
Antes de mais nada, quero deixar bem claro, claríssimo, que retiro das referências deste texto, que vou agora rabiscar, vários nomes de marqueteiros que admiro o trabalho e a profissão deles. Não vou citar nomes, são amigos do peito e praticam o marketing necessário, que interessa ao povo e à verdade.
Quando foi criada a expressão “marketing”, na sequência da Revolução Industrial (séculos
18 e 19), era justo e necessário contar com o
instrumento. A interpretação dos
fatos movia-se por uma visão negativa,
no mundo, difundida a ideia da
substituição do homem por máquinas. A explicação real precisou ser difundida para que houvesse paz
no seio da informação.
Como obra do marketing,
apareceu o filme de Charles Chaplin — “Tempos Modernos” — que critica a
alienação da sociedade diante da transformação do homem em complemento
industrial. Daí quero apenas dizer que o marketing não se constitui apenas uma
arma de direita, mas também da esquerda e valeu a intervenção de Carlitos.
É preciso mostrar a face intocável do marketing, com sua sujeira, que não deveria progredir mais, a
não ser que siga a verdade e o respeito diante de tudo o que já
foi falado, visto, analisado. O marketing mentiroso deturpa criminosamente
a realidade a ponto de o desinformado já perceber o sentido da expressão “cara de pau”.
“Em excesso, a sinceridade e a verdade podem ofender e
magoar o outro”. Li a frase em algum lugar por aí. Com o óbvio sendo
contestado, além de chamar de babaca o cidadão,
mensagens que maquiam a trapaça podem atrasar o mundo, deveria tornar-se
crime inafiançável a invasão de propriedade como se fosse bandido que
carrega pena perpétua.
Imagino, por exemplo, um quadro assim, do qual sou testemunha: em certo dia cheguei a uma cidade do Vale do Rio Doce.
Atraíam a imprensa protestos relativos à
construção de barragens. Fui ver de que se travava a zoeira.
O tema que me
chamou a atenção tinha o nome de cobertor: uma kombi lotada deles ensurdecia
a cidade, anunciando, em alto-falante, promoção
a preços de banana. A cidade,
premiada com os gritos estridentes do locutor persistente e que era simplesmente Conselheiro Pena, situada às margens do Rio
Doce. De janeiro a dezembro, a região vive um insuportável “calorão do cão” , inventado e benzido por
Fernando Silva, colunista da DeFato. O inverno é palavra desconhecida na cidade
até por cães vadios que se amontoam em passeios e portas de açougues.
Depois de inquietantes tentativas durante 36 dias,
incluindo domingos e feriados, o camelô conseguiu uma marca em que ninguém acreditou:
faturou, à vista, um cobertor chamado “três semanas”, daqueles que fazem o
dorminhoco “pedalar” a noite toda. Ele quis saber de qual região
veio o consumidor, a resposta saiu seca e firme: “Maria da Fé,
no Sul de Minas Gerais, onde ambulante de sorvete e picolé passa fome”.
Curioso, apurei que o batalhador do gelo resolveu
deslocar-se para a cidade sulina e lá vendeu até a kombi e comprou um caminhão.
Entupiu-o de edredons, mantas e cobertores e vendeu como sequer imaginava. Ficou
rico.
Como os ricos não se contentam com o que ganham, com medo
de perder a fortuna, resolveu contratar um marqueteiro que criou a seguinte
imagem: “Vendi cobertores em Conselheiro Pena, por isso sou o maioral”. Era
mesmo, passou o caminhão para a frente e montou uma indústria... de cobertores no
Sul. E voltou para Conselheiro Pena com roupagem do Polo Norte.
Na antiga Itabira do Mato Dentro estamos tentando
imaginar como será a estratégia de um candidato nas próximas eleições parlamentares.
Minha inteligência é curta para enfrentar um desafio desse naipe, por isso não
consegui ser marqueteiro na vida.
Se eu fosse aprovado no concurso de Marketing da altura
de um Gilzan Guanaes, estabeleceria como tema, cabeça de propaganda, um
itinerário assim desenhado:
“Alô, eleitor, resolvemos implantar uma espécie de
democracia da publicidade. Então, vamos trabalhar com pesquisas. E já fizemos a
nossa planilha de trabalho. Anotem e nos cobrem em 2026 o que o povo pediu:
— Não vamos dar
andamento às obras da Unifei, paralisadas há três anos. Onde já se viu
município dar dinheiro para o Governo Federal?
— Parque Científico e Tecnológico? O povo diz que nunca viu nem ouviu falar.
— Aeroporto? Esse vai sair mesmo, já estamos prometendo,
antes do Metrô.
— Água do Rio Tanque? Pra quê? A população vai reduzir,
mais da metade de Itabira vai embora e teremos água de sobra.
— Empregos? Visitem o Sine, nem filas mais temos lá.
— Metrô? Quem vai andar nessa droga se os ônibus vão ser
de graça?
— Saúde para o povo? Quem morre nunca reclama.
— Central de Resíduos? Desde 2021 paralisamos a catação
de lixo, misturamos a mistureba e nem os urubus reclamam.
— Ao invés de "cidade fantasma", quem sabe possa receber um nome mais simpático como: "Lixolândia " ou "Buracolândia" ou "Terra dos Pernilongos"?
— As pesquisas
apuraram também que o itabirano é mesmo
um panaca, mas isso ninguém pode falar, somente praticar.
— Seremos um governo que nunca fará promessa, somente duas:
no próximo “calorão do cão” vamos trazer
o vendedor de cobertor de Conselheiro Pena, para Itabira e levar um de picolé
para Maria da Fé.
— Para encerrar, vamos reformar a Fazenda Cabangu, onde
passou as férias de julho a inesquecível Elke Maravilha. A realização, que até
já começou e será monumental, suprirá o que cobram de mim como “grande obra”.
Os recursos — já que estamos literalmente quebrados — virão
do ICMS Cultural, cópia de iniciativa de Santana do Cata Prego e com cara de “cidade
fantasma”. Melhor ideia é candidato (a) não subir em mesas.
E viva o prefeito itabirano da Serra Sem Cauê, cara de
pau, que sabe enrolar até pingo d’água, que não tem medo de fantasmas do além,
como a Loira do Parente! Se esse capiroto aparecer e puxar o seu “cobertor de
três semanas”, em altas horas da madrugada, ofereça-lhe um sorvete ou picolé ou
cobertor, ou edredom!
Zé do Burro & Burro do Zé
19/09/O9/2025
Imagens: redes animais irracionais
P.S.: O verbo deputar existe. Então, eu quero ver e ouvir algum (a) candidato (a) conjugar o verbo na primeira pessoa do indicativo ou no futuro do presente. E receber aplausos.
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