Acostumei-me a dizer que sempre
temos novidades, surpresas e até mesmo,
se for o caso, decepções na vida. Nunca
concordei com aqueles que levantam o
topete e garantem em tom quase solene: “Já vi de tudo!”.
Estive neste fim de semana em
Canção Nova, ao lado da minha companheira
de quase 45 anos de vida e mais dezenas de itabiranos e de vizinhos da cidade.
O objetivo era também observar, como sempre continuo observando, a conduta de seres humanos na face do Planeta Terra. Faço-o
conscientemente desde os 11 anos por motivos unicamente científicos.
Não vou explicar aqui o que é a
Comunidade Católica de Canção Nova. Restrinjo-me a sintetizar o seguinte: local
aprazível, comandado por padres e leigos, dentro de Cachoeira Paulista, Estado
de São Paulo, por coincidência um dos pontos demarcatórios da Estrada Real. Lá
estive várias vezes a partir de 2006. Por perto está Cunha, também em SP, e
mais adiante o ponto final das riquezas via cargueiros, Paraty, no Estado do
Rio de Janeiro.
Cerca de 50 mil pessoas (cálculo
de organizadores da festa) participaram do Hosana Brasil 2014, evento anual que
teve a sua décima edição, de 5 a 7 de dezembro. Neste ano, foi inaugurado o
Santuário do Pai das Misericórdias, com capacidade para abrigar dez mil
pessoas, ao lado do Centro de Eventos, que mal acomodou cerca de 40 mil almas
na missa de encerramento, no domingo, 7 de dezembro.
Fato que me chamou a atenção logo
no início: aquela multidão e nem um
policial. Mas como? Por quê? Não
acredito! — exclamei de mim para mim. Em seguida, a ordem de tudo, com dezenas
de filas para tudo, às vezes verdadeiras procissões quilométricas, sendo duas
para os restaurantes, um de self-service
e outra de “marmitex.”
E a cara do pessoal? Setenta por
cento pessoas humildes, dez por cento de outros países e o restante, 20%,
classe média para cima. Praticamente, as casas dos bairros mais populares se
transformam em pousadas. Na casa em que nos abrigamos dormiram 56 pessoas, transformadas em sardinhas
humanas em sete cômodos. Três dias de idas e vindas ao local da festa, que teve
não apenas atividades religiosas, mas culturais e de lazer também, incluindo
shows diversos.
A história de cada um. Ouvi
algumas, muitas, emocionantes, por sinal. Por isso se diz que a fé remove
montanhas. Muitos jamais poderiam financeiramente ir lá e foram. A fé o levou.
E não tenham dúvida, essa atitude de crer é o diálogo do inconsciente com o
consciente ou subconsciente.Um ordena e o outro faz.
Além da fé individual, pessoal,
personalizada, há a coletiva. Aí entra a multidão. Quem não sente não tem
percepção, ou ainda não está preparado para tal: quando os desejos, sonhos,
pedidos, preitos de gratidão, tudo se une num só pensamento, aí a fé não mais
remove montanhas, mas cordilheiras e até montes divisórios com oceanos.
Foi o que vi em Canção Nova, utilizando o meu aguçado sentido analítico. Eu que nasci romeiro e pratiquei o costume de antepassados desde os 5 anos de idade, viajando num balaio de burro-cargueiro, em contrapeso ao meu irmão, Carlos, um ano mais novo, na direção de Conceição do Mato Dentro, a 60 km de minha terra natal. Era pagamento de promessa de nosso avô, Godofredo Cândido de Almeida, ao boníssimo Bom Jesus de Matozinhos, no tradicional e bicentenário Jubileu que se realiza em junho.
Foi o que vi em Canção Nova, utilizando o meu aguçado sentido analítico. Eu que nasci romeiro e pratiquei o costume de antepassados desde os 5 anos de idade, viajando num balaio de burro-cargueiro, em contrapeso ao meu irmão, Carlos, um ano mais novo, na direção de Conceição do Mato Dentro, a 60 km de minha terra natal. Era pagamento de promessa de nosso avô, Godofredo Cândido de Almeida, ao boníssimo Bom Jesus de Matozinhos, no tradicional e bicentenário Jubileu que se realiza em junho.
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