Tãozinho deixou
escrito do próprio punho: “Sebastião, nome de batismo; Cândido vem do pai,
Godofredo Cândido de Almeida; Ferreira, da mãe, Maria da Natividade Ferreira de
Almeida, ou Sinhá do Godó. Nasci em 27 de fevereiro de 1914. Signo de Peixe. O
padre que me batizou: Cônego Manuel Ferreira Madureira. Padrinhos de batismo:
Melchiades Cândido de Almeida, conhecido como Quidinho, irmão de meu pai, e
Francisca Conceição Ferreira Maia, Nhachica, irmã de minha mãe. Joaquim Manuel
Gonçalves, Joaquim do Godó, é meu padrinho de crisma. Meus irmãos: Maria
Jacintha, José Cândido Ferreira de Almeida ou Zezé do Godó, Luzia Cândida
Ferreira de Almeida, Godofredo Cândido de Almeida Júnior, Irmã Míriam de
Almeida e Domingos Primo de Almeida”.
Continua em sua
autobiografia: “Itália, minha esposa, nasceu em Ouro Preto, em 14 de novembro
de 1923. Signo: Escorpião. Filha de Seraphim Sanna e de Dona Maria Magno Sana.
Ficamos nos conhecendo em 1936, mas iniciamos o namoro em 1938, ano em que, em
agosto, ela retornou a Ouro Preto para estudar. Ficou em Ouro Preto no restante
do ano e todo 1939. Voltou para casa em janeiro de 1940. Reiniciamos namoro em
20 de janeiro de 1940, dia da Festa de São Sebastião”.
E segue: “Fui
agente recenseador em 1940, quando canalizei para o bolso pouco mais de NCR$
2,50 (dois contos e quinhentos). Senti a necessidade de casar-me, pois já
ficava coroa e gostava da Itália, que parecia gostar de mim também. Daí, então,
a decisão de ficar noivo. Escolhi o dia 9 de janeiro de 1941, dia do
aniversário de meu pai. Infelizmente, não obtive resposta nesse dia, mas
somente no dia 12, três dias depois. Foi até engraçado o meu pedido e creio que
sui generis, pois jamais ouvi dizer que
uma pessoa peça o casamento, não tem resposta e continua frequentando a casa da
moça. É engraçado ou não é? Foi o que aconteceu comigo.
O nosso
casamento deveria ser realizado em outubro de 1941, dia do aniversário do sogro
Seraphim. Entretanto, por motivo de
doença da noiva, foi o mesmo adiando sine
die. Itália foi acometida de uma moléstia que ninguém descobriu, inclusive
o médico chamado para vê-la, Dr. Costa, de Santa Maria de Itabira. Não
experimentando melhora, ao contrário, piorando dia a dia, foi ela levada no
catre (cama) até Morro do Pilar, daí seguindo de automóvel até Belo Horizonte,
onde ficou de maio a julho de 1942, quando voltou para casa sem melhorar”.
Ele conta ainda
em sua autobiografia inacabada detalhes da doença da noiva e o drama vivido por
ele, que acompanhou Itália e o pai na capital à procura de solução para o
problema de saúde, lá permanecendo não menos de um mês.
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Tãozinho e Itália: 46 anos casados |
Depois,
prossegue: “No dia 30 de outubro de 1943, casamo-nos, quando ela já estava
totalmente recuperada, graças à suspensão de medicamentos, iniciativa do
próprio pai, farmacêutico. Fez o nosso casamento religioso o padre Argel Dias
de Azevedo”.
Do casamento
nasceram dez filhos: José, Carlos, Maria das Graças, Sebastião, Elizabet,
Roberto, Renato, Mary, Marisa e Keile. Em vida teve netos, posteriormente
bisnetos.
Tãozinho do Godó
foi vereador, quando o então distrito de São Sebastião do Rio Preto pertencia a
Conceição do Mato Dentro. Na vida política, destacou-se por participar da
comissão de emancipação do distrito, desmembrado de Conceição do Mato Dentro em
31 de dezembro de 1962. O município foi instalado em 1º de março de 1963. No
novo município, tornou-se vereador e presidente da Câmara Municipal no primeiro
ano da nova cidade.
Construiu sua
vida profissional no comércio desde a infância, com o pai e, depois, por conta
própria, na sua loja que denominou Bazar São Geraldo.
Na vida
comunitária, participou de movimentos diversos, dentre os quais, de organização
da Sociedade dos Amigos de São Sebastião do Rio Preto, entidade que montou a
Usina Elétrica Nossa Senhora de Fátima, depois Cachoeira Alegre.
Foi músico da
Banda do Godó, organização que resistiu até alguns filhos e netos do patriarca
Godofredo, herança de portugueses que chegaram ao Brasil nos séculos 18 e 19.
Tãozinho faleceu
em 23 de março de 1989, em Itabira, aos 75 anos de idade, deixando filhos,
netos e a esposa, Itália Sana de Almeida, que faleceu em 28 de setembro de
2017, aos quase 94 anos de vida. Foi sepultado na terra natal.
Como naquela melodia
famosa, de Nelson Gonçalves e Raphael Rabello, vale a pena plagiar como forma
de homenagem:
“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele
contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele
juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos
era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que
doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o
quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim”
Essa dor tão doída não doía assim”
José Sana
Em 23/03/2019
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