Pare! Não siga à
frente. Melhor perder tempo sem dar um passo na direção Norte do que seguir sem
rumo em lemes chamados “pros cocos”. É disto que estamos tratando neste momento
sobre o futuro da nossa Itabira, também abordando presente imediatista, estação
dos bobos. Se estou certo ou não, paciência, me deem apenas o direito de errar.
Mas, quem sabe há firmeza em meu propósito, ou estou pelo menos meio certo?
Está escrito por um notável sábio que cada um dos filhos de Deus, mesmo os
excluídos, carrega no cérebro algo de correto e que precisa ser aproveitado.
Curiosos de
plantão, como sou eu, gostam de seguir opiniões de cientistas, filósofos,
historiadores e outros graduados, pós-graduados, PHDs, quem estiver em pauta.
Escolhi um personagem da Antiguidade ao início da Idade Média para pré-avaliar
o contexto de minhas palavras agora: Sêneca (4 a.C. – Roma, 65 d.C.). Do
pensador, extraio uma frase irretocável, com sentido da flor da pele à alma
humana: “Enquanto o homem não souber para que porto quer ir, nenhum vento será
o vento certo”.
Não vou afirmar,
taxativamente, que Itabira caminhou contra a ventania sempre. Não, já procurou,
sim, o rumo pré-estabelecido. Só que em ocasiões, por culpa exata da liberdade
de cada um fazer o que quer, um governo geralmente não segue o outro. Por isso
que aí está a nossa Itabira ainda desnorteada, sem uma definição completa de
seu futuro, verdadeira nau sem bússola, ou mais claramente, sem rumo.
Para nos livrar
dessa falta de foco, de objetivo determinado, a ideia massacrante do
imediatismo nos condena. Por exemplo, agora a sacudida que se dá na cidade
coloca em epígrafe o preço de passagens de coletivos urbanos. O prefeito Marco
Antônio Lage é o propositor da ideia, transformada em projeto, reduzindo o
preço da passagem em R$ 1,00. E ele convoca numa de suas famosas “live” a
incumbência de expor a menos de 60 pessoas, as vantagens de sua proposição.
Por que não
abriu a licitação de um contrato de mais de 50 anos (salvo engano)? Só os
responsáveis pela tarefa de formulá-lo podem responder, enquanto o povo se perde em suposições, opiniões,
informações. Todas essas causas não são confiáveis. E quem poderia explicar? O
ocupante do poder não elucidou o indispensável porquê?
Colocar na
cabeça do usuário de transporte coletivo urbano que ele está sendo beneficiado
não é tão simples assim como pensam alguns e
principalmente o prefeito Marco
Lage. Faz mais ou menos meio século que somos informados de que o preço da
maior carga de passagens recai sobre o empresário, depois ao jovem estudante. O
operário, que seria o maior e imediato usufruidor, não faz parte da maioria.
Se até agora não
falei de flores, eis que aproveito para dizer que sim: em 1977, como vereador e
com a contribuição de 14 colegas, lançamos o “plano funil”. O que ele tem de
bom? Resposta: permite que haja uma verdadeira e confirmada participação do
povo no governo. Seria um verdadeiro socialismo, e poderia combinar com as
ideias do atual governo municipal.
O itabirano quer
isso? Marco afirmou em campanha eleitoral, efusiva e repetidamente, que de
partidarismo ele só teria Itabira como a sua preferência. Entendi: nada de
esquerda, nada de direita, nada de centro. Seria uma espécie de “itabirismo”
somente, aproveitando essa expressão lançada por Clóvis de Faria Alvim em seu
livro “Escritos Bissextos” (Editora Vega, 1980, 175p).
Quando o estado
traz para sim a centralização de despesas populares ele se alicerça no
socialismo. É bom clarear que não conheço esse sistema de governo com plena
democracia. O povo não aceita decisões que não sejam de sua inteira
participação. E democracia não tem meio termo. A data da licitação do
transporte coletivo urbano vem de anos a fio. Agora, para demover a população a
concordar, a Câmara Municipal tem curto tempo para decidir? Se eu fosse
vereador, nem o mais carneiro dos colegas aceitaria tal imposição.
— quando a corda
apertar, quando a receita municipal cair, onde buscaremos os milhões para levar
o passageiro ao seu destino?
— Onde seria
esse lugar de ficar se os empregos podem ter sumido?
— Itabira exige de seu gestor decisões para o futuro ou o itabirano aceita o perene imediatismo?
Com a palavra o prefeito, o vice-prefeito, os vereadores, as entidades públicas, a sociedade civil organizada.
Chegou a hora de “a onça beber água.” Em 2031 poderá não existir nem onça, nem Itabira, nem guia e nem água.
José Sana
Em 03/03/2023
Grande José Sana, sempre colocando o dedo na ferida. Essa é a questão, temos de construir soluções sustentáveis para os problemas da cidade.
ResponderExcluirÓtima reflexão. De que adianta ser transportador se não produto a ser entregue. Precisamos pensar em nosso filhos e netos.
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