Inicialmente,
quero me habilitar a discorrer sobre o assunto com os seguintes argumentos:
— não sou mais político, mesmo que muitos desacreditem e possa eu me declarar vacinado contra esse "mal";
— militei na política e fiquei conhecendo dos porões até o teto da política ipoemense;
— tornei-me um seguidor dos desafios que provocaram o progresso e o desenvolvimento do distrito;
— transformei-me em adepto da proposta Estrada Real e não só marquei presença na região frequentemente como percorri todo o trecho, de Diamantina a Paraty, e até a Lisboa, para dizer que "vigiei" as riquezas escaparem de nosso poder pelo Atlântico;
— acompanhei quase toda a movimentação de três figuras de Ipoema para as quais pediria, caso fosse chefe de um tribunal de canonização, no mínimo o estudo de propostas de reconhecimento;
— não sou amigo de Eleni Cássia Vieira o suficiente para me tornar seu escudeiro, embora seja seu inconteste admirador.
— não sou mais político, mesmo que muitos desacreditem e possa eu me declarar vacinado contra esse "mal";
— militei na política e fiquei conhecendo dos porões até o teto da política ipoemense;
— tornei-me um seguidor dos desafios que provocaram o progresso e o desenvolvimento do distrito;
— transformei-me em adepto da proposta Estrada Real e não só marquei presença na região frequentemente como percorri todo o trecho, de Diamantina a Paraty, e até a Lisboa, para dizer que "vigiei" as riquezas escaparem de nosso poder pelo Atlântico;
— acompanhei quase toda a movimentação de três figuras de Ipoema para as quais pediria, caso fosse chefe de um tribunal de canonização, no mínimo o estudo de propostas de reconhecimento;
— não sou amigo de Eleni Cássia Vieira o suficiente para me tornar seu escudeiro, embora seja seu inconteste admirador.
Para deixar o
Jornalismo, enveredei-me pelos caminhos da História. Retornei-me à Faculdade e
estudei até duas pós-graduações. Tive a Estrada Real e Ipoema como constantes
objetos de estudo. Conclui em meus trabalhos acadêmicos que Ipoema é exemplo para o Brasil
e, acima de tudo, deve receber o troféu máximo do lugar que mais se desenvolveu
após decretada a arrancada da Estrada Real, como o maior roteiro turístico do
Brasil a partir de 1999. Provei em minhas dissertações e artigos, diante de
rigorosas bancas julgadoras, que a velha Estalagem, depois Pouso Alegre, em
seguida Aliança e, finalmente, Ipoema, não só aproveitou todas as oportunidades
que foram dadas a 170 municípios, como liderou as realizações e atuou além de
todas as expectativas.
Acompanho o
desenvolvimento de Ipoema desde 1966, quando cheguei a Itabira. Admirava a
política quente do distrito, "enfoguetada" pelo ex-colega de Legislativo, o
combatente José Ignácio Vieira. Vereador sem remuneração, mas com excesso de
idealismo e vontade de fazer, apesar das agruras, fazia ele das
tripas o coração para garantir melhorias para a sua terra. Essa foi a primeira
etapa vivida por mim. Na segunda, a luta por uma cooperativa de cana,
incentivada pelo governo e por esse mesmo governo puxando o tapete, fato que
deixou Ipoema com estima abaixo da temperatura na Rússia em inverno rigoroso. A
seguinte batalha, dela também participei, foi quando se mudou o conceito de
turismo e ele passou a fazer parte de todas as cidades e não apenas de meia
dúzia de privilegiadas históricas e recheadas de lendas.
No advento da
Estrada Real, conheci Eleni Cássia Vieira participando de reuniões com
especialistas em tropeirismo e montando um projeto de memorial do tropeiro
para Ipoema. Isto na pré-história do Museu do Tropeiro. No passo seguinte, ela
foi a figura central na organização da Expedição Spix e Martius, que inaugurou,
oficialmente, a arrancada da Estrada Real na região de Ipoema, Senhora do
Carmo, Bom Jesus do Amparo e Itambé do Mato Dentro. Brava, intrépida em
suas posições, durante quatro anos ou
mais ela se tornou voluntária do projeto, acreditando nele com todas as forças
até que, em 2003, ajudou a inaugurar o Museu do Tropeiro.
