No tempo do
Tarzan os seres humanos se comunicavam
via som do tambor. O ruído atravessava rios e lagos, planícies e montanhas, e
chegava puro, claro e insofismável ao
seu destino. Mas os seres humanos, habitantes do mundo, cujo mundo ainda não
conhecem, resolveram mudar os recados para boca a ouvido, depois telégrafo, telefone,
rádio, TV, internet. Quanto mais parecia que a evolução estava em funcionamento
mais se degradavam o sentido e a pureza da informação. Até que hoje chegamos à
telefonia celular.
As publicidades,
que não passam de guerra acirrada de uma contra outra marca, são outros
desafios imbatíveis, nada mais, nada menos que
propagandas enganosas. Se fosse verdade o que mostram nos meios de
comunicação como luxo, conforto, melhoria, cada Tim, Vivo, Claro, Oi e outros
nomes não seria líder nas reclamações maiores dos Procons de todo o Brasil.
No tempo dos tambores ninguém reclamava ou ficava nervoso porque era tudo de
graça. Hoje, a expansão das modalidades vendidas, cobradas caro, não satisfazem
a quem quer que seja. Você faz uma ligação telefônica e demora um bom tempo a
conseguir o que deseja, que seria falar com alguém. Ou você está falando, no
momento de deixar o seu recado a linha cai. Assim funciona hoje estas
porcarias.
Se trovejar ou
relampejar ou ventar a TV, movida a cabo ou sky, não funciona. Ela se despede
pelo menos naquele dia, mesmo havendo programas especiais a serem vistos,
como algum jogo de futebol considerado
importante pelos que precisam descansar a cabeça de problemas aparentemente
insolúveis, os quais requerem uma reflexão movida a mudança. Com algo importante para resolver
amanhã, nada melhor que um filme relaxante para tirar a atenção à preocupação
desnecessária antes do verdadeiro momento marcado.. A palavra já diz tudo —
pre-ocupação — que significa nada menos que se ocupar antes do momento certo de
estar ocupado.
A verdade: não
gozamos plenamente do direito de ter meios
de comunicação às nossas mãos tal qual deveria ser ou que é anunciado como
existente. Não há internet G neca nenhuma sobrando por aí, os sinais demonstram
por si só a irresponsabilidade de seu (ir) irresponsável provedor ou
mantenedor. As contas chegam religiosamente em cima da data programada. Se o
usuário não pagar, para cada falta de pagamento será multado por atraso
irremediavelmente; se demorar um pouco mais a ir para as filas de bancos ou
lotéricas os serviços são suspensos.
Os meios de
comunicação estão arrasando o mundo. Você toma a notícia pela metade e a
multiplica em doses maiores. E elas saem
voando por todo o planeta, tornando as pessoas ainda mais analfabetas e
desinformadas. Na internet, percebem-se quantos “morreram” de verdade e de
mentira. Nossos amigos e amigas não têm mais disponibilidade para nos dizer
algo, temos que tratá-los com apenas gestos. Cada um anda pelas ruas com dois
fones de ouvido dentro das orelhas e um smarthphone escondido num bolso
qualquer. Não nos ouvem e só nos resta abaixar a cabeça e seguir em frente, contentando-nos em
ter visto aquela difícil figura. Se você
pergunta algo a alguém, no meio da rua, a única esperança de obter a resposta é
aguardando um email ou um olá pelo whatsApp.
E nada voltará
atrás ou ao que era. As mudanças fazem parte do processo naturalmente
transformativo, são indispensáveis e preciosas, seguem à frente melhorando ou
piorando. A água que você acaba de ver descendo rio abaixo não mais voltará, o rio é dinâmico, tal como
o dia ou a noite que nunca são detidos. Enquanto o filme de sua vida não acaba.
você pode ver a depressão que vem depois
ou o desespero costuma se instalar inexplicável e definitivamente dentro de
cada figura que se julgava intocável. Você haverá de saber, com absoluta
certeza, como sair desses novos emaranhados de problemas. Se não sair,
prepare-se para o sufoco ou detenha, para seu consolo, nos ensinamentos de
Drummond: “A dor é inevitável; o sofrimento é opcional.”
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