sexta-feira, 15 de março de 2019

CARTA ABERTA A LEVIR CULPI


Senhor Levir Culpi,

Cordiais saudações.

Não vou me apresentar mais extensamente, como deveria, porque sou atleticano. Atleticano não precisa de apresentações. Dentro dos costumes  usuais, o senhor  só precisa saber, se desconhece esta característica, que todo torcedor alvinegro mineiro é basicamente igual, ou seja, fiel, exigente, fervoroso e, acima de tudo, apaixonado. E não tem medo de gritar das arquibancadas “burro, burro, burro!” com sorte ou sem sorte  se a ocasião assim o requer.

Mas, de lambuja, como se usa muito o termo no futebol, vou lhe dar uma dica que acrescenta alguma credencial em minha identidade: sou do interior, nascido numa pequena cidade (São Sebastião do Rio Preto) e morador, há mais de 50 anos, em Itabira, que o senhor  conhece de várias partidas que jogou defendendo Cruzeiro ou Atlético, contra o Valeriodoce Esporte Clube. Concluindo a informação, tenho absoluta certeza de que estou defendendo a paixão de  mais de 80% de atleticanos.

Então, vamos ao que interessa. O que interessa é que o senhor saiba o seguinte: a torcida estará sempre do lado em que o senhor estiver, mas não tolera, de forma alguma, alguns defeitos muito comuns em treinadores de futebol, alguns que não lhe escapam.  Por exemplo, a pirraça, a teimosia, o cinismo, a hipocrisia. Entender de futebol, a esta altura, pouco interessa, porque praticamente todos os brasileiros, principalmente atleticanos, entendem um pouco. Somam-se todos, e nos unimos, determinadamente, do Galo Forte e Vingador.

A nossa equipe ia  mais ou menos bem quando o senhor chegou.  De repente, por conta de sacar do time um jogador que não vai bem, ou não é bom mesmo, o Chará, o senhor inventou. Sua invenção é, claramente, andar para trás porque “inovou” com três volantes. A que chegou todos já sabiam: tirou a velocidade do time e o Galo virou um time muito fraco no ataque.

O senhor peca claramente contra a lógica ao manter no time o lateral Patric. Não vamos crucificar um atleta voluntarioso, mas é preciso dizer que ele é muito limitado tecnicamente. Em todas as partidas Patric joga a mesma coisa, ou seja, mal, muito mal, sempre mal. Diria que neste ano de 2019, fez o que a imprensa chama de assistência e que, na verdade, foi ele chutar para a frente e a bola cair na cabeça de um companheiro.  Para o lugar  dele o clube trouxe um lateral-direito, Guga. Por que fez tal contratação? Apenas para ter um atleta melhor que o Patric no banco de reservas? Pare de teima e resolva isso logo, senhor Levir! Esse orgulho que o senhor faz absoluta vontade de mostrar a todos nós, é perda de tempo por ser desnecessário. Torcedor quer ver o time vencendo e não o treinador dando respostas sarcásticas a eventuais repórteres.

Olha, não vou muito longe. Informa a imprensa que o senhor está com dificuldades em escalar o time para o jogo de domingo contra o América. Por que essa situação o domina? Por que simplesmente está querendo, mais uma vez, inventar e fazer jogar como jogou mal o time em quatro  partidas da Libertadores?

Anote no seu caderninho que 80%, ou mais, dos atleticanos vão lhe dar uma colher de chá neste domingo, dia 17 de março. Aí a nossa paciência se esgotará caso venha o fracasso por culpa de defeitos que estamos cansados de ver na escalação do time. E isso não é ameaça, mas alerta, porque eu, pessoalmente, não estarei fazendo coro com gritos contra o senhor. Detesto ver a sua cara de artista de faroeste italiano se vangloriando de mandante de time de futebol.


Faça o seguinte, senhor Levir: pegue o time titular e retire dele os jogadores que estão em má fase ou são ruins porque nasceram assim. Saque, por exemplo, Patric; mantenha a zaga completa; não tem um substituto agora para Fábio Santos, mantenha-o, ele está mal mas pode melhorar; outro problema do time está no meio de campo: dê uma descansada no Adilson, que se esqueceu de jogar depois de renovar contrato; José Welison é o melhor cabeça de área no momento; Elias, coitado, vai mal, mas parece estar sendo sacrificado e Blanco não pode entrar, então, dê a Elias mais uma oportunidade com uma conversa ao pé do ouvido, quem sabe volte a ser o que era; Luan continua, esse é o menino maluquinho em que confiamos sempre; Chará sai e entra Maicon Bolt para  retornar ao que o senhor tirou do time na mudança brusca, a velocidade; e continuam Cazares, o sobrecarregado, e Ricardo Oliveira (este que pode ter a sombra do Papagaio, quem sabe essa ave completa o Galo?).

Pronto. Como treinador de futebol há longos anos, é sabido pelo senhor e por qualquer cidadão de inteligência mediana, que no futebol o que manda é o “encaixe”. A esta altura, com time um pouco comum, composto de alguns jogadores vindos das contratações malucas do desconhecedor total de futebol, Alexandre Gallo, o que nos resta de esperança é somente esse encaixe de peças, porque tudo está feito.

Então, por hoje é só. Deixe de teima! Todo mundo sabe de sua pirraça. Procure desmentir os que lhe chamam deste nome feio: pirracento. Faça isso porque o risco que o senhor corre é muito alto e ninguém sabe de uma reação adversa da torcida a esta altura de campeonatos que vamos perdendo pouco a pouco. E olhe que o medo maior do atleticano é este: cair de novo para a segunda divisão. Somos candidatos, viu? Pelo amor de Deus, acorde, Levir de todas as culpas, além do Sette Câmara!

Atenciosamente.
José Almeida Sana
RG M-2 965 104

OS: Já estava escrito este texto quando li sobre a entrevista de Levir concedida à imprensa agora há pouco. Chamou os críticos de covardes. Aí estão as minhas críticas e aí está minha identidade. Covarde, não, seu treinador teimoso e pirracento! 

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