Ipoema seguiu
Eleni, alicerçada até inconscientemente por dois baluartes: Reinaldo Luiz
Vieira, seu irmão, e Roneijober Andrade, empresário do turismo, guia turístico
e melhor fotógrafo que conheço. Hoje não vou falar dessas duas figuras de
destaque e quanto menos discorrer sobre o povo do Distrito Sorriso.
Ah, me esqueci: Distrito Sorriso era de outro apaixonado por aquele torrão, o
ex-prefeito de Itabira Daniel Jardim de Grisolia. E ainda deveria dizer algo
mais a respeito de meu ex-colega de Câmara e amigo pessoal, José Braz Torres Lage, de
saudosa memória. E também devo falar um pouco de
Raimundo Afonso, que revolucionou o distrito com obras. Desculpem-me
Torrinha, Élio Quadrado e os anônimos que seguem a carruagem mais
célere da Estrada Real.
Retorno a Eleni
Cássia Vieira para encerrar estas mal traçadas e despretenciosas linhas.
Eleni projetou, criou, organizou e administrou o turismo ipoemense. Conquistou
a imprensa brasileira e muitos políticos, que se sensibilizaram com a sua
dedicação. Liderou a grande participação das Mulheres Caminhantes da Estrada
Real. Fez com que as portas coloniais e as janelas barrocas do museu fossem
vistas por quem mais apoiou o projeto da Estrada Real. O seu segredo, tentei,
em vão, descobrir e só pude ver, realmente, os resultados. Agora, que se
desponta a conclusão significativa de um trabalho muito demorado e cheio de
emoções — o título de Patrimônio da Humanidade para o Museu do Tropeiro e/ou o
Tropeirismo Mineiro — eis que ela se afasta com sua total saúde física, moral,
intelectual e com o verdadeiro idealismo à flor da pele.
Compreendo
perfeitamente o que seja o rodízio de trabalho dentro do regime democrático. A
alternância do poder garante esse momento áureo da liberdade e busca de
justiça social em todos os segmentos. Só faço uma ou outras concessões: para
demitir Eleni do Museu do Tropeiro — e ela não era apenas Museu, mas Ipoema,
Região e Estrada Real como um todo — era preciso pedir licença a tantos que
acreditaram naquilo que realmente foi feito e que deu resultados concretos diante
de muitos e muitos fracassos, infelizmente, em regiões ora
dominadas pela mineração, ou nas fronteiras de São Paulo e Rio de Janeiro, as
quais, ainda, não deram o braço a torcer à grande rota.
Para demitir
Eleni, alguém teria que chamá-la bem num cantinho e prestar-lhe várias
homenagens e, também, pedir-lhe que concedesse um estágio ao seu substituto.
Não sei se é possível transmitir conhecimento em um, dois, três meses de
trabalho. Só sei que não se pode perder o que essa profissional fez de coração
e de técnica em matéria de transformar um distrito de essencialmente político e
cansado de perder batalhas em infinitamente confiante e seguro, com a cabeça erguida
para a frente.
Só quero desejar
felicidades ao sucessor que foi indicado para o seu lugar. Porque Ipoema continua sendo ícone de
minha admiração no conceito de história, um distrito que mais deu certo na
Estrada Real. Dou fé a este atestado que assino com convicção. E levo minha humilde
firma para ser reconhecida em algum cartório de esperança. E que me perdoe a
incompetência.
P.S.: Quero
pedir desculpas a Eleni Cássia Vieira por tomar a liberdade de falar dela com
tanta sinceridade e usando meus pequenos conhecimentos. Tudo isso sem
consultá-la ou sem submeter a ela um texto que considero simplesmente o retrato
de minha visão durante 46 anos de convivência com Ipoema.
Concordo com o autor do blog sobre tudo o que escreveu de Eleni do Museu do Tropeiro. Mas parece que nos últimos tempos ela estava desanimada. Não sei se foi porque o seu suposto candidato, o Ronaldo, tinha perdido a eleição. Mas apoio tudo o que está aqui escrito porque Ipoema deve muito a ela.
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