quinta-feira, 20 de setembro de 2018

O MINEIRIM É UM GRANDE BABACA


Sou do  tempo em que o Mineirim era considerado esperto e que ninguém o passava para trás. Naquele tempo, que podemos chamar de Idade Média, de tão astuto que era, inventaram um monte de piadas em sua caprichosa homenagem. Até hoje criam anedotas que fazem rir, mas me desculpe essa figura um tanto quanto explorada por aí, o tempo passou e o tal mineiro virou um verdadeiro jacu de mamadeira.

Só vou contar uma historinha, um tanto quanto atual, para provar a afirmativa inserida no título deste texto. No tempo em que o Mineirim dobrava cariocas, paulistas, gaúchos e outros, a nossa estradinha para BH era de terra, poeira e barro. Com o tempo, veio a chamada BR 262, que virou 381 e que se transformou na Rodovia da Morte.

Ostentando em reportagens e manchetes o nome fúnebre, há cerca de 20 anos vimos labutando por aí à procura de solução condizente com a dignidade mineira e humana. A imprensa já fez estatísticas e constatou que morriam (e morrem) mais transeuntes da rodovia Belo Horizonte a Governador Valadares, a própria BR 381, que na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. Como repórter e editor da revista Itabira e Centro-Leste em Revista, depois DeFato, fiz incontáveis matérias sobre o tema, cobri passeatas, manifestações, fechamento de pistas e participei de centenas de reuniões. O mais engraçado de todos os encontros políticos ocorreu quando um deputado de grande prestígio propôs construir quebra-molas de Valadares a BH, a cada 20 metros. O fato foi muito bizarro e, mesmo sérios os participantes do sarau, arrancaram-se risos frenéticos de todos, não dele.

Em 1999, levei ao conhecimento de autoridades da região (todas as cidades das margens, incluindo os municípios invadidos de Caeté, Santa Luzia e Sabará)  que o trecho compreendido entre a Serra da Piedade e a Capital, de aproximadamente 40 quilômetros, estaria ameaçado de nunca receber a duplicação por estar sendo ocupado por bandidos, incluindo falsos corretores de imóveis. A matéria circulou na revista DeFato, edição número 76, de abril de 1999, nas páginas 46-47. Hoje, a previsão se confirma e me elegem, mesmo sem pompas, profeta do óbvio. Existem, segundo os próprios invasores, mais de 5,5 mil barracos construídos às margens da BR, o que  dificulta, ou impede, que as obras sejam realizadas.

Sem contar os 40 km de condenação quase eterna, aí estão, as obrinhas que seguem em ritmo de tartaruga, para enganar o já consagrado cidadão, fato também denunciado pela mídia desde o ano 2000. Esta é uma luta incansável de pessoas conscientes e honestas que, pelo exemplo do Mineirim, se inserem no rol dos babacas elevados ao quadrado. Depois de tantos discursos, tantas salivas jogadas fora, tantas promessas ao vento, foram descobertos os nomes dos responsáveis pelo engabelamento das obras da estapafúrdia pirraça governamental: administrações incompetentes, com maior culpa da cidadã Dilma Rousseff, a destituída, que fala em “golpe” sem se cansar, esquecendo-se de lembrar a pisadela que aplicou nos mineiros a partir de uns três meses passados.




Sim, há cerca de um trimestre, Rousseff se lançou, audaciosamente, candidata ao Senado e exatamente pelo Estado de Minas Gerais, que ela, com medido chute em nosso traseiro, nos enviou diretamente à “tonga da mironga”. Como se pode provar, desviou o nosso dinheiro, segundo seu colega de Senado, Álvaro Dias, algo assim em torno da bagatela de 52 bilhões de reais, para países pré-comunistas da América Latina, do chamado Socialismo Bolivariano, fundado por Hugo Chávez e praticado pelo não menos aloprado, Nicolás Maduro, ou verde, sei lá.

Agora, o Mineirim, para encerrar estas indesejáveis linhas, que escrevo sem o mínimo prazer, mas movido por um troço bem pertinente para o período eleitoral, chamado cidadania.. Que papelão, hein Mineirim dos Infernos? Diz a boca pequena que as pesquisas de opinião destinam  nada menos que uma vitória sossegada para aquela que nada fez por vós e nós senhores ex-espertos? Verdade, Mineirim, vós nos permitistes ficar com raiva da própria absoluta ignorância, a total falta de letramento político, um analfabeto mais que completo desenhado por Bertolt Brecht.

Nada mais a dizer, Mineirim babaca. Eleita Rousseff, apenas para lhe garantir foro privilegiado na Câmara Alta, continuaremos sofrendo por esta Rodovia dos Martírios e da Morte. Não vou deixar por menos. A partir de agora, vamos assumir de vez a nossa mais completa consciência: a babaquice desce por nossa fronte abaixo e nos faz também abaixar a cara de vergonha. Vamos dizer para o Brasil inteiro: suspendam as opiniões que tinham sobre a nossa e vossa esperteza, parem de narrar piadas acerca de nossa inteligência apurada, que virou fake news. Sugiro que mudem o nome da BR 381 de Rodovia da Morte para “Atestado de Total Babaquice do Povo Mineiro.”

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