Sou do tempo em que o Mineirim era considerado
esperto e que ninguém o passava para trás. Naquele tempo, que podemos chamar de
Idade Média, de tão astuto que era, inventaram um monte de piadas em sua
caprichosa homenagem. Até hoje criam anedotas que fazem rir, mas me desculpe
essa figura um tanto quanto explorada por aí, o tempo passou e o tal mineiro
virou um verdadeiro jacu de mamadeira.
Só vou contar
uma historinha, um tanto quanto atual, para provar a afirmativa inserida no
título deste texto. No tempo em que o Mineirim dobrava cariocas, paulistas,
gaúchos e outros, a nossa estradinha para BH era de terra, poeira e barro. Com
o tempo, veio a chamada BR 262, que virou 381 e que se transformou na Rodovia
da Morte.
Ostentando em
reportagens e manchetes o nome fúnebre, há cerca de 20 anos vimos labutando por
aí à procura de solução condizente com a dignidade mineira e humana. A imprensa
já fez estatísticas e constatou que morriam (e morrem) mais transeuntes da
rodovia Belo Horizonte a Governador Valadares, a própria BR 381, que na Faixa
de Gaza, no Oriente Médio. Como repórter e editor da revista Itabira e
Centro-Leste em Revista, depois DeFato, fiz incontáveis matérias sobre o tema,
cobri passeatas, manifestações, fechamento de pistas e participei de centenas
de reuniões. O mais engraçado de todos os encontros políticos ocorreu quando um
deputado de grande prestígio propôs construir quebra-molas de Valadares a BH, a
cada 20 metros. O fato foi muito bizarro e, mesmo sérios os participantes do
sarau, arrancaram-se risos frenéticos de todos, não dele.
Em 1999, levei
ao conhecimento de autoridades da região (todas as cidades das margens,
incluindo os municípios invadidos de Caeté, Santa Luzia e Sabará) que o trecho compreendido entre a Serra da
Piedade e a Capital, de aproximadamente 40 quilômetros, estaria ameaçado de
nunca receber a duplicação por estar sendo ocupado por bandidos, incluindo
falsos corretores de imóveis. A matéria circulou na revista DeFato, edição
número 76, de abril de 1999, nas páginas 46-47. Hoje, a previsão se confirma e
me elegem, mesmo sem pompas, profeta do óbvio. Existem, segundo os próprios
invasores, mais de 5,5 mil barracos construídos às margens da BR, o que dificulta, ou impede, que as obras sejam
realizadas.
Sem contar os 40
km de condenação quase eterna, aí estão, as obrinhas que seguem em ritmo de
tartaruga, para enganar o já consagrado cidadão, fato também denunciado pela
mídia desde o ano 2000. Esta é uma luta incansável de pessoas conscientes e
honestas que, pelo exemplo do Mineirim, se inserem no rol dos babacas elevados
ao quadrado. Depois de tantos discursos, tantas salivas jogadas fora, tantas
promessas ao vento, foram descobertos os nomes dos responsáveis pelo
engabelamento das obras da estapafúrdia pirraça governamental: administrações
incompetentes, com maior culpa da cidadã Dilma Rousseff, a destituída, que fala
em “golpe” sem se cansar, esquecendo-se de lembrar a pisadela que aplicou nos
mineiros a partir de uns três meses passados.
Sim, há cerca de
um trimestre, Rousseff se lançou, audaciosamente, candidata ao Senado e
exatamente pelo Estado de Minas Gerais, que ela, com medido chute em nosso
traseiro, nos enviou diretamente à “tonga da mironga”. Como se pode provar,
desviou o nosso dinheiro, segundo seu colega de Senado, Álvaro Dias, algo assim
em torno da bagatela de 52 bilhões de reais, para países pré-comunistas da
América Latina, do chamado Socialismo Bolivariano, fundado por Hugo Chávez e
praticado pelo não menos aloprado, Nicolás Maduro, ou verde, sei lá.
Agora, o
Mineirim, para encerrar estas indesejáveis linhas, que escrevo sem o mínimo
prazer, mas movido por um troço bem pertinente para o período eleitoral, chamado
cidadania.. Que papelão, hein Mineirim dos Infernos? Diz a boca pequena que as
pesquisas de opinião destinam nada menos
que uma vitória sossegada para aquela que nada fez por vós e nós senhores
ex-espertos? Verdade, Mineirim, vós nos permitistes ficar com raiva da própria
absoluta ignorância, a total falta de letramento político, um analfabeto mais
que completo desenhado por Bertolt Brecht.
Nada mais a
dizer, Mineirim babaca. Eleita Rousseff, apenas para lhe garantir foro
privilegiado na Câmara Alta, continuaremos sofrendo por esta Rodovia dos
Martírios e da Morte. Não vou deixar por menos. A partir de agora, vamos
assumir de vez a nossa mais completa consciência: a babaquice desce por nossa
fronte abaixo e nos faz também abaixar a cara de vergonha. Vamos dizer para o
Brasil inteiro: suspendam as opiniões que tinham sobre a nossa e vossa
esperteza, parem de narrar piadas acerca de nossa inteligência apurada, que
virou fake news. Sugiro que mudem o
nome da BR 381 de Rodovia da Morte para “Atestado de Total Babaquice do Povo
Mineiro.”
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