Ali
nasci. A minha única contrariedade foi que na terra natal não tem mar. Mas se
queria que o evento ocorresse em Minas Gerais, não haveria outra alternativa. Cresci
no arraial, São Sebastião do Rio Preto, até completar 12 janeiros. Apesar da
ausência no tempo a seguir, estou sempre na terrinha, quando não física,
espiritualmente. Algumas vozes estranhas e mal-entendidas costumam dizer que não amo meu torrão. Problema
delas, não meu.
Como
todo humano, sem exceção, tem os seus personagens na vida, promovo os meus e os
cultivo com carinho. Em cada cidade que me detenho, guardo de todas nomes interessantes, a maioria componente do
folclore local. As imagens são, portanto, para sempre, nunca saem de minha
memória. Transformam-se, na verdade, em entes especiais.
Abro
um rápido parênteses para dizer que em Itabira há uma numerosidade imensurável
por ser a cidade em que mais vivi e vivo, claro. Destaco Pedro Rapadura, Mané
Gato, a Loira do Campestre, a Loira do Parente, o Pé de Pato, Zé Inácio do
Botafogo, Abílio do Cinema (Abdala que está muito bem entre nós). Dentre
centenas, destaco a intelectualidade cultural: Drummond, Cornélio Pena, João
Camilo Torres e Pena, Paulo Camilo (inventor do royalty do minério de ferro),
Luís Camilo, Clovis Alvim, José de Grisolia, Ninico Amâncio, Alfredo Duval,
Trajano Procópio, Arp Procópio, Antônio Meia-Noite, Zé Rita Barbosa, Padre
Joaquim, Emílio Zacarias, Tenente Cândido Eliziário, Virgilino Quintão, Mauro
de Alvarenga, Tenente Agostinho, Arp Procópio, Ari Castilho, Custódio Martins
da Costa, Caio Martins da Costa, José Machado Rosa, Tonico Português, Eurico
Camilo, Virgílio Gazire, Sanalda, José Braz Torres Lage, José dos Santos Cruz,
Luiz Menezes, Juquita Dias, Abrahim Gazires, Cristina Gazire, Juca Rosa,
Alfredo Sampaio, Antonina Moreira, Eleonora Nunes Pereira, Aprígio, Renato
Campos, Alexandre Drumond, Sizenando de Barros, Altivo Drummond de Andrade,
João Paulo Pinheiro, Doutor Robinson, José Geraldo Vieira, Emídio Alves Ferreira, Jorge De Caux,
Jason Bragança, Maricas Magalhães, Monsenhor José Lopes dos Santos, Monsenhor
José Lopes Magalhães, Dom Mário Gurgel, Dom Lélis Lara, Suzinha de Sá Martins,
Waldemar de Alvarenga Lage, Acrysio de Alvarenga, Osório Sampaio, Trajano
Procópio, Zoraida, Totoque, Batistinha, Cornélio Pena, Coronel José Batista,
Antônio Linhares Guerra, Madre Maria de Jesus, Diogo Bethônico, Marília
Comunian, Jairo Magalhães Alves, Todos empilhados e mais os políticos e
históricos, representados por Tutu Caramujo, dariam uma enciclopédia.
Em
Guanhães, onde passei um bom tempo da pré-adolescência, destaco Seu Nabuco,
maestro da Banda de Música em cuja corporação empunhei um bombardino; os
incríveis pés de jabuticaba visitados cotidianamente, além das laranjas e mexericas;
o Seu Fonseca, português letrado e
regente exigente do Ginásio; o Porteiro do Cinema, que me dava entrada franca
de domingo a domingo; Stael, que se tornou a mestre-cuca da melhor empada do
mundo, feita de macarrão e caldo de massa de tomate com uma pimentinha
despistada; Seu Benjamim, da loja que me abastecia até de uns trocados;
professores Chaves, Heitor, Vicente Guabiroba, donas Lúcia e Antonieta Prado. E
até o doce de leite Virgínia entra para o meu grupo de personagens.
Conceição
do Mato Dentro consta também de minhas anotações: Frei Isaías da Piedade (que
quase me arrancou o couro cabeludo de coques), Frei Manuel, o capelão do
Ginásio São Francisco, Frei Agatângelo; Seu Albertino (barbeiro do Ginásio, que
viveu 114 anos e vendia pé de moleque), Joaquim Bento, José Pires, Jorge Safe,
Doutor Duarte, Professores Vidigal, Zé Abrantes, Oscarino, Aristides, José
Pedro, João Lima (da Escola de Comércio); médico Juvêncio Guimarães,
historiador Joaquim Ribeiro Costa, Luiz Duarte, Bruno Pires Carneiro, Daniel de
Carvalho, Geraldo Dutra de Morais, Dona Ubaldina,.
E
até de Capelinha guardo inesquecíveis lembranças: da Convertida, uma cadela do
padre da matriz, que ia para todos os cantos em que havia movimento, como
festas de aniversários, casamentos, o que fosse que juntasse gente, principalmente,
velórios; Tico Neves, Família Pimenta, José Wayne da Banca Tio Patinhas, Tadeu
do Coral; a barulhada dos alto-falantes em veículos também me deram inspiração.
Fecho o parêntes.
Agora
estamos em São Sebastião do Rio Preto. É difícil apontar gente e fatos sem se
cometer injustiças, mas vamos lá assim mesmo: Zé Vaqueiro, goleiro do Iris F.
