Senhor
Levir Culpi,
Cordiais
saudações.
Não
vou me apresentar mais extensamente, como deveria, porque sou atleticano.
Atleticano não precisa de apresentações. Dentro dos costumes usuais, o senhor só precisa saber, se desconhece esta
característica, que todo torcedor alvinegro mineiro é basicamente igual, ou
seja, fiel, exigente, fervoroso e, acima de tudo, apaixonado. E não tem medo de
gritar das arquibancadas “burro, burro, burro!” com sorte ou sem sorte se a
ocasião assim o requer.
Mas,
de lambuja, como se usa muito o termo no futebol, vou lhe dar uma dica que
acrescenta alguma credencial em minha identidade: sou do interior, nascido numa
pequena cidade (São Sebastião do Rio Preto) e morador, há mais de 50 anos, em
Itabira, que o senhor conhece de várias
partidas que jogou defendendo Cruzeiro ou Atlético, contra o Valeriodoce
Esporte Clube. Concluindo a informação, tenho absoluta certeza de que estou
defendendo a paixão de mais de 80% de
atleticanos.
Então,
vamos ao que interessa. O que interessa é que o senhor saiba o seguinte: a
torcida estará sempre do lado em que o senhor estiver, mas não tolera, de forma
alguma, alguns defeitos muito comuns em treinadores de futebol, alguns que não
lhe escapam. Por exemplo, a pirraça, a
teimosia, o cinismo, a hipocrisia. Entender de futebol, a esta altura, pouco
interessa, porque praticamente todos os brasileiros, principalmente
atleticanos, entendem um pouco. Somam-se todos, e nos unimos, determinadamente,
do Galo Forte e Vingador.
A
nossa equipe ia mais ou menos bem quando
o senhor chegou. De repente, por conta
de sacar do time um jogador que não vai bem, ou não é bom mesmo, o Chará, o
senhor inventou. Sua invenção é, claramente, andar para trás porque “inovou”
com três volantes. A que chegou todos já sabiam: tirou a velocidade do time e o
Galo virou um time muito fraco no ataque.
O
senhor peca claramente contra a lógica ao manter no time o lateral Patric.
Não vamos crucificar um atleta voluntarioso, mas é preciso dizer que ele é
muito limitado tecnicamente. Em todas as partidas Patric joga a mesma coisa, ou
seja, mal, muito mal, sempre mal. Diria que neste ano de 2019, fez o que a
imprensa chama de assistência e que, na verdade, foi ele chutar para a frente e
a bola cair na cabeça de um companheiro.
Para o lugar dele o clube trouxe
um lateral-direito, Guga. Por que fez tal contratação? Apenas para ter um
atleta melhor que o Patric no banco de reservas? Pare de teima e resolva isso
logo, senhor Levir! Esse orgulho que o senhor faz absoluta vontade de mostrar a
todos nós, é perda de tempo por ser desnecessário. Torcedor quer ver o time
vencendo e não o treinador dando respostas sarcásticas a eventuais repórteres.
Olha,
não vou muito longe. Informa a imprensa que o senhor está com dificuldades em
escalar o time para o jogo de domingo contra o América. Por que essa situação o
domina? Por que simplesmente está querendo, mais uma vez, inventar e fazer
jogar como jogou mal o time em quatro partidas da Libertadores?
Anote
no seu caderninho que 80%, ou mais, dos atleticanos vão lhe dar uma colher de
chá neste domingo, dia 17 de março. Aí a nossa paciência se esgotará caso venha
o fracasso por culpa de defeitos que estamos cansados de ver na escalação do
time. E isso não é ameaça, mas alerta, porque eu, pessoalmente, não estarei
fazendo coro com gritos contra o senhor. Detesto ver a sua cara de artista de
faroeste italiano se vangloriando de mandante de time de futebol.
Faça
o seguinte, senhor Levir: pegue o time titular e retire dele os jogadores que
estão em má fase ou são ruins porque nasceram assim. Saque, por exemplo,
Patric; mantenha a zaga completa; não tem um substituto agora para Fábio
Santos, mantenha-o, ele está mal mas pode melhorar; outro problema do time está
no meio de campo: dê uma descansada no Adilson, que se esqueceu de jogar depois
de renovar contrato; José Welison é o melhor cabeça de área no momento; Elias,
coitado, vai mal, mas parece estar sendo sacrificado e Blanco não pode entrar,
então, dê a Elias mais uma oportunidade
com uma conversa ao pé do ouvido, quem sabe volte a ser o que era; Luan
continua, esse é o menino maluquinho em que confiamos sempre; Chará sai e entra
Maicon Bolt para retornar ao que o
senhor tirou do time na mudança brusca, a velocidade; e continuam Cazares, o
sobrecarregado, e Ricardo Oliveira (este que pode ter a sombra do Papagaio,
quem sabe essa ave completa o Galo?).
Pronto.
Como treinador de futebol há longos anos, é sabido pelo senhor e por qualquer
cidadão de inteligência mediana, que no futebol o que manda é o “encaixe”. A
esta altura, com time um pouco comum, composto de alguns jogadores vindos das contratações
malucas do desconhecedor total de futebol, Alexandre Gallo, o que nos resta de esperança
é somente esse encaixe de peças, porque tudo está feito.
Então,
por hoje é só. Deixe de teima! Todo mundo sabe de sua pirraça. Procure
desmentir os que lhe chamam deste nome feio: pirracento. Faça isso porque o
risco que o senhor corre é muito alto e ninguém sabe de uma reação adversa da
torcida a esta altura de campeonatos que vamos perdendo pouco a pouco. E olhe
que o medo maior do atleticano é este: cair de novo para a segunda divisão.
Somos candidatos, viu? Pelo amor de Deus, acorde, Levir de todas as culpas,
além do Sette Câmara!
Atenciosamente.
José Almeida Sana
RG M-2 965 104
OS: Já
estava escrito este texto quando li sobre a entrevista de Levir concedida à imprensa agora há
pouco. Chamou os críticos de covardes. Aí estão as minhas críticas e aí está minha
identidade. Covarde, não, seu treinador teimoso e pirracento!
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