sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

E aí, o mundo vai mesmo acabar no dia 21?


Os maias anunciaram em seu calendário. A imprensa publicou, depois, que foram encontrados novos escritos desmentindo tudo. Alguns cientistas confirmaram. Países da Europa, como França e Rússia, tomam providências para que não se perca todo o território numa eventual catástrofe. A França, por exemplo, isolou uma área numa montanha para que ninguém entre lá. Há outros países acreditando piamente nesse apocalipse. Neste nosso Brasil, deve haver alguma coisa e essa coisa deverá ser uma festa no dia 22 deste mês, isto é se o mundo não acabar no dia anterior. E fica a pergunta: o mundo vai mesmo acabar agora, agorinha, já?

Ninguém por aqui, na região de Itabira, está preocupado com o que pode ou não acontecer neste próximo dia 21. Quase todos programam o Natal. Eu, por exemplo, tenho que comprar alguns presentes para amigos, afilhados e familiares. Haverá um ou dois “amigos ocultos” para participar. Portanto, penso mais no Natal do que no fim do mundo.

Lembro-me de quando era criança, meu pai,  tinha  loja muito sortida e grande, em São Sebastião do Rio Preto, que era palco de suas incontáveis brincadeiras. Tãozinho do Godó se fazia do maior brincalhão do lugar, contador de piadas quase vivas, engraçado pra valer, divertido ao extremo, bem-humorado e dono de uma gargalhada de fazer tremer a rua São Vicente e Bonfim, que se encontravam na esquina do nosso sobrado. Ele sempre tinha muitas anedotas novas para contar, principalmente quando retornava de viagem de compras feitas em Belo Horizonte.

Ele obrigava o cliente da loja ou não cliente a ouvi-lo. Até mesmo chamava algum distraído que passava na rua. E por aí ia, assim, assim, assim... “O mundo vai arrasar (era essa a expressão usada) e vou aproveitar e convidar você para ser meu sócio num grande empreendimento. Vamos juntar uma rede de lojas depois espalhá-las pelo mundo todo e vamos ganhar muito dinheiro.Você topa o negócio?”

O distinto ouvinte ficava intrigado. Pensava, pensava, pensava e resolvia fazer a pergunta que tiraria a sua dúvida: “Uai, Tãozinho, pra quem a gente vai vender?” Coidadinho! A resposta era um tiro na testa: “Para um bobo igual a você!” A brincadeira, de muitos risos, me consolava sobre o fim do mundo, principalmente me fazia fugir a memória dos discursos do padre no altar da Igreja Matriz de São Sebastião. Gritavam sempre o Padre Argel, mais tarde o Padre Raul: “Mil passarão, mas dois mil não chegarão!” Vieram os anos 2000 e 2001, agora 2012, e estamos aí. E o mundo não acabou.

A terceira saída do problema vem deste pensamento: tenho para mim mesmo um argumento muito consistente. O mundo para ser criado demorou milênios. Tudo caminhou num processo demorado como é tudo na natureza. Uma verdadeira marcha lenta, a meu ver parecida com a evolução das espécies ensinada por Charles Darwin. Quer dizer que, para acabar, tem que ser, também, lentamente. Que estamos nesse processo de transformação, sei, mas que nada vai explodir como um tsunami, isso não vai, provocando uma destruição geral. Vulcões, terremotos, maremotos, e qualquer tipo de detonação subterrânea só para determinados lugares.

Dessa forma, pediria à Vale, a nossa empresa-mãe e sustentáculo econômico, que não fizesse detonar os seus novos e revolucionários dinamites eletrônicos que balançam a cidade como um terremoto na escala 20, assim da forma que explodiu, sem barulho, Itabira no dia 9 de outubro passado. Presente de aniversário.

Poupe-nos, Vale, no dia 21 de dezembro, que já é  agora, agorinha, e cancele a sua horripilante explosão! Tá falado?

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