terça-feira, 14 de julho de 2020

CABRITO SE LANÇA CANDIDATO A PREFEITO E UMA MANADA SEGUE ATRÁS


A explosão começou assim: o candidato ideal parecia ser o Bode Expiatório, mas ele desistiu de enfrentar as urnas neste complicado ano de confusões. O Cabrito não é lá nenhum bobo e resolveu se declarar disponível no mercado. A princípio, seus adeptos, a cabritada arredia, deu apoio, fez barricada na rua, mas depois apareceram outras dificuldades a enfrentar. Como na infalível lei de oferta e procura, o velho de guerra se desvalorizou e chegou a quase zero na cotação da Bolsa Caprina.

Mas produziu um efeito colateral destruidor: o Cavalo, a Égua, o Jumento, a Onça, a Vaca, o Tigre, até o Gato, o Rato e o Gambá entraram para valer na disputa, declarando-se cada um o futuro prefeito. A discussão virou  bagunça, transformando em zona a casa da sogra do Cabrito, em sua sala especial de reuniões. E favoreceu em muito a candidatura do dono do poder absoluto, Senhor Dinossauro, que ficou feliz da vida. Já viu, não é? A falta de orientações no que dá!

Aí, surgiu o Macaco e resolve colocar ordem na casa da sogra. Mesmo sabendo cada um dos prés (vamos chamar essa turma assim) que ficou difícil para todos, ou seja, que os pretendentes deram  com os burros n’água, o Mico resolve contratar exatamente o Burro para ser o coordenador da bicharada, aquele que resolve tudo numa patada só.


O Burro marca uma reunião com a turma dos “prés”. Esses comparecem aos poucos, demonstrando que estão cabreiros. E ocorre, depois de esperar algum tempo, a sua primeira palestra:
“Meus amigos e minha amigas, meu povo e minha pova” — faz um suspense exagerado, engolindo em seco e esperando se acalmar o último miado do Gato que, de olho no Rato, pretende tirar pelo menos um de seu caminho. O Rato, que bobo não é, manja os olhares ameaçadores do rival, se esconde atrás da Onça, esta, sim, todos têm medo dela.

Depois do suspense provocado pelo Burro, este contratado pelo Macaco, começa, de fato, a reunião dos bichos em busca de consenso. O principal desafio é conter a ambição, a vontade cruel e o egoísmo de um ser mais feliz que o outro, ou seja, de acordo com a ganância própria de todos os habitantes do globo terrestre.

O primeiro pedido do Macaco foi o seguinte: “Preciso saber quem se anunciou e se declarou e se ofereceu para ser candidato a prefeito? Quem assim agiu, por favor, levante as mãos!” Imediatamente o auditório quase todo ficou de patas pro ar, ou seja, todos haviam lançado a sua própria candidatura. E estavam lascados.

O Macaco não vacilou: meteu o martelo na mesa, pediu silêncio (uma barulhada imensa havia tomado conta da sala de reuniões em que a guerra estava acontecendo) e deu a sua sentença: “Vamos obedecer a regra dos verdadeiros e sérios homens públicos (ele disse homens, mesmo sabendo que esses estão em processo de depreciação quase coletiva). Diz a regra, segundo Rui Barbosa, que um candidato nunca se lança. Entenderam?” 

Um silêncio ensurdecedor tomou conta da sala de reuniões. Foram vistos dezenas de rabos se enfiarem entre as pernas. Cada um saiu de fininho. Foram todos embora e não sabem se haverá o capítulo seguinte. De qualquer maneira, como diz com maestria o Professor Pardal, “vamos aguardar”.

Assessoria do Cabrito


Em 14/07/2020

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