O tradicional e da velha política Festival de Besteiras que Assolam Itabira (Febeatabira) chegou, finalmente, para quem ganha eleição antes de começar. E manipula...
Saí por aí como um “doido
de pedra”, expressão popular que pode significar, também, uma pessoa
atualizada, por dentro de tudo, à procura de informação segura, sem amigos
protetores, perguntando nos botecos, salões de beleza, esquinas e velórios o
que seria mais importante neste momento, as pesquisas ou a conversa ao pé de
ouvido.
Caminhada de ida e volta,
no retorno nem parecia ato de pesquisador querer saber algo sobre o Festival de
Besteiras que Assolam Itabira (Febeatabira). Cada um deu o seu palpite, mesmo
alguns reconhecendo-se trôpego,
considerando que, no decorrer dos 23 pleitos eleitorais passados, de 1972 até o
deste ano e aqui computados, em todos a história se repete insistentemente,
as trapaças se empilham sobre trapaças.
Como sempre houve, tem
candidato que mata até a mãe para não largar as tetas da prefeitura originárias de hematitas
holandesas, japonesas, americanas, alemães
ou chinesas. Temos pseudo formadores
de opiniões que, embora não entendam a filosofia do grande político e escritor
que foi Nicolau Maquiavel,
desenvolvem a mania de copiar o que
entendem de seu pensamento filosófico. É um jogo de rato e gato, não se
esquecendo de que tudo não passa de “papagaiadas”, como bradou um bem escolado
opinante.
No primeiro contato,
recebemos palpites nascentes de uma roda de cervejeiros em que um emérito consumidor da
artesanal puro malte assim registrou no caderno de apontamento, como já disse :
“Já começou a papagaiada das pesquisas”. Mais na frente, um despretensioso,
palpiteiro parece ter dado uma sequência lógica ao tal entrevistado, soltando o
seu verbo: “As maiores anedotas e barbaridades do mundo ocorreram em Itabira e,
aposto, vão se repetir neste faminto ano de pleito eleitoral”. A invasão
forasteira não trouxe novidades, continua em ação a velha polícia dos tempos de
José Maria Alkimin, Benedito Valadares e outros menos votados.
ANO:
1972
Não existiam pesquisas
naquele tempo, simples enquetes, embora denominadas com nome científico. O mais cotado para vencer o pleito seria Virgílio Gazire, mas a
previsão indicava Wilson Soares, da mesma coligação, o voto era por legendas
encabeçadas por MDB 1, MDB 2 e MDB 3, ou
Arena I, Arena II, Arena III. Virgílio estava sendo impugnado perdera na
primeira e na segunda instância. Venceu na etapa justiça federal e,
considerando a revolta popular, deu uma senhora balaiada nas legendas da Arena.
Quem vivia e vive lembra-se disso.
ANO:
1976
Os pesquisadores eram os
jornais que faziam enquetes no comércio e pequenas empresas, além de setores da
Vale. “O Passarela” acertou em cheio o resultado do pleito, repetição de
legendas emedebista x arenista. Padre Joaquim Santana de Castro era forte candidato,
mas não teve forças para enfrentar Jairo Magalhães Alves, “o homem do sapato
branco”.
Aí lembrava-se aquela previsão do tipógrafo Emílio Novaes:
“Este ano a eleição vai terminar empatada porque todos dizem que vão ganhar!”
Novaes acertara, sim, ou quase, em 1963, na memorável disputa Wilson Soares x Jodi
Machado, diferença de 3 sufrágios que, recontados viraram 4 a favor de Wilson.
Essa história Dr. Colombo Alvarenga contou em seu livro publicado recentemente.
ANO: 1982
Terceira etapa do período
militarista que continuava com grupos chamados de legenda em que os votos se
somavam. Era agora o PDS contra o PMDB. A ideia de resultados continuava sendo
baseada no seguinte : “Em mineração, barriga de mulher e boca de urna ninguém
sabe o que vai sair”.
Mas sabia, sim. O
Passarela, jornal que circula há mais de 50 anos em Itabira, previu a vitória
de Virgílio Gazire, que acabou vencendo as eleições. Além do fator pesquisa, que já era hilário,
surgiram os causos do candidato que fingiu saltar de paraquedas e outro sendo
sequestrado de mentirinha. Tudo ajudou ou atrapalhou ou engordou o previsto
pelo jornal que assinava “Grupo Felmar” (Felíciano e Marcos Gabiroba).
