quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CHEGA DE ESCORRAÇAR A VALE, NEM SANTA NEM DEMÔNIO

Depois de muitos  anos de bajulação obsessiva, finalmente descobriram que a Vale S.A., antiga Companhia Vale do Rio Doce, não é uma empresa santa. Até então, ela bem podia ser carregada num  andor  como um leitão assado, porque era alvo de sedentos olhares de milhares de macacos de auditório.

Contradições nas buscas de explicações pelo super acidente de 25 de janeiro, ocorrido em Brumadinho, mostram que a mentira campeia em cada uma das notas oficiais e das entrevistas de diretores da segunda, senão a primeira, empresa mineradora  do Planeta Terra.

Morreram 19 em Bento Gonçalves, distrito de Mariana, há três anos; danificaram o meio ambiente de forma avassaladora, acabando com um dos maiores rios brasileiros, o Doce, que deságua no  Oceano Atlântico; entre desaparecidos e mortos oficialmente, em Brumadinho, somam-se mais que 400 cidadãos, além de outros crimes cometidos contra o meio ambiente; para  completar a farra triste e melancólica, o terror começou a reinar  em outras cidades, como Barão de Cocais, onde várias famílias foram arrancadas de suas residências na calada da noite, sob o triste aviso de que estariam correndo o mesmo risco das vítimas de barragens, ou seja, poderiam desaparecer. Enquanto isso, Itabira já pôs as barbas de molho, apesar de uns cidadãos que andam devagar, quase parando.




Em poucos dias, então, arrancaram a santa mineradora do céu e a mandaram de cabeça para baixo aos quintos do Inferno, sem passar pelo Purgatório de Dante. Agora a Dona Vale, que esconderia fatos, ou não seria  transparente, sofre impiedosamente na língua do povo. Imprensa, redes sociais, advogados, engenheiros, médicos, políticos,  politiqueiros, entidades diversas, órgãos públicos, donas de casa, jovens  - cada um está descendo a lenha na poderosa mineradora.

A bem da verdade, não é por aí. Se a Vale seduziu Codemas, Feam e Copam, espalhados por Minas Gerais, a culpa central,  principal, reside na força do Deus Dinheiro (DD), aquele senhor todo-poderoso que, na verdade, manda e desmanda em todos os cafundéus  do Judas neste Globo Terrestre. A submissão dos chamados órgãos públicos, os mesmos que emitem licenciamentos ambientais, é tão contundente e  vergonhosa que vou lhes contar um fato simples e resumido. Faz até rir de tristeza.

Na década de 1990, como editor da revista DeFato, fui à sede de um órgão para entrevistar uma figura exponencial e que não mais está lá. Em dado momento de nossa conversa, tive que usar o banheiro e essa pessoa relevante, do sexo feminino, acabou fazendo uma confidência fora de seu controle: “Não temos papel higiênico no banheiro. A  mineradora tal ficou de mandar ontem e não mandou”. Fim da história. Fiquei paralisado com a revelação  - a empresa X manda papel para a organização Y  limpar-se - é um jugo tão forte que me perdi no raciocínio da entrevista. Usei o banheiro, não precisei de papel nenhum, senão o que anotei a seguinte frase: “Y é um pobre órgão público do bumbum sujo!”

Vou terminar porque não fica muito bem defender a Vale. Mas alguém tinha que botar um freio nesse apedrejamento de uma única culpada pelas desgraças que ocorreram neste  início de 2019. É injustiça muito cruel jogar a culpa somente na empresa que comete pecados, crimes e outros absurdos, e poupar os bundas-sujas. Não façam isso com a Vale porque ela tem uma dívida enorme com Itabira, que lhe deu a vida em riquezas minerais e mão de obra quase de graça. Está chegando a hora de acertar as contas  e eu já estou tentando acordar os itabiranos bundas-moles.

José Sana

13/02/2019

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