O
principal motivo está ligado a uma expressão mais que horripilante popularizada
pela antiga Companhia Vale do Rio Doce: “Rota de Fuga”. Hoje em dia, Itabira e
sua região mineradora têm mais setas indicando o caminho para que sejamos
espertos, ágeis e egoístas que conselhos de paz e harmonia propagados nos
templos religiosos. Como no filme “Me pegue quem for capaz”, a Vale dá aulas de
como fugir em várias circunstâncias. Serve também para ludibriar a polícia caso
no meio dos fujões existam criminosos e bandidos. Já somos proclamados como esses
malfeitores. Aceitemos que dói menos, parece nos dizer a dita cuja mineradora.
Se
é que nesta vida ainda não fiquei do lado mais fraco, redimo-me agora do
pecado mortal para fazer algumas
defesas, com unhas e dentes, pela ordem: os idosos — as leis até me garantem o
privilégio de estar eu junto deles; os deficientes físicos de todas as
naturezas; as crianças e adolescentes lembrados pelo estatuto próprio, o ECA;
os sem pernas, ou os sem braços; os
surdos (e me insiro entre esses) e os surdos-mudos; os cegos; os portadores de
síndrome de Down (e tenho uma irmã consanguíneo); os autistas; os complexados
de toda ordem; os tetraplégicos; os psicopatas e os a caminho desta situação
depois de viver tantos alardes ao som de alarmes; as vítimas de quaisquer problemas que se colocam à margem dos demais;
enfim, todos aqueles prejudicados por uma causa congênita qualquer.
Em
nome de todos os citados e de algum esquecido, pergunto à poderosa Vale: o que
será desses excluídos dos treinamentos que se desenrolam em esperados incertos
dias previstos para a tragédia do rompimento de barragens? Um casal, morador do Bairro João XXIII,
resolveu copiar a insanidade da mineradora e expôs defronte sua casa o seguinte
aviso, em placa, pintada com arte: “Aqui estamos aguardando a morte”. Ironia?
Talvez. E se não for?
E
não somente Itabira, berço da velha Companhia, é contemplada com o pavor e o
horror. Acrescentem outras cidades, entre as quais se destacam Barão de Cocais,
Santa Maria de Itabira, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, Brumadinho,
Rio Acima, enfim, onde há ou houve minério de ferro.
Não
há o que se acrescentar, senão relatar um aviso conhecido mundialmente depois
do fatídico ataque suicida às Torres Gêmeas de Nova York, em 2011: “A organização
fundamentalista islâmica Al-Qaeda declara que habitantes dos Estados Unidos da
América do Norte jamais terão paz”. Não se sabe que se sarcasmo do destino, com
seus atos inexplicáveis e suas providências cruéis e malucas, a Vale quer se
tornar um novo Estado Islâmico ou Al-Quaeda sem Bin Laden e outros comparsas.
Antes
de entender a sentença que nos é imputada, como não sou um desesperançado total,
resta-me render-me de joelhos em apelo à mineradora: reveja seus conceitos e ações e nos dê pelo
menos um fio de esperança na existência do futuro. Assim, quem sabe, possamos
sentir-nos novamente humanos, tal como
Deus nos talhou.
De
nossa parte, que sejamos reais e corajosos para recuperarmos a perdida vergonha
na cara. Sem medo de ver aonde chegaremos, acreditamos que há um fio dessa
esperança vagando à nossa frente. Sigamos esses sinais.
Então,
conclui-se que não queremos que a mineradora Vale retorne ao seu tempo de
Madrasta, quanto menos de Mãe. Desejamos, sim, que ela negue a veracidade das centúrias de
Nostradamus e, mais ainda, a conclusão mais difícil de ser engolida: que ela
não seja a pavorosa Besta do Apocalipse. Mas os alarmes bradam como
sirenes mortais e não são anjos que sopram seus sons fatídicos. Até quando
vamos suportar esse terrorismo?
José
Sana
Em 16/05/2019
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