São Sebastião do
Rio Preto, 27 de fevereiro de 1914, Rua do Rosário, 126. Nasce Sebastião
Cândido Ferreira de Almeida, terceiro filho de Godofredo Cândido D’Almeida e
Maria da Natividade Ferreira de Almeida. Os primeiros foram Maria Jacintha
Ferreira de Almeida e José Cândido Ferreira de Almeida (Zezé do Godó).
Alguns anos
depois, aluno das Escolas Reunidas Nossa Senhora das Graças, no prédio cedido
por seu pai ao Estado, ele cursa o Terceiro Ano Primário. Professora: Dona
Maricas do Sótão do Padre. Em sala de aula um colega o chama de “Olho de Gato”
em alusão aos seus indeléveis olhos azuis, mais limpos que o fundo do mar. Num
gesto inusitado, Tãozinho atira-lhe um tinteiro ao rosto, fazendo misturar a
cor azul da tinta de escrever com o sangue do provocador. Antes de ser expulso
da sala de aula, retira-se apressadamente e recolhe-se à sua casa. Conta à sua
mãe, Dona Sinhá: “Mamãe, não piso mais naquela escola!”.
E não pisa mesmo.
Ficou nesses conhecimentos que equivaleriam, hoje, a um segundo grau
completíssimo. Dedica-se à atividade de caixeiro na super venda de seu pai, o
Godó, que comercializava artigos para comer, beber, dormir, lavar-se e
vestir-se. Quer mais? De rapadura a
chapéu, passando por tecidos e sabonete
e queijo. Só não havia alguma coisa pronta em matéria de tecidos, a não ser
meias e lenços. Até os sutians e os panos de prato eram feitos pelos
consumidores, em suas casas. Seria um Shopping Center da Roça, digo, para que
muitos entendam.
Aos seus 26 anos,
ficou conhecendo Itália Sana de Almeida, que seria sua esposa e,
consequentemente, de mais dez pimpolhos, entre os quais me inseriu e me deixou
orgulhoso para sempre. Das coisas do casamento, contei alguns detalhes nos
capítulos anteriores. Faltou a notoriedade da lua de mel. E essa passagem
notável fiquei sabendo no decorrer do tempo. Meus tios me contaram e até hoje
me contam detalhes. Ele mesmo, meu pai, chegou a desfilar detalhes em minha
mente arredia e cheia de curiosidade.
Consta que, por
via de opções limitadíssimas, depois de casar-se, na Igreja Matriz atual, em
cerimônia presidida pelo Cônego Manoel Madureira, arreou dois animais, mulas
boas de sela, sendo uma pouco adestrada, e partiram os dois pombinhos pela
vasta zona rural da região, que ele conhecia como a palma de mão. Saíram
dormindo em fazendas de conhecidos e amigos. Já no terceiro dia de jornada,
súbito, a mula, ou besta, jogou-o pelos ares. Caiu como um jenipapo em cima de
um dos braços, gritou de dor, teve que ir com muita dificuldade, à fazenda do
médico Dr. Ademar, município de Ferros, onde seu braço recebeu um tratamento
próprio feito em taquara. Havia quebrado, sim, e permaneceu com uma tipoia
improvisada, feita de pano de enxugar
vasilhas.
A vida deu
saltos imensos. Tornou-se ele grande comerciante, com uma loja própria e que
dominou a região. Criou a família, foi um disciplinador inconteste, a ponto de
ser respeitado pelos próprios fornecedores atacadistas de Belo Horizonte.
Em 23 de março
de 1989, em Itabira, no Hospital Carlos Chagas, em Itabira, faleceu de
insuficiência pulmonar. Deixemos para lá, pelo menos por enquanto, a triste
data, pois ele tinha apenas 75 anos. Neste 27 de fevereiro de 2014 faria 100
anos.
EM TEMPO: estas crônicas (CENTENÁRIO DO TÃOZINHO DO GODÓ) continuam...
Família Sana na década de 1950 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário