segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Em defesa da publicidade

Dia deste li um comentário de uma pessoa que se apresenta como inteligente e culto nas páginas do Facebook e de outras páginas da vida. Em um arroubo de fazer inveja à chegada de um leão em um circo, soltou o seu rugido ensurdecedor: “Quem vende anúncio mama nas tetas do governo”. Nem sei se foram essas as suas expressões, talvez não, o significa foi o mesmo. Em outras palavras, classificou o anúncio de televisão, rádio, internet, jornais e revistas como uma doação de quem paga para quem recebe.

Quis dar uma resposta imediada ao dito cujo rapaz, itabirano, arredio, meio atrevidinho. Calei-me e me entendi como ter agido corretamente. O assunto iria render e assunto que  rende na internet vai de janeiro a dezembro, ou até mais. Esquecendo o momento, agora resolvi não dar-lhe resposta, mas prestar um esclarecimento aos que vivem de olhos tapados por uma peneira de granulometria de grandes buracos.

A publicidade é uma ferramenta de consumo, uma forma de tornar conhecido um produto, diferente da propaganda, que é uma difusão, uma propagação da ideia, ou um anúncio, este um instrumento dela. Ela é regulamentada e tem profissionais especializados que cuidam do seu sítio. Há um curso de  Publicidade, às vezes acoplado ao de Jornalismo e Relações Públicas, regulamentado no Brasil. Quem se forma em publicidade tem autorização para exercer a profissão de publicitário.

Como espaço para movimentar a publicidade — criar, elaborar e difundir — existem as agências, legalmente constituídas, que vendem o seu produto encomendado pelo cliente, o dono da mercadoria. A mídia, para ser um meio que chega ao consumidor, recebe as publicidades e as difunde. Então, concluindo: quem divulga a publicidade  manipula a sua matéria-prima, que vale dinheiro como qualquer outro produto. Alguém vai à padaria e compra pão, biscoitos, bolachas. E as consome. Esse consumidor não deve nada a ninguém, comprou, pagou, como o dono da padaria e outros clientes.

Então, o dono da agência, assim como o proprietário do veículo em que é difundida a publicidade, nenhum dos dois devem ao anunciante, o cliente, seja ele do poder público ou do privado.Era somente o que queria dizer ao idiota descuidado que rosnou besteiras nas linhas do face. Talvez acostumado a ouvir os verbos mamar, sugar, enriquecer, tenha pensado que o produto nada custe ou nem deve custar ao seu dono para ser conhecido.

Durante 18 anos de diretor da revista DeFato, normalmente circulava numa região de certa forma imensa:  Centro-Leste, Centro-Nordeste, Vale do Piracicaba, Vale do Rio Doce, Vale do Suaçuí, Vale do Aço e Vale do Jequitinhonha. Como editor, percorria, mensalmente, praticamente, todas essas regiões. Rodava no meu Fiat 3 mil quilômetros por mês, tendo chegado a 5 mil em média quando a missão incluía a Estrada Real. Acompanhava as pesquisas de opinião, f eitas por um instituto, que era parte do grupo, o DataFato. Por meio dele, sabia dos anseios e  conhecia o valor da revista, quem a lia ou quem não lia.

Avaliando a produção da publicidade, que percorria os olhos de milhares de pessoas, eis aí a matéria-prima do negócio: o veículo de comunicação. Então, quem vende publicidade, vende o seu produto acabado, vende o seu pão, a sua bolacha, o seu biscoito. A diferença não existe, então, de outra mercadoria que é entregue nas lojas, nos supermercados, na praça. Alto lá, portanto, a publicidade, chamada de arma e de alma do negócio, é uma forma legal e normal de provocar a venda ou a avaliação positiva de alguma coisa.
Tá falado, ou quer mais, seu falador, dono do mundo!

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