segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

PERSONAGENS DE TODOS OS TEMPOS E INESQUECÍVEIS

Ali nasci. A minha única contrariedade foi que na terra natal não tem mar. Mas se queria que o evento ocorresse em Minas Gerais, não haveria outra alternativa. Cresci no arraial, São Sebastião do Rio Preto, até completar 12 janeiros. Apesar da ausência no tempo a seguir, estou sempre na terrinha, quando não física, espiritualmente. Algumas vozes estranhas e mal-entendidas  costumam dizer que não amo meu torrão. Problema delas, não meu.

Como todo humano, sem exceção, tem os seus personagens na vida, promovo os meus e os cultivo com carinho. Em cada cidade que me detenho, guardo de todas  nomes interessantes, a maioria componente do folclore local. As imagens são, portanto, para sempre, nunca saem de minha memória. Transformam-se, na verdade, em entes especiais.

Abro um rápido parênteses para dizer que em Itabira há uma numerosidade imensurável por ser a cidade em que mais vivi e vivo, claro. Destaco Pedro Rapadura, Mané Gato, a Loira do Campestre, a Loira do Parente, o Pé de Pato, Zé Inácio do Botafogo, Abílio do Cinema (Abdala que está muito bem entre nós). Dentre centenas, destaco a intelectualidade cultural: Drummond, Cornélio Pena, João Camilo Torres e Pena, Paulo Camilo (inventor do royalty do minério de ferro), Luís Camilo, Clovis Alvim, José de Grisolia, Ninico Amâncio, Alfredo Duval, Trajano Procópio, Arp Procópio, Antônio Meia-Noite, Zé Rita Barbosa, Padre Joaquim, Emílio Zacarias, Tenente Cândido Eliziário, Virgilino Quintão, Mauro de Alvarenga, Tenente Agostinho, Arp Procópio, Ari Castilho, Custódio Martins da Costa, Caio Martins da Costa, José Machado Rosa, Tonico Português, Eurico Camilo, Virgílio Gazire, Sanalda, José Braz Torres Lage, José dos Santos Cruz, Luiz Menezes, Juquita Dias, Abrahim Gazires, Cristina Gazire, Juca Rosa, Alfredo Sampaio, Antonina Moreira, Eleonora Nunes Pereira, Aprígio, Renato Campos, Alexandre Drumond, Sizenando de Barros, Altivo Drummond de Andrade, João Paulo Pinheiro, Doutor Robinson, José Geraldo Vieira, Emídio Alves Ferreira, Jorge De Caux, Jason Bragança, Maricas Magalhães, Monsenhor José Lopes dos Santos, Monsenhor José Lopes Magalhães, Dom Mário Gurgel, Dom Lélis Lara, Suzinha de Sá Martins, Waldemar de Alvarenga Lage, Acrysio de Alvarenga, Osório Sampaio, Trajano Procópio, Zoraida, Totoque, Batistinha, Cornélio Pena, Coronel José Batista, Antônio Linhares Guerra, Madre Maria de Jesus, Diogo Bethônico, Marília Comunian, Jairo Magalhães Alves, Todos empilhados e mais os políticos e históricos, representados por Tutu Caramujo, dariam uma enciclopédia.

Em Guanhães, onde passei um bom tempo da pré-adolescência, destaco Seu Nabuco, maestro da Banda de Música em cuja corporação empunhei um bombardino; os incríveis pés de jabuticaba visitados cotidianamente, além das laranjas e mexericas;  o Seu Fonseca, português letrado e regente exigente do Ginásio; o Porteiro do Cinema, que me dava entrada franca de domingo a domingo; Stael, que se tornou a mestre-cuca da melhor empada do mundo, feita de macarrão e caldo de massa de tomate com uma pimentinha despistada; Seu Benjamim, da loja que me abastecia até de uns trocados; professores Chaves, Heitor, Vicente Guabiroba, donas Lúcia e Antonieta Prado. E até o doce de leite Virgínia entra para o meu grupo de personagens.

Conceição do Mato Dentro consta também de minhas anotações: Frei Isaías da Piedade (que quase me arrancou o couro cabeludo de coques), Frei Manuel, o capelão do Ginásio São Francisco, Frei Agatângelo; Seu Albertino (barbeiro do Ginásio, que viveu 114 anos e vendia pé de moleque), Joaquim Bento, José Pires, Jorge Safe, Doutor Duarte, Professores Vidigal, Zé Abrantes, Oscarino, Aristides, José Pedro, João Lima (da Escola de Comércio); médico Juvêncio Guimarães, historiador Joaquim Ribeiro Costa, Luiz Duarte, Bruno Pires Carneiro, Daniel de Carvalho, Geraldo Dutra de Morais, Dona Ubaldina,.

E até de Capelinha guardo inesquecíveis lembranças: da Convertida, uma cadela do padre da matriz, que ia para todos os cantos em que havia movimento, como festas de aniversários, casamentos, o que fosse que juntasse gente, principalmente, velórios; Tico Neves, Família Pimenta, José Wayne da Banca Tio Patinhas, Tadeu do Coral; a barulhada dos alto-falantes em veículos também me deram inspiração. Fecho o parêntes.
Agora estamos em São Sebastião do Rio Preto. É difícil apontar gente e fatos sem se cometer injustiças, mas vamos lá assim mesmo: Zé Vaqueiro, goleiro do Iris F. C., depois São Sebastião Futebol Club (por quem nutria uma inigualável e inarredável admiração). Outro, inesquecível, João Ferreira Neto,nome próprio, de cartório e pia batismal, conhecido como João Lagoa ( Quando saía de um boteco e ia para outro boteco, bradava de bom tom e som: “Se perguntar por João Ferreira Neto, João Ferreira Neto tá pra trás acertando negócio!” E repetia inúmeras vezes, de pescoço envergado, a ênfase que dava às últimas palavras. Enfim, dava de graça ao povo a sua incomparável filosofia de simplicidade e jeito de ser).

