Amigos,
fechei o fim de semana com a pergunta feita de mim para mim: qual jornalismo é
o conveniente ao cidadão, à democracia ou ao próprio jornal: ter um lado imutável,
fazer a vontade de uma classe ou tentar agradar a gregos e troianos. E não
cheguei a uma conclusão que me agradasse. Cada lado tem a sua dose de interesse
prevalecendo.
Antigamente,
idos de 1960, era eu um foca, o mata-rato, subindo e descendo as escadarias do
Diário de Minas, na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte. Já contei aqui que o
meu primeiro chefe numa redação, Maurílio Brandão, chegava de terno preto,
camisa branquíssima, gravata estampada, dependurava o paletó na cadeira, subia
pelo menos uma vez por semana numa cadeira, seu palanque, e fazia um rápido
discurso: “Aqui na redação não entram
adjetivos, principalmente bajuladores”, era pauta repetitiva de toda
segunda-feira.
Incrível, meu
parceiro e mestre de trabalho, Vargas Vilaça, pediu-me para entrevistar um
estuprador, que havia degolado um garoto de nove anos e fazia a capital
estremecer de revolta. Ao redigir a notícia, meu texto foi considerado
impróprio, era tendencioso por denominar
o criminoso de criminoso, o estuprador de estuprador e o covarde de covarde.
O tempo passou e
hoje os ladrões são ladrões mesmo, assassinos também assassinos e idem os
caridosos, os virtuosos, os bem-aventurados. Mas a pergunta perdura: qual
jornalismo os leitores preferem? Só tenho esta resposta: cada um quer ver, ler,
ouvir somente o que é de seu interesse.
Como agora
atingi a idade provecta, vou tentar
seguir o que interessa a uma suposta lógica. Por exemplo: o valor tradicional
da família, que muitos querem destruir e
de Itabira, que a outros tantos tentam derrubar. E procuro divertir-me com um
amigo que tenho e me aponta para alguém“ assim: “Aquele ali é um intelectual do
Google”. Quer dizer, copia tudo da internet.
Rabisquei esta
espichada introdução porque preciso elogiar pela milésima vez um cidadão
itabirano e me sinto entre a cruz e a espada diante do que acabo de escrever a
respeito de minha iniciação no jornalismo. Encontro uma saída e apelo para a
homenagem a 13 pessoas que seriam 12 os membros da Irmandade Nossa Senhora das
Dores e Dom Marco Aurélio Gubiotti, o presidente.
Essa turma acaba
de reeleger o provedor do valente Hospital Nossa Senhora das Dores que, se não
falham minhas anotações, é a sua quarta vez como ocupante do cargo. Fora os
oito anos de provedoria, aí temos um trabalho executado ano a ano pela
Irmandade ou Hospital, a mesma coisa, quando exercia outras funções na empresa
(Vale), comunidade, cenário estadual e sempre pela coletividade.
Em 17 de novembro
de 1854 foi criada a Irmandade Nossa Senhora das Dores. Quatro anos depois, em
15 de abril de 1859, nasceu o hospital
com o mesmo nome, o mesmo criador e o mesmo provedor. O líder de 169
anos passados foi o terceiro presidente da Câmara (prefeito) de Itabira. Centenas de irmãos
e dezenas de provedores deram sequência ao trabalho no
decorrer dos anos.
No painel dos
personagens importantes na vida de quem exige trabalho perfeito realçam nomes
diversos. Em homenagem a uma figura, tento praticar o jornalismo isento,
impossibilitado de ser imparcial, e destaco por frear um costume que tento seguir
assim. O resumo, a meu ver, é o seguinte: sempre alguém de brilho e realce
esteve à frente deste gigante da saúde: do Monsenhor José Felicíssimo do
Nascimento, passando por Dom Mário Gurgel, daí a outros.
O último de
todos, que segue remando sob as mesmas bênçãos divinas foi reeleito, em 11 de abril de 2023, e é o novo
provedor, no meu cálculo, pela quarta vez. Quem duvidar de sua valentia vai lá,
visite a brilhante casa de saúde que atende a 24 municípios da região e prepara
um “horizonte sem fim”, título do livro dele, editado em 2017.
Para garantir
que o sustentei ao nível do que aprecia — não o adulei, nem bajulei, nem quis
agradar a uma eventual vaidade, nem o culpei por falecimento de quem quer que
seja, ele não é nenhum carrasco, nem Deus — deixo a revelação, que já é clara, para
a última linha deste texto, apresentando-o a algum cidadão que não o conheça: 83
anos de idade, casado, quatro filhos, sete netos, provedor de 1986 a 1990 e
2021 a 2023.
Seu nome de
cartório e pia batismal: Márcio Antônio Labruna
José Sana
18/04/2023
Fotos: HNSD e
Rodrigo Ferreira
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