Antes de tudo, esclareço que não sou contra o técnico
Vagner Mancini e também não sou a favor. Mas agora vou defendê-lo com unhas e
dentes. Ou só com unhas porque ele topou a parada. Isso porque não há treinador bom quando não é ele quem monta seu time
preferido. Técnico de futebol não ensina ninguém a matar a bola no peito, na
canela, nem cabecear e chutar. Ele apenas vai para a beira do gramado e começa
a gritar com os seus comandados. Como exemplo daquele que hoje está endeusado
no futebol brasileiro, Jorge Jesus, do Flamengo, não vejo o que fez para
ensinar Gabriel Barbosa, Arascaeta, Éverton Ribeiro e outros a chutar,
cabecear, passar a bola, fazer gols.
O jornal O TEMPO desta sexta-feira (29) pega os números dos
últimos treinadores do Galo e faz as suas comparações: Rodrigo Santana, 48,7%;
Vagner Mancini, 36,6%. Pronto. Cita apenas o número de jogos e outros dados
além disso: 11 (o repórter errou ao citar dez), duas vitórias e cinco derrotas,
mini-currículo de Mancini no Galo. O outro lado, comum em matérias jornalísticas, deu duas linhas para o Mancini assim: “Chegamos em
uma sequência de nove derrotas em 11 jogos”. O destaque da reportagem, incluindo o comentário do colunista Roberto Abras, é também injusta. Em síntese,
Mancini não fez o milagre esperado pelos cabeças de bagre.
O barco saiu do porto com uma série de avarias claras, e tinha um
Sette Câmara mais incompetente que os marinheiros
inexperientes, ou ruins de remo que foram por ele escolhidos. A embarcação
começou a flutuar razoavelmente bem, mas logo a seguir mostrou-se com certa dificuldade diante de vários
princípios da física e da geometria. Na verdade, é um navio pequeno, uma
embarcação feita de madeira, ferro, aço, fibra,
alumínio, adaptado a vários tipos de propulsão, mas candidato ao
naufrágio.
O titanic do Sette Câmara já mostrava entrada de água, risco de
afundar-se ou de desgovernar-se. Tinha
um capitão, diria um soldado raso comandando a jornada. Trocaram o comando no meio do caminho. Continuaram escancaradas as avarias e os marinheiros sem a formação
necessária eram chamados a fazer o que não sabem. A viagem longa do Campeonato
Brasileiro exigia melhores preparações. O navio atleticano já vinha de uma
série de afundamentos neste trágico ano de 2019.
Vem agora o analista Thiago Nogueira e quer que o soldado-comandante faça milagre
em plena viagem, em alto-mar. Querem que uma nau sem rumo seja ajustada em
tempo recorde, já que a viagem não cessa, não se pode voltar no tempo e reparar
erros cometidos. Diria que o único erro
ao soldado-comandante Vagner Mancini foi aceitar o desafio e não ter a visão
suficiente para recusar o convite do Sette Câmara ou do Rui Costa e dizer o seguinte: “Esse milagre não é
comigo, só São Nicolau, que é o protetor dos marinheiros, pode resolver”.
Agora,
resta o seguinte: não deixar que a nau se afunde. É uma missão ainda
desafiadora. Nos menores enfrentamentos de ondas durante a jornada do atual campeonato houve
ameaças de naufrágio. Então, o barco não está salvo, ainda tenta uma necessidade de calmaria
para toda a tripulação e seus viajantes que são a imensa torcida sofredora e
desrespeitada do Galo. Existem botes salva-vidas, à espreita? Não. E não há
submarinos de plantão também. Vamos, então, nos agarrar com o santo protetor. E
vamos esquecer de que esta viagem é um cruzeiro, pois cruzeiro que afunda também. As ondas são
corinthianas, botafoguenses e coloradas pela frente. Livremo-nos delas e julguemos Vagner
Mancini com justiça. Não pela sua competência, nem fama de treinador pé-frio.
Se sair bem desta é o São Nicolau consagrado.
José Sana
29/11/2019
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