Vereadora
ignorada não foi somente abandonada na chuva, ao relento, sozinha, isolada: É como Itabira tripudiada. Pedir desculpas à
terra sagrada de Drummond é pouco
“A VERDADE VOS LIBERTARÁ”
Estamos em 16 de
abril de 2023, em Itabira. Recebemos durante a semana, a partir de 11 deste,
mensagens lembrando o acontecimento da manhã daquela terça-feira, no Bairro
Santa Marta, na Escola Estadual Marina Bragança de Mendonça. Consultando a
imprensa e alguns vereadores, tivemos a descrição exata dos acontecimentos.
Então, prefiro
começar assim com um lembrete bíblico
para que, se duvidarem de mim, ou me levarem aos tribunais, saibam que esta é a
minha única intenção: dizer a verdade, nada menos ou nada mais que a verdade. E
vamos lá:
Era dia de
lançamento de kits de absorventes
menstruais para adolescentes
carentes da rede pública municipal. Presentes na solenidade como componentes da
mesa de trabalhos as secretárias de Educação, Saúde, Assistência e Esporte e
Lazer e Juventude. Além das pleiteantes a kits, estava uma figura que poderia
ser a principal daqueles momentos.
PRECONCEITO ELEVADO
AO QUADRADO
A iniciativa foi
da vereadora Rosilene Félix (MDB) há dois anos, por meio de projeto de lei
aprovado pelos 17 vereadores itabiranos e transformado em lei em 2021 pelo
prefeito Marco Antônio Lage que, com certeza estrategicamente, não compareceu.
Podia, sim, desculpar-se porque o ambiente era estritamente feminino, mesmo
quebrando a barreira do tabu. A
obstrução, claramente, é política. Rose Félix está “pagando o pato”, como dizem
em linguagem popular, por ser a única mulher itabirana que representa pelo
menos 62% da figura feminina na Câmara Municipal, segundo dados do IBGE.
Desta vez o preconceito que as feministas tanto combatem, contra as mulheres e ainda negras, mudou de lugar e foi colocado num painel luminoso, mesmo imaginário, para que todos olhem, apreciem e acreditem. Pode-se dizer que a abominação é elevada ao quadrado.
QUEM
É ROSE FÉLIX E POR QUÊ?
Rosilene Félix Guimarães
é itabirana, tem 43 anos, é mãe dois filhos. Rose é advogada há 19 anos, com
especialização na área trabalhista. É ainda empreendedora, formada em
consultoria de imagem pela Escola de Moda Denise Aguiar e tem uma loja voltada
para a moda feminina.
É formada em
Comunicação e Liderança Política pela Renova BR e em Professional Coach,
pela International Association of Coaching. É palestrante formada pela
Febracis. Foi professora de Direito na Faculdade Censi e de Ciências Políticas
na Unipac.
Foi ainda
conselheira da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itabira, e
conselheira do programa Acita Mulher. É diretora-secretária do Instituto
Acolher e ativista em projetos voltados
para o “empoderamento” feminino em Itabira e região. Em 2020 participou pela
primeira vez de uma campanha eleitoral e foi eleita vereadora pelo MDB com
1.318 votos. Rose Félix é a única mulher vereadora na Câmara de Itabira.
Rose é da
oposição ao governo, mesmo que não queiram está claramente mostrada a razão
desta cruel perseguição: é autora do projeto de lei que gerou aquela decisão do
governo socialista de Marco Antônio Lage a
atender aos reclamos de uma faixa importante da população itabirana, as
das mulheres.
JOANA
D’ARC OU MARIA MADALENA?
Rose Félix nunca
quis ser Joana D’Arc, mas atiraram-na no fogo da humilhação de estar ali na
frente como mulher, mãe de família; não pleiteou o lugar de Maria Madalena, de
ser apedrejada, mas o foi, impressionante e covardemente apedrejada.
E se alguém
pensa e diz que estou exagerando, reflita neste patamar de consideração: ela
não é uma heroína da história, parem de dizer que a comparei a tal currículo de
heroína. Mas tão pouco estava ali
Rosilene Félix Guimarães. E reflitam assim: é uma vereadora ignorada, não apenas deixada na
chuva, ao relento, sozinha, isolada, humilhada. Era uma Itabira tripudiada.
Pedir desculpas à terra sagrada de Drummond é pouco.
16/04/2023
Fotos: Redes Sociais
Nenhum comentário:
Postar um comentário