domingo, 16 de abril de 2023

ODE NOSSA AO MUNDO PARA APAGAR O ÓDIO

 

Vereadora ignorada não foi somente abandonada na chuva, ao relento, sozinha, isolada: É como Itabira tripudiada. Pedir desculpas à terra sagrada de Drummond é pouco


 

 

“A VERDADE VOS LIBERTARÁ”

Estamos em 16 de abril de 2023, em Itabira. Recebemos durante a semana, a partir de 11 deste, mensagens lembrando o acontecimento da manhã daquela terça-feira, no Bairro Santa Marta, na Escola Estadual Marina Bragança de Mendonça. Consultando a imprensa e alguns vereadores, tivemos a descrição exata dos acontecimentos.

 

Então, prefiro começar assim com um lembrete  bíblico para que, se duvidarem de mim, ou me levarem aos tribunais, saibam que esta é a minha única intenção: dizer a verdade, nada menos ou nada mais que a verdade. E vamos lá:

 

Era dia de lançamento de kits de absorventes  menstruais  para adolescentes carentes da rede pública municipal. Presentes na solenidade como componentes da mesa de trabalhos as secretárias de Educação, Saúde, Assistência e Esporte e Lazer e Juventude. Além das pleiteantes a kits, estava uma figura que poderia ser a principal daqueles momentos.

 

PRECONCEITO  ELEVADO  AO  QUADRADO

 

A iniciativa foi da vereadora Rosilene Félix (MDB) há dois anos, por meio de projeto de lei aprovado pelos 17 vereadores itabiranos e transformado em lei em 2021 pelo prefeito Marco Antônio Lage que, com certeza estrategicamente, não compareceu. Podia, sim, desculpar-se porque o ambiente era estritamente feminino, mesmo quebrando a barreira  do tabu. A obstrução, claramente, é política. Rose Félix está “pagando o pato”, como dizem em linguagem popular, por ser a única mulher itabirana que representa pelo menos 62% da figura feminina na Câmara Municipal, segundo dados do IBGE.

 

Desta vez o preconceito que as feministas tanto combatem, contra as mulheres e ainda negras, mudou de lugar e foi colocado num painel luminoso, mesmo imaginário, para que todos olhem, apreciem e acreditem. Pode-se dizer que a abominação é  elevada ao quadrado.

QUEM É ROSE FÉLIX E POR  QUÊ?

 

Rosilene Félix Guimarães é itabirana, tem 43 anos, é mãe dois filhos. Rose é advogada há 19 anos, com especialização na área trabalhista. É ainda empreendedora, formada em consultoria de imagem pela Escola de Moda Denise Aguiar e tem uma loja voltada para a moda feminina.

 

É formada em Comunicação e Liderança Política pela Renova BR e em Professional Coach, pela International Association of Coaching. É palestrante formada pela Febracis. Foi professora de Direito na Faculdade Censi e de Ciências Políticas na Unipac.

 

Foi ainda conselheira da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itabira, e conselheira do programa Acita Mulher. É diretora-secretária do Instituto Acolher  e ativista em projetos voltados para o “empoderamento” feminino em Itabira e região. Em 2020 participou pela primeira vez de uma campanha eleitoral e foi eleita vereadora pelo MDB com 1.318 votos. Rose Félix é a única mulher vereadora na Câmara de Itabira.

 

Rose é da oposição ao governo, mesmo que não queiram está claramente mostrada a razão desta cruel perseguição: é autora do projeto de lei que gerou aquela decisão do governo socialista de Marco Antônio Lage a  atender aos reclamos de uma faixa importante da população itabirana, as das mulheres.

 


JOANA D’ARC OU MARIA MADALENA?

 Nunca! Mil vezes não! Mas ali, assentada nas primeiras cadeiras, na frente, estava não somente uma vereadora, uma autoridade, uma mulher, mas, principalmente, a representatividade da maioria por gênero itabirana. Dispam-lhe de ser vereadora, advogada; retirem suas ações de  empreendedora; derrubem os preconceitos já citados; retornem à luta de participação da mulher na política e reflitam mil vezes. Avaliem a dupla decisão do Poder Executivo de sancionar um projeto e, contrariamente ao que é legal, desprezar o certo, o honesto, a demonstração de cidadania.

 

Rose Félix nunca quis ser Joana D’Arc, mas atiraram-na no fogo da humilhação de estar ali na frente como mulher, mãe de família; não pleiteou o lugar de Maria Madalena, de ser apedrejada, mas o foi, impressionante e covardemente apedrejada.

 

E se alguém pensa e diz que estou exagerando, reflita neste patamar de consideração: ela não é uma heroína da história, parem de dizer que a comparei a tal currículo de heroína. Mas tão pouco estava ali  Rosilene Félix Guimarães. E reflitam assim: é  uma vereadora ignorada, não apenas deixada na chuva, ao relento, sozinha, isolada, humilhada. Era uma Itabira tripudiada. Pedir desculpas à terra sagrada de Drummond é pouco.


 José Sana

16/04/2023

Fotos: Redes Sociais

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