quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O MUNDO JÁ ACABOU. SORTE NOSSA: NÃO SOMOS DAQUI


Vou sintetizar parte de uma estória que ouvia de meu pai quando era criança. Dizia ele a um de seus fregueses, na loja, que, quando o mundo acabasse, montaria um super comércio para vender tudo, de comestíveis a carros de luxo, passando por roupas e calçados para a classe alta. O seu interlocutor, perplexo, perguntava, ávido de uma resposta contundente: “Mas o senhor vai vender pra quem?” E ele, depois de soltar a sua característica gargalhada que fazia tremer o velho sobrado onde morávamos, respondia sem pestanejar: “Para um bobo igual a você!” A seguir, choviam gozações de todas as naturezas, até que chegasse mais um para cair na armadilha, infalivelmente.

A anedota faz lembrar o tempo em que “o mundo se arrasava”. Sim, era o verbo que matava de medo todos os meninos e meninas que o ouviam e, principalmente, eu: arrasar-se, num estrondo de eco e consequências insuportáveis. Com o tempo, contudo, o povo parou de ligar para o arraso e para o mundo, apesar de saber da existência da bomba atômica, do terrorismo e dos loucos de todos os gêneros, a exemplo de um maníaco que governa a Coreia do Norte, um tal de Kim Jung II.

Fiz uma rápida pesquisa e encontrei os seguintes nomes de organizações unidas para o terror (já pensaram que união, enquanto os seres da bondade nunca se unem!): Al-Qaeda, Abu Sayyaf, Fundação Al-Aqsa, Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, Al Ghurabaa, Fundação Al Haramain, Al Ittihad, Al Islamia Flag of Jihad, Al-Umar-Mujahidin, Jamaat Ansar al-Sunna, Grupo Islâmico Armado, Asbat al-Ansar, Aum Shinrikyo, Babbar Khalsa. A relação é apenas um mini-apanhado porque o que já existe, hoje tornou-se uma enciclopédia de horror e pavor.

Conclusão: o mundo, que sempre foi desconhecido por seus habitantes, revela-se claramente, para esses mesmos habitantes, que é O Terror, ao invés de A Terra. A Terra foi extinta, acabou-se, arrasou-se. Apareceu a sua verdadeira cara, que faz medo e nos coloca fora dela. Ainda nesta semana, jornais do mundo inteiro noticiavam que foram descobertos por cientistas mais oito planetas habitáveis. Nenhum cientista, ninguém conta ou sabe também quantos planetas existem nem dentro nem fora do sistema solar. Podemos, então, escolher outro mundo: ou este já acabou ou se transformou em terror e devemos zarpar logo. Não há mais contestação, trata-se de uma certeza inabalável de que isso aqui poderia, no máximo, ser chamado de Paraíso dos Palhaços, Bobos, Bocós, Tatus, Jecas etc. etc. etc.

Apenas dois indivíduos, super armados e guardados por coletes à prova de bala, de uma das organizações terroristas citadas acima, adentraram a redação de uma revista francesa em Paris e mataram, em questão de minutinhos, 12 jornalistas influentes e catedráticos. Vamos alinhar a notícia: primeiro: a morte de uma dúzia de cidadãos franceses de alto nível; segundo, em Paris, capital da França, um dos pilares de sustentação de certeza de um mundo melhor em nosso tempo; terceiro, motivos religiosos fundamentalistas. Sem Bastilha, sem Maria Antonieta, sem La Marseillaise, sem igualdade e fraternidade, mas com negação de que é o seguinte: caiu a ficha, finalmente, e vivemos num mundo falso, que já foi arrasado ou transformado.

Para a minha pobre, humilde, mas convicta dedução, nada há mais o que fazer, senão prepararmos o outro Reino, o Reino já anunciado há mais de dois mil anos, a nova terra e os novos tempos previstos por profetas gabaritados e até sagrados. Aos agnósticos digo que não me baseio em religião alguma, apenas faço uma compilação de todos os escritos do mundo, das crenças, pensamentos, ideias, anúncios, intuições e conclamo ao seguinte: vamos arrumar as trouxas ou malas porque pegamos ônibus errado, a passagem não foi de graça, e precisamos, enquanto é tempo, cair fora.

Como prova inequívoca de que não admito que os intelectuais sejam os donos da verdade, nem os poderosos, quanto menos os “santificados”, mergulho a memória no tempo e chego a uma praça de São Sebastião do Rio Preto, há algumas décadas passadas, vejo a poeira levantar-se, cavalos empinarem, tiroteios pelas ruas. Alheio a tudo isso, um de meus personagens mais admirados e amados, o ex-beberrão João Ferreira Neto, o legendário João Lagoa, arrastando-se de pescoço quase dobrado e gritando pelas vias apenas uma frase ou semi-frase, que resume tudo o que queria dizer neste texto: “Uma que eu não sou daqui!...”

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