domingo, 20 de janeiro de 2013

Campo de futebol: obsessão até do óbvio

CONVÊNIO ASSINADO — Fui  informado de que se encontra, devidamente guardado, como convém à burocracia, em gavetas da Prefeitura de São Sebastião do Rio Preto, um convênio assinado  entre a municipalidade são-sebastianense, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e a mineradora Anglo American. Objetivo: reconstrução do Estádio Dr. João Rodrigues de Moura, destruído por um dos subscritores, o DER-MG. Mas, como quase tudo o que acontece neste país, está parado, parado, parado. Esperando que alguém acorde.

MAIS INFORMAÇÃO DA PREFEITURA — Estive na última sexta-feira (anteontem) na Prefeitura de São Sebastião do Rio Preto e fui informado de que representante da Anglo American estaria na cidade naquele dia para fazer acertos. Sei que ninguém foi, ninguém passou, ninguém estava esperando.

COMO VAI INDO ANDANDO — “Tudo vai mesmo indo andando parado”...rs...rs...rs... A frase é de um dos cinco bêbados com os quais conversei. Infelizmente, a minha terra natal  continua sendo o paraíso de muitos beberrões. Não vou dizer que eles bebem porque nada têm para fazer, um campo para jogar futebol, mas  garanto que a cidade sem esse espaço mostra uma perspectiva mais lúgubre.

POVO QUE BEBE — Na defesa do DER-MG, cito o nosso saudoso conterrâneo, José Lucas Ferreira, Zezé da Maricas: “Em São Sebastião só o sino não bebe porque está de boca pra baixo”. Quer dizer que muitos não bebem por falta de opção de lazer. Contudo, as drogas esquentaram a cidade nos últimos meses, aliando-se ao álcool.

Assim o DER-MG fez a rodovia destruir o campo de futebol
DROGAS NAS ESCOLAS — Alguém me disse que as escolas da região estão infestadas de traficantes e consumidores de drogas. O mais sério é que optam pela droga mais perigosa, o crack. Também isso não é culpa somente do DER-MG. Mas que é mais uma contribuição para o aumento do consumo, isso está claro.

FALTA ENTUSIASMO — Não há aquele entusiasmo positivo entre os jovens. Em praticamente todas as cidades tal panorama é um fato real, mas em São Sebastião do Rio Preto constata-se que a situação é mais grave. Na verdade, os jovens têm apenas uma opção de lazer: ir para o rio Preto e nadar. Natação sem regras, sem organização, sem liderança. Serve, contudo, para a bebedeira e o risco de afogamento.

NÃO VAI MUDAR  Se uma liderança qualquer — político, profissional (professor, comerciante etc.), padre, pastor, qualquer cidadão — não aparece, não grita, não cobra, tudo “continuará como dantes no quartel de Abrantes”. Incrível, anotem: o jornalista Chico Maia, uma das vozes que trabalham contra essa triste situação, que ajuda a divulgar, me cobra de vez em quando: “E o campo?” Quer ele dizer: ainda nada fizeram? Nada fazem? E respondo: “Nada, meu caro amigo Chico Maia. Parece que a cidade vai completar sete anos sem essa área de lazer”.

BATIDA NA MESMA TECLA — Mas o DER-MG pode ficar tranquilo que a obsessão não será apenas nossa, de alguns filhos da cidade, de jornalistas que ajudam a protestar, mas também do próprio óbvio. Ele não vai deixar os (ir) responsáveis dormirem para sempre na situação do nada faz. Vai continuar falando, escrevendo, protestando, denunciando. Até quando não se resolver a questão.

PS: Hoje é 20 de janeiro, Dia de São Sebastião. Há uma festa animada, celebrada na cidade com muita religiosidade vinda de poucos, é verdade. Que o mártir ajude também nessa empreitada do campo de futebol e fique do lado do óbvio.

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