A pergunta é feita
cotidianamente por pelo menos 2/3 dos habitantes do Planeta Terra. Esses 75% de
aproximadamente 8,7 bilhões de pessoas, perguntam a si mesmos, ao vizinho, ao
colega de trabalho, aos chamados mestres religiosos, aos cientistas, mas
ninguém responde, ninguém sabe nada sobre o assunto “que mundo é esse?” Quando eu
era criança, cansei-me de formular a
questão aos meus pais, parentes, catequistas e padres, mas as respostas vinham
e ainda vêm em forma de repreensão.
Nunca consegui entender por que sempre houve e sempre há um
grande número de seres humanos que nunca se interessou pelo tema. Tanto faz
saber se existiu algum lugar como é indiferente ver passar na rua uma cachorra
manca ou um cavalo bom de sela. Esses aparentemente seres humanos vivem como
animais selvagens ou domésticos. Preocupam-se com dinheiro, riqueza, bens
materiais e só.
O amor que dizem sentir é unicamente brutal, amor instintivo,
voltado apenas para a preservação da espécie, como escreveu Arthur Shopenhauer,
instantâneo como um piscar de olhos.
Seria como se alguém entrasse numa fila de qualquer entidade, associação,
serviço público e, ao chegar ao guichê desse uma resposta bisonha e ridícula ao
atendente que quer saber “o que deseja?” E a resposta é um seco e curto “não sei”.
Na verdade, “que mundo é esse?” é o ponto crucial da vida, arguição
que precisa gerar uma resposta definitiva e lógica. A partir dela se monta um
programa para que sejam desvendados milhares de outros mistérios chamados dogmas,
para mim inadmissíveis. Somente assim vamos encontrar o que muito se fala, o
sentido da vida. Uma vida sem sentido mais parece alguém banguela entrar numa
churrascaria e conseguir se alimentar de somente carne.
Lá ele peleja com a sua
miséria dentária e ainda precisa arcar com os custos da comanda. Enquanto não
temos uma resposta, com certeza somos uma nau sem rumo perdida num oceano em
que não se vê sequer uma expectativa de terra, uma pequena ilha, um escasso
sinal de vida humana ou um outro ponto de direção senão algumas outras
embarcações igualmente perdidas.
Já estou ouvindo algum curioso – e com certeza os há, mesmo
sendo poucos os curiosos – fazer um outro questionamento: onde encontrar
resposta para uma dúvida tão atroz? Detenho-me sempre quando há névoas no meio
dessa estrada. E sempre aparece algum sabido mais velho para dizer que não
podemos jamais sondar os mistérios de Deus. Ah, cada vez mais me convenço de
que Deus nunca foi e nem será um ser
orgulhoso e cheio de babaquices e vaidades, metido a dono da verdade.
Como nunca acreditei em
tudo que a catequese me impôs, continuei e continuo as buscas. Quando alguém
quer saber de verdade se encontrei o
ponto das respostas, deixo por conta de cada um ler a minha mente audaciosa,
embora ainda insatisfeita. Mas muito calma e feliz.
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