quinta-feira, 23 de março de 2023

SUA MAJESTADE, A ÁGUA, AMADA UMA SEMANA SÓ!

 



A Água está sendo homenageada. Não somente em Itabira, mas no mundo inteiro. Se fosse mulher, seria  Miss, ou princesa, mesmo de carruagem quebrada. Se fosse homem seria o Poderoso Chefão,  dos filmes  de números sequenciais. Se estivesse nos Estados Unidos igualaria a um  Kennedy, ou Abraham Lincoln. Na Grécia teria sempre figuras internacionais à sua disposição no estilo de uma Jaqueline Onassis. No Oriente Médio, anti-Bin Laden, ornado de coragem para acabar com o terrorismo. Em Roma, o Papa teria de esforçar para disputar prestígio com ela. Como ponta da prática da  caridade superaria Madre Tereza de Calcutá. Fariam genuflexão a ela como ao Dalai Lama, na Índia. Mas anote no caderninho de apontamentos: só durante esta semana, depois voltaria a ocupar a vaga perene de Maria-Ninguém.



Mesmo bajulada, exposta num pedestal, ou mesmo exibida quando se mostra cristalina ou descendo deslumbrada e feliz em cascatas, ou num andor como se fosse um leitão assado, somente ela sabe de sua saga, que tem passagens desastrosas ao receber todas as sujeiras de indústrias poluidoras; dos detritos como azuis desbotados, chegam para ser ingeridos por ela; dos insultos humilhantes, como se fosse  culpada pela poluição e o desperdício. Olham com desprezo para sua pressão na  saída de mangueiras que lavam passeios, veículos, enfim, a sujeira detestável do mundo. Perdoam-na apenas quem segura  a compressão, mas tratam-na mal como no seguinte exemplo: “A m... de água não entrou na caixa hoje.

Os itabiranos sabem  que foi e é a Vale a grande sugadora de nossa água. Ao assumir o cargo para o qual foi eleito em 2020, o prefeito Marco Antônio Lage tinha conhecimento de que a  mineradora segurava na sua conveniência atraso no cumprimento de  importante item da  Licença Operacional Corretiva (LOC). Hoje são 23 anos de enrolo, empurra-empurra com a barriga e não se sabe o que rola nos bastidores  e  na calada da noite. Reina até hoje a   quietitude   absoluta, ou uma  preguiça institucional

 Os itabiranos sabem  que foi e é a Vale a grande sugadora de nossa água. Ao assumir o cargo para o qual foi eleito em 2020, o prefeito Marco Antônio Lage tinha conhecimento de que a  mineradora segurava na sua conveniência atraso no cumprimento de  importante item da  Licença Operacional Corretiva (LOC). Hoje são 23 anos de enrolo, empurra-empurra com a barriga e não se sabe o que rola nos bastidores  e  na calada da noite. Reina até hoje a   quietitude   absoluta, ou uma  preguiça institucional.



 Marco Lage  garantiu, em discursos e “lives”,  como resolver o problema da água, cujo foco seria a prioridade número um. Mas o tempo passou e nada mudou. Continuamos como nordestinos, na seca alternada com barro. Em dois anos e três meses não tivemos tempo suficiente para saber se foi ou não desferida a  primeira enxadada com vistas à transposição (ou não) de bacias. A maioria dos que participaram das discussões tinha um projeto de menor distância que 21 quilômetros, mas foram votos vencidos. Diplomas, currículos e outras forças ocultas pelo gabarito de participantes da decisão venceram nos debates. Os vencidos se calaram, e esperam e esperam e esperam.

Enquanto isso, na falta do líquido e na poluição que carrega, pode o governo fechar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Ali já estiveram três secretários, os quais não foram capazes de fazer milagre. Se me pedem  para indicar nomes capazes e milagrosos, tenho-os na ponta da língua: São Judas Tadeu, padroeiro das causas impossíveis, que poderia ser assessorado por Santo Expedito, solucionador de causas urgentes (este para agilizar tudo, porque a seca e a sujeira só pensam em atrapalhar a nossa vida).



Em cada rincão deste sofrido país e desta complicada Itabira a Água é uma deusa sem cobrar por serviços prestados. Sua Majestade é fonte da vida, quesito indispensável para ser algo divino, garante a certeza de que participou ativamente da criação do mundo e agora sustenta os nossos dias. Aproveitando que continua sendo homenageada, faço um pedido aos fazedores de homenagens e festas: por que não promovem o Mês da Água como fazem com a mulher, as crianças,  os namorados? 

Ao encerrar, tenho o meu bordão para ela que, aliás, não é de minha autoria, mas que aplaudo como força para a sua autoestima.

 

“Enquanto os cães ladram, a caravana passa”.

José Sana

23/03/2023

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