Estava parado ao volante, centro da cidade, um amigo me grita frente a frente, sem máscara e cuspindo como um bode zangado:
— A internet não tá com nada!
Sinceramente, não entendi o grito dele, que talvez pensasse que eu fosse ou sou o Bill Gates, ou o fantasma do Steve Jobs, ou o Émerson. Mas, intimamente, concordei com as suas palavras, em parte. Fiquei perguntando de mim para mim: será qual o bronca do meu amigo zangado com a rede mundial de computadores? Ou com a internet itabirana?
Em
casa, fiz uma busca na rede e descobri o telefone do Almir (Almir é o nome dele)
e disquei para ele no WhatsApp. Infelizmente, tocou, tocou, tocou, e ninguém
atendeu. Deixei só um recado e fui dormir.
No dia seguinte, às 7 horas da manhã, tinha uma mensagem do Almir no meu Zap:
— Você me ligou? Pode ligar outra vez? Eu quero falar com você.
Lá
pras 9 chamei de novo e ninguém atendeu. Meia hora depois, atendo a uma
ligação. Era o Almir, que começa assim:
— Zé Sana, você é vereador ainda?
Assustei-me
com a pergunta, já que não estamos mais na Idade Média. Expliquei que não, que
tinha encerrado o meu mandato no século passado. Mas ele perguntou sobre a
revista e informei que não mais me pertencia. Ele chegou a falar sobre o site,
mas ficou sabendo que “Notícia Seca” estava bloqueado.
—
Primeiro, as nossas operadoras são picaretas por excelência. Fazem promoções de
um milhão de megas. No dia de lançamento, a gente consegue captar até 500
megabytes. Um mês depois, cai para zero, e some. E fica no mais ou menos 10,
por aí.
— Se o santo ajuda, passa um vento e abrimos a danada da página procurada. Fico atrás de notícias. Sabem o que encontro? Não consigo ler. Por quê? Um amigo, que mora nos fundos, me disse que a internet tem milhões de anúncios circulando. Têm muitos porque são baratos e a concorrência é altíssima. As janelas despontam Quer dizer que as páginas viraram formigueiro sem açúcar.
Continua:
— Se estou lendo, a página pula, não consigo dar sequência. A pulação é por causa de quê? Ninguém me responde. Dou um murro na mesa e deixo essa m...
—
Hoje quis saber o nome de uma pessoa que morreu num acidente. Abro um site
daqui da região. Coitado de mim para obter informações. O repórter não sabe nada.
Se sabe, não diz, está com medo de publicar. Resultado: estou com saudade dos
jornais de papel.
Meu amigo Almir concluiu:
— Vou lhe escrever uma carta e posto no correio ou enfio debaixo de sua porta. Tenho mais coisas para falar sobre essa porcaria de internet. Acho que quem inventou isso precisa ser internado.
Antes quero uma resposta: “A internet não vai acabar? Não vão nem tomar providência com esse povo doido clicando no meio da rua e correndo o risco ser atropelado?"
José Sana
Em 14/02/2022
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