sexta-feira, 6 de março de 2020

CADÊ A NOSSA VERGONHA NA CARA?


Dia destes rabisquei neste blog uma pergunta que ninguém em Itabira — homens, mulheres e crianças, direita e  esquerda, atleticano e cruzeirense, vivos e mortos — teve a coragem de dar resposta sequer duvidosa. Ei-la:

            — Cadê os chineses?

Era uma promessa contra o tempo, já atrasada  no espaço, prometida para início imediato de reconstrução da economia itabirana próxima de ruir-se. A Vale anunciou que racha fora de Itabira no ano 2028. O anúncio se consumou em 2018. Faltam, portanto, oito anos para que a empresa cumpra a sua promessa, registrada nos mais diversos meios da comunicação do Brasil. Por incrível que pareça, há itabirano que crê ter sido o recado claro da Vale um blefe. Nunca vi alguém prenunciar que vai cuspir na cara de outrem e mude de ideia, faça a entrega de um ramalhete de flores. Talvez aconteça se houver uma interferência divina.

No dia que perguntei pelos chineses — há precisamente um mês, em 6 de fevereiro passado — não se falava no mundo, ainda, sobre o tal  coronavírus. E nem vou falar disso aqui porque não sou especialista em epidemias pavorosas, nem em fim do mundo. Só vou perguntar, de novo, uma vez só, para não parecer que o matador chinês estaria impedindo aquela economia, comunista por dentro e capitalista por fora, de investir em Itabira:

— Cadê os chineses?

Agora vou questionar, com muita vontade, outra figura, um tanto quanto sumida, esquecida, guardada na moita: essa personalidade morreu, perdeu a fibra, o espírito comunitário que mais  se transparecia nos idos das forças vivas que moveram a “cidade educativa” dos anos 1970:

— Cadê o itabirano?

E vou adiantar: a Vale, que já encheu a cidade de placas “rota de fuga” e “ponto de encontro”; a mineradora, que se mostrou e se mostra aberta ao diálogo, vamos reconhecer; essa empresa, que alguns elogiam, outros criticam, está, de verdade, arrumando suas malas para partir. Endereço: exclusivamente Carajás. Adeus, Minas Gerais! Mudem de nome e de vocação, mineiros!

Na arrumação das trouxas, a mineradora deve anunciar, em breve, os nomes dos membros de uma equipe, com gerente e tudo, chamada de “Fechamento de Mina”. Sei que há leis a serem cumpridas e a velha CVRD, que parecia eterna em Itabira, vai entrar nesse processo. Em mim, pelo menos neste observador nato, com 52 anos na terra de Drummond, dá um frio esquisito na barriga. Fechar a mina; e depois?

Sem medo de ser contaminado por coronavírus, recorri-me  a uma fonte chinesa e perguntei-a de peito aberto, quase entalado:

— Cadê os dólares prometidos para o Parque Tecnológico, o Aeroporto Industrial, a consolidação do porto seco e a expansão da Unifei?

A resposta chegou imediata como um corisco, um relâmpago, que pisca num segundo: “Estamos esperando os sinais necessários — providências  protocolares do governo, projetos, tudo enfim, porque as providências parecem estáticas”.

Acompanho os sinais dos responsáveis. Não vejo, pelo menos a olho nu, nenhuma luz que determine encaminhamento concreto para amarrar os chineses, atraí-los com seus benditos dólares à nossa sofrida Itabira. E reconstruir uma economia não é parada para oito anos apenas, quem sabe 80. Estaríamos lascados já? Qualquer analfabeto em economia, tal como eu, sabe que os dias seguem acelerados. Como diz o narrador esportivo: “O tempo passa e se aproxima dos minutos finais”. Se houver prorrogação, essa não passará de pequeno tempinho para um nostálgico adeus.



Por estas razões — falta de aproximação dos governos com as comunidades, necessidade de um trabalho conjunto, participação popular nas decisões — é que me convenci, desde 1976, como vereador depois jornalista, que o melhor assessor do prefeito e do parlamentar chama-se sociedade civil organizada. É o que está também em meu E-book, disponível na internet, com o nome de “Caminhos para a vitória — Ser Cidadão, Ser Vereador, Ser Prefeito”, acessível pelo link:

           
 Não me é dado simplesmente vender livros (E-book) neste momento. Estou, ao custo simbólico de R$ 27,00, tentando captar sócios de ideias para mudarmos o modelo político dos municípios brasileiros. Portanto, não apenas de Itabira, que lança este projeto-piloto. Existe o preço para que, além de cobrir custos e contribuir com uma entidade beneficente, sirva para que não imaginem que estou tentando retornar à política, que meu discurso virou promessa eleitoral. O que não vou me cansar de dizer, ou perguntar é o seguinte, junto do povo:

— Cadê a nossa vergonha na cara?

José Sana
Em 06/03/2020

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