Outros personagens continuo tentando citá-los precariamente.  Prometo voltar a cada um com detalhes em outra ocasião. Por enquanto, são estes os nomes que afloram à minha memória, citados sem ordem alguma (sequer alfabética): Joaquim Sete Léguas, Jabutirica, Zé Loriano, Godozinho (o inventor do palavrão), Estrogildo, Antônio Adolfo, Todinho da Rosa, Raimundo Garangui, Joaquim da Loló, Zé Adolfo, Levi Seleiro, Lulu Garcia, Seu Godó, Padre Quinzinho, Padre Manuel Madureira, Padre Ponciano, , Padre Argel (que afastou meio arraial da igreja por falar só de política e relegar a vida eterna), Padre Raul,  Serafim Sana, Seu Godó, Seu Dé da Banqueta, Liberato, Zé Virgulino, GeraldoVirgulino, Manuel Bispo, João Paulo, Raimundo do Tó, Ziquinha, Paulo Ziquinha, Geraldo Ziquinha, Zé Ziquinha, Raimundo Ziquinha, Bastião Paulo, Tião Batista, Alvim, José Leopoldino, Zé Petronilha, Godó Amaro, Zé Melo, José Vitório, Vitório Júlio, Mingola, Chico do Padre, Zé Vargas, Somiro, João do Olímpio, Antônio Duarte, Elói (“Põe ele no moinho e ele mói), Domiro, Zezé da Alice, Sebastião Calixto, Zé Alves, Pedro Nico, Caetano Nico, Manoel Fernandes, Joãozinho Fernandes, Niquito, Zé do Juca, João do Juca, Juca Coelho, Generino Augusto, Agenor do Cume, Ninico Motta, Zé Augusto da Barra, Euzébio da Banqueta, Joãozinho Augusto, Artur Moura, Zé Catumbi, Seu Ovídio, Geraldo Vital, Benedito Buty, Antônio Soares, Teia do Roque, Seu Nhanhá, Euclides Arruda, João Pereira, Joaquim de Almeida, Zé Bonifácio, Olímpio Melo, Júlio da Sete, Orlando Juventino, Job Juventino, Paulo Juventino, Joaquim Godó, Nego da Olinda, Tatão Cidreira, Marciano Moura, Seu Alexandre (carpinteiro, pedreiro, pintor, músico), Otávio Alfaiate, Luiz de Almeida, Tó (sacristão do Padre Quinzinho), Zé Miguel do Chico Lopes, Duca, Tãozinho do Godó, Ari Moura (inventor da expressão “apertou lá”, bem mais elegante que “foda-se”), Ari Zé Vitório, Zezé do Godó, Noé do Cartório, Sótão do Padre, João Moura, Urbano Moura, Raimundo Moura, Sebastião da Maricas, Roque do Zé Mingo, Lucinho Moura, Zé Nico, Adão Barbeiro, Raimundo Praúna, João Martins, Chico Bejo, Levi Quinjorje, Dr. Madureira, Casito (“o homem que pode mais que Deus”), Mundinho Elpídio, Zé Pirulito, Nonô Foiçada, Zé Matosinhos, Ziziu, Nedino, Nonô do Aciu, Tomaz Malta, Raimundo Malta, Quinzinho da Malacacheta, Zé do Quinzinho, Zé Petronilha, Zé Benedito, Manuel do Orozimbo, Torino, Bio do Zé Petronilha, Paíba, Dedé Serrador, Joãozinho Pão de Queijo (que fez 80 anos em dezembro passado).

E para não deixar um vácuo em nomes femininos, eis uma pequena lista: Dona Zizinha, Salinda, Dona Ninita, Sinhá do Godó, Dona Naguita, Ricardina Bomba, Dona Maricas do Sotão do Padre, Neném da Maricas, Sonel do João Paulo, Bernadete do Padre Basílio, Dona Isaura Garcia, Lilica do Roque, Dona Luzia (grande incentivadora do folclore), Izolina, Rosa do Melquíades, Dona Leni, Nega do Palamato, Chica do Godó , Sá Inês, Nica Barroso, Maria Rita, Dona Didina, Maria Baiana, Maria Bárbara (minha babá eterna), Rosa do Melquíades, Maria do Tião, Jandira do Otávio, Sinhá da Olinda, Sá Josilia (parteira do povo com recorde de partos na região), Dona Maria do Joaquim da Quinquina, Maria Santa, Cotinha do Zé Nico, Dona Clotilde, Maria Jacintha, Tereza Buty, Marieta do Euclides, Marieta do Elpídio, Lalá do Mundinho, Concebida do Maestro, Dona Ilsa.     

De cada personagem, uma recordação especial com meu intrometido conhecimento de cada um, um desafio a fazer. Recordar é tudo ou nada mais existe, pois é “o mió que tá teno”, como diz a Dona Maria Faxineira. Homenagem sincera à minha quase justa memória. Enfim, encontro uma qualidade em mim: memorialista, mesmo meia-boca.
                     
E como sofre um memorialista... de saudade!

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