quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

CADÊ OS CHINESES? OU MELHOR, CADÊ OS RENMINBIS?

Hoje acordei, lavei o rosto, escovei os dentes, tomei café e saí correndo para resolver um problema corriqueiro. Até aí, tudo bem, acho que todo mundo faz isto todos os dias, seguramente correndo, porque a vida virou uma correria desbragada, como dizem lá na minha terra.
O que me chamou a atenção foi que, logo ali, no elevador, alguém me fez uma pergunta intrigante e que me tirou do sério:

            — Cadê os chineses?

Foi de supetão e não consegui pensar na pergunta, quanto menos na resposta imediata. Apenas olhei pro chão, pro teto, pras paredes do elevador, procurando um imaginário e eventual chinês sem o seu vírus mortal.
E o moço continuou falando aos meus fracos ouvidos, detendo-me na saída do edifício, eu com hora marcada, mas parado com ele, ouvindo questionamentos preocupantes:

             — Cadê, Zé, me fala? Estou inquieto com isso! Foi no ano passado, acho que em setembro ou outubro, fiquei sabendo que uma turma de autoridades daqui viajou de Itabira à China em busca de projetos, apoio, dinheiro, os  *Renminbi. Tal equipe chegou de lá  eufórica, não por causa das carnes de gatos, ratos, morcegos que teriam ingerido, mas anunciando milhões para isso, mais milhões para aquilo, falavam em parque tecnológico,  aeroporto industrial,  porto seco, Unifei transbordando de alunos, faculdade de medicina, e por aí vai. Ou foi...e se foi?

E eu:

            — É mesmo, você tem razão! Não sei responder as suas perguntas agora. Quanto a isso, vivemos um silêncio ensurdecedor. Perdão, porque andei meio distraído com a “belorizontina”, as chuvas normais mas destruidoras e outras coisinhas.

Ele me segurou pelo  braço com mais ansiedade ainda, e continuou:




            — Li nos jornais, sites, blogs, acho que de você mesmo, na sua notícia seca, ou no zé do burro, que, no início de janeiro, fevereiro, sei lá, deste ano, tudo se resolveria, Itabira estaria nadando nos Renminbis e estaria até falando mandarim. Olha, pode ser que eu esteja errado, mas não ouvi nada neste 2020 sobre o assunto China em Itabira, estou assim meio preocupado porque, já viu, né? E mais ainda porque assustei você! (rsrsrsrsrs).

O rapaz, cujo nome não vou revelar, pelo menos agora, veio com outra:

            — Ontem li num site, acho que no facebook, que a Vale mandou um recado “tranquilizador” para todos os moradores de Itabira: informou a mineradora que em breve as minas serão fechadas e que a água vai sobrar em nossas torneiras como nunca sobraram. O incrível da história é que o recado da empresa doeu dentro de minha barriga, porque ninguém perguntou à velha e devedora CVRD isto: “Senhora Vale, o que faremos com a água se a cidade vai acabar?”  E mais: “Quem vai usar esse H²O, quem vai beber?”

E foi embora o rapaz (a Vale ainda não), deixando-me um pouco mais perplexo. Por isso é que rabisco essas linhas e pergunto às autoridades itabiranas: cadê os chineses? Ou melhor, eles não, eles transportam coronavírus, não queremos essa droga, queremos os Renminbis. Estamos ansiando pelos  investimentos, só eles, os filhos e netos de Mao Tsé Tung, nem Xi Jinping, esses que fiquem lá, quietos. Que mandem tudo on-line, depósitos, transferências, créditos. Reformulo a pergunta em nome de meu afoito interlocutor:

 — Cadê os investimentos chineses?  Se o negócio foi conversa “pra boi dormir”, podem deixar, deixem-me na falta de saber mesmo. Mas, cobrando sem parar...

Cadê? Cadê? Cadê?

José Sana

06/02/2020

* Renminbi é a atual moeda chinesa.

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