Ninguém sabia
que Marco Antônio Lage, prefeito de Itabira, tem pavio curto. Quer dizer, é um nervosinho
estampado à flor da pele. Quem diria?
Conheci mais Harcy Lage, seu pai, do que ele, o chefe do executivo de Itabira
atualmente. Aparentemente, o mais novo consome chá de erva doce; o velho, um
copo de sal de Glauber com bicabornato. Repito: nas aparências. Engano?
Harcy sabia receber visitas na histórica Fazenda da Dona,
em Ipoema. Marco também sabe no seu recôndito chamado Boitempo. Ambos polidos, gentlemans,
pai e filho, personagens de notável poder carismático. Somente agora estou
concluindo, na minha mente saturada de informações, atenta ao dia a dia
político, que Marco é, negando ou não, uma bomba relógio pronta para explodir. Novo
engano?
Diz a boca
pequena que o Lage do momento não tinha e não tem nem um pingo da paciência do Jó
bíblico, mas transparece. Talvez tenha me enganado e torço por esse estado
mental dele: seria um artista, então. Há algo misterioso escondido naquela
cabeça bipolar?
Harcy, mais
vivido, Marco mais viajado. Qual seria o melhor para Itabira em 2024? Pelo que
estou sentindo, de onde está, acredito que no Céu, hoje Harcy daria um pito no
filho: “Oh menino, não aceite ordens de ninguém, nem de mulheres, nem de
assessores, seja você, o Lage legitimo. Você pode, sozinho e delegando poderes,
governar a nossa cidade!” Risque do seu plano de gestor este termo, que está
fora de campo dos bons gestores: centralização.
Eu era vereador
e presenciei, ao vivo e a cores, o nome Harcy Lage sendo malhado e metralhado na
Câmara Municipal. Repetiam-se, semanalmente, ataques ao mesmo personagem.
Alheio aos motivos, resolvi questionar: “Quem é esse tal de Harcy Lage tanto falado, tanto lembrado?" A resposta chegou simples e curta: fazendeiro
em Ipoema, político influente. A revelação parecia expor um segredo como do
aparecimento de santos e passei a considerar Harcy forte candidato à canonização.
Prosseguindo o
contraponto e reafirmando que conheci muito mais o pai que o filho, com Marco o
tempo foi breve, uma campanha eleitoral, encontros profissionais. Começaram
na Fiat/Betim e tiveram sequência na Fazenda Boitempo. Agendado, fui a ele, que exercia
a função de diretor de Comunicação Corporativa. Pretendia obter uma espécie de parceria
da Fiat com a revista DeFato. Ele me recebeu com simpatia, mas parecia
estar com uma tesoura na mão para cortar a minha pretensão. Não desisti e marcamos
para a Fazenda Boitempo, levei nova proposta. Novamente reprovada, antes de ser degustada uma bendita
jarra de suco de laranja e biscoitos.
Desisti.
As solicitações
encaminhadas e negadas não influenciaram em minhas ideias e sonhos a respeito
de Itabira. Sendo aquele moço que correu
o mundo, que representou a Fiat em vários países dele Itabira merecia bons
serviços.
Deixei claro nas
páginas da revista, em várias matérias e em entrevistas, que ele seria um bom
prefeito da terra natal. Renderam as citações
apelos de outros amigos que trouxe nomes a tiracolo. E também inimigos
declarados e irreversíveis. Ele, candidato a prefeito. Venceu.
Agora retorno ao
termo estopim mais curto que esteve e está na Prefeitura de Itabira. Marco
começou mal o governo em relacionamentos. Colocou em prática uma filosofia
vinda não sei de qual inspiração. A
regra por função delimitada nas constituições Estadual e Federal, além da Lei
Orgânica Municipal é o Legislativo fiscalizar o Executivo e não o inverso.
De repente, os
papeis se inverteram, depois teve de virar chumbos trocados, azedou o
relacionamento. Marco Antônio tornou-se um Tom Mix ou Burt Lancaster dos filmes
faroeste e começou a usar uma arma giratória, mirando em todas as direções.
Além do atirador tenaz, outros pistoleiros ajudam a pistolagem. A maior luta do
Poder Legislativo é a busca da valorização. E logo esse propósito recebe tiros,
facadas, bombas, mísseis.
Marco quer governar sem os vereadores? Impossível.
Marco tem ouvido pessoas desentendidas de política e Itabira é ou não um caso sui generis? Inconcebível ludibriar essa gente.
Marco é acusado de permitir algum suposto conluio de milhões entre parentes? Por que não se oferece, vá à Câmara e rasgue o verbo? Quem não deve não teme, nem treme!
O que ocorreu com a vereadora Rose Félix para bom entendedor não foi um escândalo? E acha normal? Se a representante do povo, uma mulher, negra, autora do projeto motivador da reunião, sair por aí somente vista, entendida, pode provocar um furor inimaginável e até destruir um governo para sempre. Não acordou?
Há contas a acertar: cadê a água do Rio Tanque? Cadê a obra da Unifei? Cadê o metrô? Cadê o aeroporto industrial? Cadê o ‘porto seco’? Como explicar dois bilhões gastos apenas em obras feijão com arroz? Cadê a garantia de que “meu partido político é Itabira?”
E cadê a busca pelo futuro?
Primeiro: que tipo de planejamento estratégico existe com a Vale e ninguém pode saber? Não é um blá-blá-blá? A fúria do prefeito não se explicita somente em socos na mesa — e acredito que não foram desferidos — mas em todas essas manifestações expostas, ou algumas mais. Até em ficar xeretando o presidente da República. E olhe que o MST tem visitado terras no perímetro urbano de Itabira. O povo quer saber: o senhor sabe disso? Pois nós sabemos, temos fotos, vídeos e presença descarada para os que estimam a garantia constitucional.
Estas palavras não são de Jesus Cristo, mas de Marco Antônio Lage: “Nunca decepcionarei quem crê em mim”. Mas disse que o apoio dele a Lula é pessoal e coerente. Tem como explicar tamanha incoerência?
Não sou um decepcionado, milhares o são. Mas não me apresentei como um bajulador. Está em jogo o que quero para Itabira, futuro garantido. Itabira continua na contramão e deste projeto de vê-la independente não vou desistir. Jamais! Abri o coração. Agora estou livre. Mais ainda.
14/04/2023
Fotos: Redes Sociais
Preocupante...
ResponderExcluirPelo conteúdo exposto no texto, o atual prefeito de Itabira possui um perfil bem parecido com o ex chefe do executivo de Belo Horizonte, Alexandre Kalil.
ResponderExcluirAmbos apresentaram retórica de pura simpatia antes de assumirem o poder e uma vez sentados na cadeira de comando, expuseram seus perfis, decepcionando a maioria da população.
Infelizmente, condutas políticas nessa linha, têm sido comuns.
Falou e disse José Sana.Sempre brilhante no seu jeito sarcástico e franco de comunicar sua opinião.
ResponderExcluirOBRIGADO, CARO EX-COLEGA BRILHANTE.
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