Dia destes rabisquei
neste blog uma pergunta que ninguém em Itabira — homens, mulheres e crianças,
direita e esquerda, atleticano e
cruzeirense, vivos e mortos — teve a coragem de dar resposta sequer duvidosa.
Ei-la:
—
Cadê os chineses?
Era uma promessa contra o tempo, já
atrasada no espaço, prometida para
início imediato de reconstrução da economia itabirana próxima de ruir-se. A
Vale anunciou que racha fora de Itabira no ano 2028. O anúncio se consumou em
2018. Faltam, portanto, oito anos para que a empresa cumpra a sua promessa,
registrada nos mais diversos meios da comunicação do Brasil. Por incrível que
pareça, há itabirano que crê ter sido o recado claro da Vale um blefe. Nunca vi
alguém prenunciar que vai cuspir na cara de outrem e mude de ideia, faça a
entrega de um ramalhete de flores. Talvez aconteça se houver uma interferência
divina.
No dia que perguntei pelos chineses —
há precisamente um mês, em 6 de fevereiro passado — não se falava no mundo,
ainda, sobre o tal coronavírus. E nem
vou falar disso aqui porque não sou especialista em epidemias pavorosas, nem em
fim do mundo. Só vou perguntar, de novo, uma vez só, para não parecer que o
matador chinês estaria impedindo aquela economia, comunista por dentro e
capitalista por fora, de investir em Itabira:
— Cadê os chineses?
Agora vou questionar, com muita
vontade, outra figura, um tanto quanto sumida, esquecida, guardada na moita:
essa personalidade morreu, perdeu a fibra, o espírito comunitário que mais se transparecia nos idos das forças vivas que moveram
a “cidade educativa” dos anos 1970:
— Cadê o itabirano?
E vou adiantar: a Vale, que já encheu
a cidade de placas “rota de fuga” e “ponto de encontro”; a mineradora, que se
mostrou e se mostra aberta ao diálogo, vamos reconhecer; essa empresa, que
alguns elogiam, outros criticam, está, de verdade, arrumando suas malas para
partir. Endereço: exclusivamente Carajás. Adeus, Minas Gerais! Mudem de nome e
de vocação, mineiros!
Na arrumação das trouxas, a
mineradora deve anunciar, em breve, os nomes dos membros de uma equipe, com
gerente e tudo, chamada de “Fechamento de Mina”. Sei que há leis a serem
cumpridas e a velha CVRD, que parecia eterna em Itabira, vai entrar nesse
processo. Em mim, pelo menos neste observador nato, com 52 anos na terra de
Drummond, dá um frio esquisito na barriga. Fechar a mina; e depois?
Sem medo de ser contaminado por
coronavírus, recorri-me a uma fonte
chinesa e perguntei-a de peito aberto, quase entalado:
— Cadê os dólares prometidos para o
Parque Tecnológico, o Aeroporto Industrial, a consolidação do porto seco e a
expansão da Unifei?
A resposta chegou imediata como um
corisco, um relâmpago, que pisca num segundo: “Estamos esperando os sinais
necessários — providências protocolares
do governo, projetos, tudo enfim, porque as providências parecem estáticas”.
Acompanho os sinais dos responsáveis.
Não vejo, pelo menos a olho nu, nenhuma luz que determine encaminhamento
concreto para amarrar os chineses, atraí-los com seus benditos dólares à nossa
sofrida Itabira. E reconstruir uma economia não é parada para oito anos apenas,
quem sabe 80. Estaríamos lascados já? Qualquer analfabeto em economia, tal como
eu, sabe que os dias seguem acelerados. Como diz o narrador esportivo: “O tempo
passa e se aproxima dos minutos finais”. Se houver prorrogação, essa não
passará de pequeno tempinho para um nostálgico adeus.
Por estas razões — falta de
aproximação dos governos com as comunidades, necessidade de um trabalho
conjunto, participação popular nas decisões — é que me convenci, desde 1976,
como vereador depois jornalista, que o melhor assessor do prefeito e do parlamentar
chama-se sociedade civil organizada. É o que está também em meu E-book, disponível na internet, com o
nome de “Caminhos para a vitória — Ser Cidadão, Ser Vereador, Ser Prefeito”, acessível
pelo link:
Não me é dado
simplesmente vender livros (E-book)
neste momento. Estou, ao custo simbólico de R$ 27,00, tentando captar sócios de
ideias para mudarmos o modelo político dos municípios brasileiros. Portanto, não
apenas de Itabira, que lança este projeto-piloto. Existe o preço para que, além
de cobrir custos e contribuir com uma entidade beneficente, sirva para que não
imaginem que estou tentando retornar à política, que meu discurso virou
promessa eleitoral. O que não vou me cansar de dizer, ou perguntar é o
seguinte, junto do povo:
— Cadê a nossa vergonha na cara?
José Sana
Em 06/03/2020
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