sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

URGÊNCIA URGENTÍSSIMA: FISCALIZAÇÃO DAS BARRAGENS JÁ!

Estamos em 1979 e sou demitido da velha Companhia Vale do Rio Doce. Motivo: promoção do I Encontro de Cidades Mineradoras de Minas Gerais. As causas embutidas: como presidente da Câmara, concedi  palavras aos senhores cidadãos Aníbal dos Santos Moura, de Itabira, e Geraldo Sette, vereador de Nova Era, ambos devidamente inscritos durante o conclave. E temidos e odiados pela empresa. O motivo: a coragem deles de falar o que pensam...

No decorrer do encontro, realizado em junho de 1978, além de lançarmos a ideia do Royalty do Minério de Ferro, cópia do “Fundo de Exaustão de Recursos Minerais”, anteprojeto do itabirano, ex-secretário de Planejamento do Governo de Minas Gerais, Paulo Camillo Penna, fizemos um questionamento irritante à CVRD. Minhas palavras, repetidas no ano seguinte, em Mariana, no segundo congresso: “Queremos saber por que a Companhia, que está cercando Itabira por represas por todos os lados, além de não explicar o tanto que devassa as nossas terras, não permite que os municípios mineradores fiscalizem suas ilhas de  lamaçais”. 

Houve também uma denúncia do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM): a Vale não permite fiscalizar a saída do produto das minas para que cada município possa validar a autenticidade dos impostos devidos. Na época, os valores calculados eram uma merreca chamada Imposto Único sobre Minerais (IUM), impostura que ainda dava noutra sub-merreca para as cidades, apenas 20%  do total.

Barragem de Itabiruçu (Itabira) hoje
Bem, toda esta preliminar fiz para questionar: por que Itabira não faz, agora e imediatamente, por meio de qualquer fonte na Justiça, uma solicitação forte e exigente para que possam os municípios mineradores de Minas Gerais, ou mesmo do Brasil, contratar mão de obra qualificada, técnica e competente, e vigiem todas as barragens com a responsabilidade que se faz necessária? Hoje, pelo que se vê são raposas tomando conta de galinheiros pelas vastas terras mineiras e brasileiras. Isto pode continuar?

Aliás, pensando bem, é um absurdo o fato de que as mineradoras não permitam aos donos dos terrenos, os municípios mineradores, que adentrem os silos de embarque de matéria-prima para o porto.E lhes seja permitido desarmarem essas bombas atômicas antes da temida explosão, como ocorreu em Mariana e Brumadinho. Alguém, que já foi funcionário graduado da Vale, enviou-me a seguinte mensagem: “O que tenho ouvido de abobrinhas sobre barragens, segurança de barragens, responsabilidades, montante e jusante, é uma grandeza (de piada). Ninguém sabe aonde a banda passa, mas dão os mais ridículos ‘pitacos’ sobre esses temas e outros mais”.

Pela nossa mais longa segurança; pelo amor que temos a nós, a nossos filhos, netos, bisnetos, amigos, itabiranos; por Itabira e outros municípios mineradores; pela melhor decisão possível ... que seja instituída uma lei competente que faça a exigência de fiscalização externa sobre todas as barragens de qualquer classificação (a montante ou jusante) por pessoal técnico e competente contratado pelos municípios.

Salvo melhor juízo.

José Sana

Em 01/02/2019

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