segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O FUTEBOL ACABOU. ANTES DO FIM ESTÁ SENDO SUFOCADO PELO CALOR


O primeiro ventilador mecânico foi feito no sustentáculo de leques presos por hastes. Os leques se moviam de acordo com algumas roldanas. Isso por volta de 1880, nos Estados Unidos. E em 1882, Philip Diehl inventou, precariamente, o ventilador de teto. O primeiro aparelho de ar-condicionado foi criado em 1902 por Willis Carrier, em Buffalo, sempre nos Estados Unidos. Até aí o mundo já era velho de guerra, com bilhões de anos nas costas. E o calor, hoje quase insuportável, não queimava o planeta?

Não desejo discutir os assuntos ventilador e ar-condicionado e o calor de matar com meus eventuais e pingados leitores. Só pretendo deixar uma pulga nas orelhas de quem tem ouvidos normais sobre o seguinte tema: será que esse clima infernal vai continuar desenfreado? Para amenizar, eu era menino rabugento ainda quando estourou nas bilheterias de cinemas do país, o filme “Rio, 40 graus”. Brasileiríssimo, de 1955, com roteiro e direção de Nelson Pereira dos Santos, revela algum fato interessante. Por aí se vê que de 1955 até agora o calor do Rio de Janeiro não subiu tanto, no máximo até 45 graus, sei lá. E vamos levando o bonde arrastado, mas levando.

Mas o assunto de agora  não é este. Só faço um preâmbulo para lembrar  o jogo de futebol, realizado ontem, entre Cruzeiro 0 x Atlético 0, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. Li, vi, ouvi opiniões de vários entendidos das bolas rolando. Criticaram tudo: diretorias, jogadores, treinadores; até os gandulas eram moles em repor as redondas; os próprios narradores engoliam mais água que palavras; mas não li, nem vi, nem ouvi nenhuma crítica ao horário do “derby” — 16 horas, num calor de fazer galinha pôr ovo cozido. Ouvi também que vários torcedores tiveram insolação, alguns desmaios, atendimentos com ambulâncias, transporte para o hospitais. E acrescento: dezenas de outros jogos foram travados na “ex-pátria das chuteiras” no mesmo horário. Ufaaaa!!!




Não vou me alongar neste texto e nem é preciso. Se nas arquibancadas os torcedores desmaiavam, difícil será acreditar que nem um jogador morreu atingido pelo ar pesado que circulou dentro de campo. Isto eles falaram: que os termômetros marcavam 34 graus centígrados no gramado. Mas o medidor de temperatura não correu atrás da bola, não suou, não permaneceu mais de 90 minutos pra lá e pra cá como cachorros dopados. Só quero dizer que a decisão de marcar a partida para 16 horas, a imposição do horário (Rede Globo, a tal), o aceite dos clubes (estão à míngua, de chapéu nas mãos) e a insensibilidade de todos juntos, tudo merece uma forca com direito a plateia para os (ir) responsáveis.

Infelizmente, o futebol brasileiro vai mal. Acho que só o Flamengo está bem porque acreditou na sua imensa torcida e investiu. E além de horroroso, o futebol ficou sem graça, com um time só. O time da vitória antecipada. E não venham me dizer que Palmeiras, Santos e Grêmio estão no nível do Urubu, completamente distantes dele. Mas, pior que o futebol brasileiro são os insensíveis, os brutos, os cegos que neste verão antecipado jamais deixam sua sala de ar-condicionado. Mas decidem burrices trágicas.

O futebol morre e, antes de seu último suspiro, o calor destrói o que sobrava nos pés e cabeças de jogadores que chamam de mesquinhos, peladeiros, pernas de pau, cabeças de bagre. Mass também pudera! E antes de concluir deixo uma informação que a maioria conhece: o Flamengo não joga no sol a pino, não, esse super time é escolhido para entrar em campo quando cai a tarde e entra a noite. Só faltam instalar um ventilador na cabeça de cada craque de cem milhões de euros.

Lamentável essas cabeças secas. Você aí, desconfie que a inteligência humana está indo pro brejo. Volto ao assunto um dia, se a graça de Deus permitir.

José Sana
Em 10/11/2019

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