segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

SURPRESAS E REVELAÇÕES EM CANÇÃO NOVA

Acostumei-me a dizer que sempre temos novidades,  surpresas e até mesmo, se for o caso, decepções  na vida. Nunca concordei com aqueles que levantam o  topete e garantem em tom quase solene: “Já vi de tudo!”.

Estive neste fim de semana em Canção Nova, ao lado da  minha companheira de quase 45 anos de vida e mais dezenas de itabiranos e de vizinhos da cidade. O objetivo era também observar, como sempre  continuo observando, a conduta de seres humanos na face do Planeta Terra. Faço-o conscientemente desde os 11 anos por motivos unicamente científicos.

Não vou explicar aqui o que é a Comunidade Católica de Canção Nova. Restrinjo-me a sintetizar o seguinte: local aprazível, comandado por padres e leigos, dentro de Cachoeira Paulista, Estado de São Paulo, por coincidência um dos pontos demarcatórios da Estrada Real. Lá estive várias vezes a partir de 2006. Por perto está Cunha, também em SP, e mais adiante o ponto final das riquezas via cargueiros, Paraty, no Estado do Rio de Janeiro.

Cerca de 50 mil pessoas (cálculo de organizadores da festa) participaram do Hosana Brasil 2014, evento anual que teve a sua décima edição, de 5 a 7 de dezembro. Neste ano, foi inaugurado o Santuário do Pai das Misericórdias, com capacidade para abrigar dez mil pessoas, ao lado do Centro de Eventos, que mal acomodou cerca de 40 mil almas na missa de encerramento, no domingo, 7 de dezembro.

Fato que me chamou a atenção logo no início: aquela  multidão e nem um policial. Mas como?  Por quê? Não acredito! — exclamei de mim para mim. Em seguida, a ordem de tudo, com dezenas de filas para tudo, às vezes verdadeiras procissões quilométricas, sendo duas para os restaurantes, um de self-service e outra de “marmitex.”

E a cara do pessoal? Setenta por cento pessoas humildes, dez por cento de outros países e o restante, 20%, classe média para cima. Praticamente, as casas dos bairros mais populares se transformam em pousadas. Na casa em que nos abrigamos dormiram  56 pessoas, transformadas em sardinhas humanas em sete cômodos. Três dias de idas e vindas ao local da festa, que teve não apenas atividades religiosas, mas culturais e de lazer também, incluindo shows diversos.

A história de cada um. Ouvi algumas, muitas, emocionantes, por sinal. Por isso se diz que a fé remove montanhas. Muitos jamais poderiam financeiramente ir lá e foram. A fé o levou. E não tenham dúvida, essa atitude de crer é o diálogo do inconsciente com o consciente ou subconsciente.Um ordena e o outro faz.

Além da fé individual, pessoal, personalizada, há a coletiva. Aí entra a multidão. Quem não sente não tem percepção, ou ainda não está preparado para tal: quando os desejos, sonhos, pedidos, preitos de gratidão, tudo se une num só pensamento, aí a fé não mais remove montanhas, mas cordilheiras e até montes divisórios com oceanos.

Foi o que vi em Canção Nova, utilizando o meu aguçado sentido analítico. Eu que nasci romeiro e pratiquei o costume de antepassados desde os 5 anos de idade, viajando num balaio de burro-cargueiro, em contrapeso ao meu irmão, Carlos, um ano mais novo, na direção de Conceição do Mato Dentro, a 60 km de minha terra natal. Era pagamento de promessa  de  nosso avô, Godofredo Cândido de Almeida, ao boníssimo Bom Jesus de Matozinhos, no tradicional  e bicentenário Jubileu que se realiza em junho.
 

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