terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A grande pergunta sem resposta do ser humano (II)

Então, a séria, grave, instigante, impressionante, incomparável e misteriosa questão está aí: nós, seres humanos, não conseguimos dar respostas a algumas perguntas interligadas entre si: por que vivemos? O que somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que estamos fazendo aqui? É um absurdo! —  diria Boris Casoy, digo eu sem saber, na verdade, o posicionamento do famoso jornalista e apresentador de telejornal.

As consequências da ignorância representam, praticamente, a decretação do caos. Se não sabemos quem somos, na verdade vivemos acometidos por uma amnésia trágica. Não sabemos mas enfiamos a cara em qualquer tema e soltamos a nossa opinião . Alguém, entendemos ser Deus, nos mandou aqui para viver, ou cumprir pena, ou evoluir, ou fazer algo que ainda não descobrimos o que é.

A vida continua e a ignorância também. Mas temos bíblias, corões ou alcorões, leis, tábuas, listas de pecados, pensamento crítico. De onde tiramos tudo, ainda temos a coragem de dizer que é de uma inspiração divina. Talvez, sim. É bem possível que sim. Mas, se contratarmos um empregado para executar uma função qualquer em empresa, antes de assinar o documento de admissão, temos pelo menos uma entrevista com ele e, nessa troca de entendimento, alguns pontos ficam claros: o que ele fará? Como fará? Onde estará trabalhando? Qual o seu salário? E outros acertos importantes.

Em maio de 1966, entrei para a antiga Companhia Vale do Rio Doce, onde trabalhei até janeiro de 1979. Ao passar em concurso na grande empresa, sabia o que faria, onde trabalharia, quanto receberia de remuneração. E mais e mais detalhes. Mas em janeiro de 1945, quando nasci, ninguém me disse o que teria que executar numa longa ou média ou curta vida? Aos 11 anos, escrevi, na minha inocência infantil, mas com uma coragem intimorata, desafiando padre, catequistas e outros obstáculos, um texto teatral chamado Juízo Final. Nele, depois de condenado ao fogo do inferno, a minha pena teve que ser reconsiderada porque lancei, durante o julgamento, essas questões à análise do tribunal. E até hoje considero que estava acobertado de razões quando rabisquei os manuscritos e fui suspenso de freqüentar a igreja durante um mês como castigo do padre.

O leitor, ou internauta, pode argumentar: então: “Quer dizer que o que aprendemos na vida não tem valor? Perdemos tempo vivendo?" E respondo: é claro que não. Com essas  trombadas, testadas, caídas, recaídas, sofrimentos, tormentos, agonias, incompreensões e tudo o mais de obstáculos que enfrentamos no mundo conseguimos, aos poucos, uns lentamente e outros com mais rapidez, abrir os olhos para a realidade.

Na minha humilde ignorância, atormentada, no entanto, por uma procura incansável, que já dura mais de 50 anos, posso dizer que tenho dado, modestamente, passos à frente. Assumo que estou ainda e mesmo no meio da ignorância, mergulhado nela de ponta, cabeça para baixo. Tem hora que pergunto a mim mesmo: e agora, o que preciso fazer para melhorar? Há uns que dizem: “Besteira! Largue isso pra lá! É preferível viver em paz e aproveitar a vida, crer em Deus e deixar acontecer”.

Quantas vezes pensei assim! Mas a inquietação, a  turbulência, a impaciência que me causam as pessoas. Essas parecem, mesmo inconscientemente, cobrar  de mim com o dedo em riste: “Vou te chamar de burro até que encontre o caminho!” (Continua)

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