TEMPOS MODERNOS
Na era moderna, ou
contemporânea, o homem aprendeu a fazer
pesquisas que, a princípio, pareciam cheias de lógica, carregando o epíteto
“estudos científicos” Os bobos acreditavam,
iam na conversa porque pensavam que todos os eleitores itabiranos tinham
sido consultados, menos ele.
Com 2 mil questionários aplicados ou até menos, é possível chegar a resultados precisos sobre as preferências de um universo de 90 mil votantes, como é o caso de Itabira? Sim, mas se for observada a lei de distribuição de pensamento dos grupos. Por isso tornou-se fácil manipular os números e as caras moradoras em locais determinados, escolaridade e idades.
O Bairro Praia, por exemplo, sempre foi o
preferido dos eleitores da marca esquerdista. Populoso também, o Jardim da
Gabiroba destaca-se como direitista. Os espertinhos sabem disso e fazem a
vontade do encomendador das pesquisas sem que a própria ciência descubra.
Trata-se de características diferentes itabiranas. Por isso, o primeiro
observador deu o seu palpite irrefutável: “papagaiada”.
Vou dar um exemplo de
resultado em Itabira em que se deu um fato diferente, extraordinário, foram do
embasamento das pesquisas. João Izael era candidato a prefeito em 2004 e todos
esperavam que vencesse, segundo as pesqusas. Contudo, um instituto de pesquisa
fez um levantamento no meio da semana antecedente ao pleito e constatou o
seguinte: a vitória seria de Damon Lázaro de Sena. Também disputavam Jackson
Tavares, Ângela Guerra e Ciganinho.
No último dia de
comícios, o pessoal estava com levantamento do
“meio de semana” em que Damon ganhava disparado. O comitê secreto,
instalado num bunker escondido por aí, de João, agitou-se. Foram chamados os
“entendidos” para analisar o quadro. Triste conclusão para a turma de Izael,
que perderia com frente massacrante.
E O QUE DEU?
Todos foram para o
comício final acabrunhados, cabisbaixos, derrotados. O encontro seria na ponta
da Avenida Mauro Ribeiro e poderia se estender pela nova via itabirana
construída por Ronaldo Magalhães. Surpreendentemente, calculadas 20 mil pessoas expandiram-se pela avenida afora, ocupando
todos os seus espaços.
Inacreditável, os analistas de pesquisas tornaram-se
incompreendidos entre si. Enquanto que
as concentrações dos outros candidatos eram compostas de meia dúzia de “gatos pingados”, não
concluíram seus raciocínios. Aí
veio a claridade não ofuscante de uma
luz assim definida: “pesquisa só é válida em Itabira se feita em fim de
semana”. Tornou-se lei natural. Por quê? Ora, ora, ora, os donos da casa,
homens e mulheres, estão no trabalho. O “meio de semana” entrevistava crianças
ou domésticas. Por isso, o resultado das urnas foi o seguinte:
JOÃO IZAEL (PL) 28.308 43,98%
DR. DAMON (PAN) 17.538 27,25%
DR. JACKSON (PT) 15.756 24,48 %
ANGELA GUERRA (PFL) 1.959 3,04%
CIGANINHO (PSDC)
802 1,25%
Na conclusão deste
trabalho, fica uma homenagem ao senhor fulano de tal, que pediu para não ser
mencionado seu nome. A sua frase ficou para a história dos chutes itabiranos
dos novos tempos: “Já começou a papagaiada das pesquisas”...
Para reforçar o exemplo acima claro e incontestável, no ano 2000, o ex-candidato à reeleição Jackson Tavares, favorito em tudo, com 86% contra 16% de Ronaldo Magalhães, perdeu o pleito. Tratava-se de outro erro de cálculo e de manipulação de pesquisas. Quem venceu não foi Ronaldo, acreditem. O vencedor foi, inevitavelmente, a lenda mais que viva chamada Pé de Pato. Mas isso é outra história.
Será que o itabirano
aprende?
JOSÉ SANA
Em 22 de setembro de
2024.
Fotos: Arquivos
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