Os maias
anunciaram em seu calendário. A imprensa publicou, depois, que foram
encontrados novos escritos desmentindo tudo. Alguns cientistas confirmaram.
Países da Europa, como França e Rússia, tomam providências para que não se
perca todo o território numa eventual catástrofe. A França, por exemplo, isolou
uma área numa montanha para que ninguém entre lá. Há outros países acreditando
piamente nesse apocalipse. Neste nosso Brasil, deve haver alguma coisa e essa
coisa deverá ser uma festa no dia 22 deste mês, isto é se o mundo não acabar no
dia anterior. E fica a pergunta: o mundo vai mesmo acabar agora, agorinha, já?
Ninguém por
aqui, na região de Itabira, está preocupado com o que pode ou não acontecer
neste próximo dia 21. Quase todos programam o Natal. Eu, por exemplo, tenho que
comprar alguns presentes para amigos, afilhados e familiares. Haverá um ou dois
“amigos ocultos” para participar. Portanto, penso mais no Natal do que no fim
do mundo.
Lembro-me de quando
era criança, meu pai, tinha loja muito sortida e grande, em São Sebastião do Rio
Preto, que era palco de suas incontáveis brincadeiras. Tãozinho do Godó se fazia do maior brincalhão do lugar, contador de piadas quase vivas, engraçado pra valer, divertido ao extremo, bem-humorado e
dono de uma gargalhada de fazer tremer a rua São Vicente e Bonfim, que se
encontravam na esquina do nosso sobrado. Ele sempre tinha muitas anedotas novas para
contar, principalmente quando retornava de viagem de compras feitas em Belo Horizonte.
Ele obrigava
o cliente da loja ou não cliente a ouvi-lo. Até mesmo chamava algum distraído que passava na
rua. E por aí ia, assim, assim, assim... “O mundo vai arrasar (era essa a
expressão usada) e vou aproveitar e convidar você para ser meu sócio num grande
empreendimento. Vamos juntar uma rede de lojas depois espalhá-las pelo mundo
todo e vamos ganhar muito dinheiro.Você topa o negócio?”
O distinto
ouvinte ficava intrigado. Pensava, pensava, pensava e resolvia fazer a pergunta
que tiraria a sua dúvida: “Uai, Tãozinho, pra quem a gente vai vender?”
Coidadinho! A resposta era um tiro na testa: “Para um bobo igual a você!” A brincadeira,
de muitos risos, me consolava sobre o fim do mundo, principalmente me fazia
fugir a memória dos discursos do padre no altar da Igreja Matriz de São
Sebastião. Gritavam sempre o Padre Argel, mais tarde o Padre Raul: “Mil
passarão, mas dois mil não chegarão!” Vieram os anos 2000 e 2001, agora 2012, e
estamos aí. E o mundo não acabou.
A terceira saída
do problema vem deste pensamento: tenho para mim mesmo um argumento muito
consistente. O mundo para ser criado demorou milênios. Tudo caminhou num
processo demorado como é tudo na natureza. Uma verdadeira marcha lenta, a meu ver
parecida com a evolução das espécies ensinada por Charles Darwin. Quer dizer
que, para acabar, tem que ser, também, lentamente. Que estamos nesse processo de
transformação, sei, mas que nada vai explodir como um tsunami, isso não vai, provocando uma destruição geral. Vulcões, terremotos, maremotos, e qualquer tipo de detonação
subterrânea só para determinados lugares.
Dessa forma,
pediria à Vale, a nossa empresa-mãe e sustentáculo econômico, que não fizesse
detonar os seus novos e revolucionários dinamites eletrônicos que balançam a
cidade como um terremoto na escala 20, assim da forma que explodiu, sem barulho, Itabira
no dia 9 de outubro passado. Presente de aniversário.
Poupe-nos, Vale, no dia 21 de dezembro, que já é agora,
agorinha, e cancele a sua horripilante explosão! Tá falado?
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