C., depois São Sebastião Futebol Club (por quem nutria uma inigualável e
inarredável admiração). Outro, inesquecível, João Ferreira Neto,nome próprio,
de cartório e pia batismal, conhecido como João Lagoa ( Quando saía de um
boteco e ia para outro boteco, bradava de bom tom e som: “Se perguntar por João
Ferreira Neto, João Ferreira Neto tá pra trás acertando negócio!” E repetia
inúmeras vezes, de pescoço envergado, a ênfase que dava às últimas palavras.
Enfim, dava de graça ao povo a sua incomparável filosofia de simplicidade e
jeito de ser).
Outros
personagens continuo tentando citá-los precariamente. Prometo voltar a cada um com detalhes em
outra ocasião. Por enquanto, são estes os nomes que afloram à minha memória,
citados sem ordem alguma (sequer alfabética): Joaquim Sete Léguas, Jabutirica,
Zé Loriano, Godozinho (o inventor do palavrão), Estrogildo, Antônio Adolfo,
Todinho da Rosa, Raimundo Garangui, Joaquim da Loló, Zé Adolfo, Levi Seleiro,
Lulu Garcia, Seu Godó, Padre Quinzinho, Padre Manuel Madureira, Padre Ponciano,
, Padre Argel (que afastou meio arraial da igreja por falar só de política e
relegar a vida eterna), Padre Raul, Serafim
Sana, Seu Godó, Seu Dé da Banqueta, Liberato, Zé Virgulino, GeraldoVirgulino,
Manuel Bispo, João Paulo, Raimundo do Tó, Ziquinha, Paulo Ziquinha, Geraldo
Ziquinha, Zé Ziquinha, Raimundo Ziquinha, Bastião Paulo, Tião Batista, Alvim,
José Leopoldino, Zé Petronilha, Godó Amaro, Zé Melo, José Vitório, Vitório
Júlio, Mingola, Chico do Padre, Zé Vargas, Somiro, João do Olímpio, Antônio
Duarte, Elói (“Põe ele no moinho e ele mói), Domiro, Zezé da Alice, Sebastião
Calixto, Zé Alves, Pedro Nico, Caetano Nico, Manoel Fernandes, Joãozinho
Fernandes, Niquito, Zé do Juca, João do Juca, Juca Coelho, Generino Augusto,
Agenor do Cume, Ninico Motta, Zé Augusto da Barra, Euzébio da Banqueta,
Joãozinho Augusto, Artur Moura, Zé Catumbi, Seu Ovídio, Geraldo Vital, Benedito
Buty, Antônio Soares, Teia do Roque, Seu Nhanhá, Euclides Arruda, João Pereira,
Joaquim de Almeida, Zé Bonifácio, Olímpio Melo, Júlio da Sete, Orlando
Juventino, Job Juventino, Paulo Juventino, Joaquim Godó, Nego da Olinda, Tatão
Cidreira, Marciano Moura, Seu Alexandre (carpinteiro, pedreiro, pintor,
músico), Otávio Alfaiate, Luiz de Almeida, Tó (sacristão do Padre Quinzinho),
Zé Miguel do Chico Lopes, Duca, Tãozinho do Godó, Ari Moura (inventor da
expressão “apertou lá”, bem mais elegante que “foda-se”), Ari Zé Vitório, Zezé
do Godó, Noé do Cartório, Sótão do Padre, João Moura, Urbano Moura, Raimundo
Moura, Sebastião da Maricas, Roque do Zé Mingo, Lucinho Moura, Zé Nico, Adão
Barbeiro, Raimundo Praúna, João Martins, Chico Bejo, Levi Quinjorje, Dr.
Madureira, Casito (“o homem que pode mais que Deus”), Mundinho Elpídio, Zé
Pirulito, Nonô Foiçada, Zé Matosinhos, Ziziu, Nedino, Nonô do Aciu, Tomaz
Malta, Raimundo Malta, Quinzinho da Malacacheta, Zé do Quinzinho, Zé
Petronilha, Zé Benedito, Manuel do Orozimbo, Torino, Bio do Zé Petronilha, Paíba,
Dedé Serrador, Joãozinho Pão de Queijo (que fez 80 anos em dezembro passado).
E para não deixar um vácuo
em nomes femininos, eis uma pequena lista: Dona Zizinha, Salinda, Dona Ninita, Sinhá
do Godó, Dona Naguita, Ricardina Bomba, Dona Maricas do Sotão do Padre, Neném
da Maricas, Sonel do João Paulo, Bernadete do Padre Basílio, Dona Isaura
Garcia, Lilica do Roque, Dona Luzia (grande incentivadora do folclore),
Izolina, Rosa do Melquíades, Dona Leni, Nega do Palamato, Chica do Godó , Sá
Inês, Nica Barroso, Maria Rita, Dona Didina, Maria Baiana, Maria Bárbara (minha
babá eterna), Rosa do Melquíades, Maria do Tião, Jandira do Otávio, Sinhá da
Olinda, Sá Josilia (parteira do povo com recorde de partos na região), Dona
Maria do Joaquim da Quinquina, Maria Santa, Cotinha do Zé Nico, Dona Clotilde, Maria
Jacintha, Tereza Buty, Marieta do Euclides, Marieta do Elpídio, Lalá do
Mundinho, Concebida do Maestro, Dona Ilsa.
De
cada personagem, uma recordação especial com meu intrometido conhecimento de
cada um, um desafio a fazer. Recordar é tudo ou nada mais existe, pois é “o mió
que tá teno”, como diz a Dona Maria Faxineira. Homenagem sincera à minha quase
justa memória. Enfim, encontro uma qualidade em mim: memorialista, mesmo
meia-boca.
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