segunda-feira, 13 de maio de 2019

COMO É QUE É: SOMOS MESMO PALHAÇOS DE CIRCO?

Todo dia faço a mim mesmo uma promessa de parar de rabiscar textos de meu interesse e a bel prazer de minhas ideias. Egoísmo? Não tenho dúvidas. A consciência pesa, sinto não fazer sentido gastar espaço e tempo para exprimir pensamentos que ninguém segue. Sempre pensei sobre o fato de o ser humano só se interessar por sensacionalismos e ideias de resultados rápidos. Meus médicos dizem que devo continuar a ser um escrevinhador do nada porque pelo menos me desabafo. Concordo com eles. Então talvez possa continuar escrevendo, mas só para o computador. Será, então, dois silenciosos: o computador e eu. O burro e a carroça.

Também já conclui que  contextos a curto prazo nunca são nem duradouros nem eficientes. Não prestam. Os leitores brasileiros (ou serão os dos mundo todo?) fazem o contrário: para eles o que interessa é o aqui e agora.  Já  comentei que estudei História para temperar a precipitação do Jornalismo: a notícia acontece às 9 horas e às 9h05 os pseudoleitores dizem alhos e bugalhos e concluem pensamentos bestas.  Demorei a descobrir isso. Sou um burro e cangalha, barbicacho e baixeiro, portanto. Repito que todo remédio bom é amargo ou dói muito ou engorda.

Recordo-me que meu avô, saudoso e exímio farmacêutico, Seraphim Sanna, dizia que os melhores remédios são lavagem intestinal (naquele tempo conhecido pelo nome extravagante de cristel) e “Benzetacil” na veia. O cidadão de hoje só gosta de medicamento  com gosto de mamão com açúcar.

A hora de um despertar coletivo está tardando e não suporto esperar tanto assim. Digo isso, mas acrescento: parece que tal conclusão só se dará muito tarde e nem veremos nenhum sinal de abrir os olhos nesta e desta geração. Colocando em ação o que aprendemos pela vida afora, percebe-se que fizemos uma verdadeira salada de ideias em nossa cabeça, misturando política, religião, ideologia de gênero, jiló, pimenta, preconceitos e outras preferências. Ninguém precisa pensar o mesmo que seu amigo, companheiro, comparsa, irmão, pai, mãe, marido, esposa, filho. Mas é necessário que haja um ponto de encontro compatível para haver a tal e indispensável união, a dita famosa que faz a força. Cada um puxando a corda para um lado não dá para sair do lugar. Daí os conflitos, brigas, guerras, terrorismo, desgraças. previsão do fim.

Deus existe? Deixo a resposta para quem tem a coragem de me ler. Se você entende que não há força superior comandando o mundo, pode anotar no seu caderninho de apontamentos: “Vamos afundar nesta nau sem destino tal qual um titanic global”. Imagine um barco desgovernado e nem sabemos para aonde é desviado. Neste caso, a vida não teria sentido, podemos nos desistir dela. Pronto. Acabou. Fim.

Natural. Eis aí o segredo. Acabei de deixar escapar um termo que cai em minha cabeça como um chapéu feito para esta mesma cabeça. Certo dia, lá por volta de 10, 15, 20 anos, não sei precisar, decidi iniciar o rabisco de um Dicionário de Leis Naturais. Ainda não terminei porque quanto mais escrevo mais novos conceitos vão surgindo. Sinal de que o natural é dominador do bem. O homem é um ser que, desde o início da civilização sustenta as leis que  inventou e vai inventando a torto e direito. Por ordem de sua vontade particular, segue grande parte dessas leis criadas por cabeças ocas, porque as buscam da falta de essência. O Código de Hamurabi é um conjunto delas, criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C. 

Daí chegamos à Lei das Doze Tábuas (Lex Duodecim Tabularum) que se constituíam numa antiga legislação que está na origem do Direito Romano. Esse formou o cerne da constituição da República Romana e gerou constituições e normas mundo afora, no Ocidente e no Oriente.


Bem, é fácil constatar, quem quer se inteirar de um caminho amplo de informações, que as leis criadas pela cabeça humana são, portanto, artificiais. Ou não são confiáveis. Mas geraram infinitas outras normas. Absurdo total. Bagunça mundial. Tanto que prevalece sempre o interesse dos seus autores, normalmente representantes dos poderosos vindos de classes dominantes. Hoje, o que quero acrescentar em tudo, antes da decisão de parar de escrever definitivamente, é que para quem tem ainda um pingo de lucidez  e não perdeu o rumo de seu barco, só algo natural nos pode conduzir a um porto seguro e nos dar a luz. Como está bem claro naquele filme: "Que haja luz!"

E aí está um esclarecimento eficaz: somente entendendo a vontade de quem fez o mundo podemos ser gente com vergonha na cara. Do contrário, a bagunça continuará solta e só nos resta reconhecermos que, mesmo sem circo e  sem picadeiro, palhaços somos de verdade.

José Sana
13/05/2019

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