Reunião
de vereadores itabiranos escancara problemas inenarráveis e estampa denúncias
mortais ou imorais; será que o prefeito não toparia tentar limpar sua barra?
Itabiranos, o
mundo acabou em Itabira nesta tarde
quente de 28 de março de 2023. Sempre colocando otimismo e esperança quanto ao
futuro, desta vez cheguei à beira do abismo e por pouco não era atirado nesse
precipício. Ainda bem que não estava ao vivo e a cores, mas sintonizado numa
emissora de rádio e usando equipamentos auditivos modernos e artificiais, de
curvas avançadas dentro de aparelhos naturais.
O relógio marca
16h30 e a reunião da Câmara Municipal de Itabira, depois de homenagens a fatos
e a personalidades, de denúncias graves
na área de educação — escolas sem
professores, choro de mães e o repetitivo caso de muro de cemitério caindo em
Ipoema —, entendo ter chegado a hora do
holocausto itabirano. E ele se arremata com o adeus da Vale cada vez mais
próximo e com gosto de guerra que ainda nem começou.
Estou em casa,
grudado no radinho e pelo celular acompanhando
informações sobre o clima pesado que toma conta do semblante de
vereadores e da plateia durante a reunião plenária. De repente, a palavra é entregue ao vereador Neidson Dias de Freitas. A princípio um zum-zum-zum
intenso nas redes sociais e depois o silêncio, como se as trombetas fossem
anunciar o Apocalipse de São João, ou as quadrinhas de Nostradamus.
Neidson com a
palavra, a terra treme. “O que será que vai sair agora?” — murmura,
questionando uma presença frequente nas reuniões do Legislativo que alguns
chamam de “piolho de plenário”. Na frente, um painel aberto repercute
principalmente números, o vereador desfia o seu rosário de valores sem
licitação já empenhados pelo Executivo. A quantia representativa da soma de suas denúncias: R$ 82.592.176,41.
Depois, os detalhes de cada transação
que mostra Itabira buscando tornar-se legal em atas, um processo de adesão que
estará proibido a partir do mês de abril, ou seja, daqui a três dias.
O orador
denunciante, mesmo com a defesa do vereador Carlos Henrique que explica ser a
operação legal, emenda-se com a voz de outros — “se for legal é imoral”. A sua
crítica pende para o lado da existência
de empreiteiras capazes em Itabira, para ele trocadas por empresas do
“cafundeu do judas” (essa expressão é de autoria de outro vereador). E ainda,
o parlamentar filiado do MDB, esclarece que, mesmo sendo legal, a frequência de
adesão a atas “desperta suspeitas”. E convida os vereadores
a se juntarem a ele em estudo mais profundo da questão levantada.
Neste momento, estou de olhos voltados para uma chamada na primeira página do Diário de Itabira. Marco Antônio Lage declara de alto e bom tom: “Farei o melhor governo da história de Itabira”. A promessa renovada estimula qualquer estátua petrificada e, confesso, a esta altura da vida, sinto-me uma múmia. Digo de mim para mim: “Pare de sofrer!”
A esperança,
então, acende o pisca-pisca no fim do túnel. A vereadora Rose Félix, que agora
é chamada de “Dura na Queda” em alusão a um nome de empreiteira beneficiada, toma a palavra e reitera a sua confiança na
presença do secretário Gabriel Quintão, de Administração, que “virá ao plenário
na próxima segunda-feira prestar esclarecimentos”. Ela espera “que venha com
respostas certas e nada de ‘isso não sei’, ‘aquilo não sei’, adverte.
Não cabe aqui
desfilar os problemas do prefeito, espremidos no curto tempo que tem para
governar. Muitas promessas, desafios incontáveis que qualquer ser humano normal
vê como obstáculos intransponíveis. Os servidores municipais, na voz de seus
“representantes” nas redes sociais, estão felizes.
Mas e os
vereadores, legítimos donos de cargos efetivos e eletivos, que são desprezados?
Será que as pesquisas não corroboram os representantes do povo? Segundo o
vereador e ex-secretário de Governo Bernardo Rosa é um erro sem tamanho do
Poder Executivo manter-se distante dos 17 parlamentares municipais.
Para não dizer que faltei com meus conselhos, os quais ninguém segue, mas o envio só para cumprir meu papel, vão lá: se
eu fosse Marco Antônio Lage, iria à Câmara no lugar de ou "assessorando" Gabriel Quintão, porque quem o povo quer ver é o "dono da boiada". Além disso, mesmo sendo ateu conhecido, nomearia
marqueteiro, como última mexida no secretariado, São Judas Tadeu, “o padroeiro
das causas impossíveis”.
José Sana
Em 28/03/2023
Sana é um gênio!
ResponderExcluirJosé Sana, concordo com você sobre o desconhecimento de muitos vereadores sobre seu papel na Câmara, na realidade de Itabira e na democracia. Há alguns anos atrás, a Funcesi organizou um curso para candidatos a vereador com professores formados em diversas áreas do conhecimento. Esses professores planejaram suas aulas com temas pertinentes à democracia, direito público, meio ambiente e sociedade, organização do espaço urbano (com ênfase no espaço urbano de Itabira) e muitos outros temas que os ajudariam a exercer sua função como vereadores. Eram cerca de 250 candidatos e apenas dezoito se inscreveram e frequentaram as aulas. Aí se pode perguntar-qual interesse dessas pessoas ao se candidatarem para o exercício de vereadores?
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