quarta-feira, 25 de março de 2020

EU SOU UM EX-COVARDE


Quem está dormindo bem nestes dias? Sei que alguns, ou até muitos. Eu, não! (e coloco um ponto de exclamação para ninguém duvidar). Ontem (24/03/2020) deitei-me com um sentimento terrível de culpa. Tenho cinco filhos e dez netos. Agora vejo o mundo em que os introduzimos (não eu sozinho, é claro) com amor, felicidade e ótimas intenções. Estamos vendo este momento cheio de dúvidas, pressentimentos duvidosos, pânico instalado. Queria que todos chegassem num tapete vermelho e encontrassem um mundo perfeito. Também outros e outros e outros cidadãos do Planeta Terra merecem mais vida segura.

O pior da noite ocorreu ao ver desfilar, como num filme diante de mim,  uma série de visões pavorosas do Apocalipse de São João,  das Sete Profecias Maia e de Nostradamus. Já  vi filmes e tenho livros que abordam o médico, farmacêutico e profeta francês da Renascença. Uma das predições reveladas apavoram-nos ao afirmar que chegaremos a um tempo pleno da peste,  da fome e da guerra. Vendo tal perspectiva, faz  tremer qualquer estátua vigorosa. Há também alusões horripilantes a respeito da economia. Contam que o dinheiro perderá o valor. Restarão os alimentos de matar a fome de ex-ricos e pobres, sem distinção. Vamos plantar? Agricultura familiar em pauta.

Ah... sobre  esse tema já fui empurrado numa conferência religiosa realizada num colégio. Falavam que fulano, proprietário de um pacote de feijão, o trocaria com sicrano por um quilo de arroz; carne nem pensar, talvez uma última safra de porcos, frangos e bois, ou peixes; haveria um mercado de permutas com custos exorbitantes. Como dormir diante de um quadro deste, que se adicionava a uma informação que esclarecia a visão de um futuro sombrio: supermercado e lojas acabavam de ser assaltados numa cidade brasileira.

O sono de olhos quase abertos ainda teve sonhos, mas nada animadores. Pesadelos de verdade.  Levantei-me da cama esbodegado. Comecei a procurar um chão. Liguei o celular, depois o micro. Finalmente, uma médica da família, geriatra,  nascida em Guanhães, que clinicou durante 30 anos na Suíça, hoje mora na Áustria, acabava de me enviar um link.  Encontra-se ela no Brasil vivendo a plena quarentena com o marido e o pai. A mensagem é um vídeo de entrevista do presidente Jair Bolsonaro, na porta do Alvorada, cercado de jornalistas e assessores. Vou sublinhar: Bolsonaro, 65 anos, idade de risco, sem máscaras e luvas, cercado por um bando de gente.

Abro um parêntesis para dizer que votei em Jair Messias Bolsonaro para presidente da República, em 2018. Mas foi mais um voto ideológico. Não tenho forte aptidão pela direita, nem pelo centro e de forma alguma pela esquerda. O meu partido ainda não foi criado e nem tem lado. Deve se chamar Redondo.  A esquerda é a própria preparadora do caos, fabricante do holocausto que alguns desejam descaradamente. Serve como oposição que visa derrubar um governo, só isso. Nunca deu certo em lugar  algum do mundo como governo. Uma parte dela aproveita a ingenuidade do povo para  mentir  sobre o Marxismo. Absolutamente, nada das ideias de Karl Mark foram colocadas em prática em quase dois séculos de bajulação a uma alma que até negou a existência da própria alm




Continuo com o parêntesis aberto. E vou lá atrás, na história, precisamente em Adão e Eva,  origem da humanidade na visão simbólica de religiões. E está escrito que o casal foi expulso do paraíso por desobediência a uma determinação divina. Segundo os escritos, Deus chamou na responsabilidade  a  serpente, depois Eva e Adão. Ao chefe de família sentenciou: “Você terá de trabalhar duramente a vida inteira a fim de que a terra produza alimentos suficientes para sua família”. Por força da desobediência humana era criado o capitalismo, que requer  trabalho como ponto de partida, de suor e até vidas.

Fecho o parêntesis.  Levanto-me da insônia com o corpo atordoado. Resolvo ver o vídeo da entrevista citada. Durou quase uma hora. O presidente falou de tudo sobre a situação atual frente ao  Covid-19. Mais do que isto, rasgou o verbo. De suas palavras, seguras e definidas, ditas sem medo, explicou fatores ligados ao Coronavírus. Fez as restrições devidas ao mencionar a necessidade de isolamento de idosos e pessoas com problemas de saúde. Citou casos de seu controle com o tempo. “A reação é agora, para já”, disse.
Seguiu se pronunciando com serenidade e firmeza a respeito do que ocorreria em um dos dois casos: um, continuar o país parado;  outro, trabalhando em atividade controlada. Deixou claro que a continuidade da quarentena a prazo maior significaria uma ameaça definitiva do caos, recessão econômica e, presumivelmente, um país de fome. Anunciou encontro com governadores  de cujas discussões sairiam decisões a respeito de medidas imediatas. Deu respostas rápidas, sem vacilar, aos repórteres. Convocou a população nova e saudável a voltar ao trabalho, e garantiu que haveria uma preparação de esquema forte para o enfrentamento do vírus.

Sem produção, sem arrecadação, qualquer país vai à bancarrota. Vêm fome, peste, doenças, saques, mais violência, um mundo inexplicavelmente catastrófico. Aí, então, imaginei a situação de trabalhadores de braços cruzados. Inseri dentro do quadro o Apocalipse de São João,  As Sete Profecias Maia e Nostradamus. Não existirá um panorama  mais horripilante que não seja acompanhar e viver o massacre de 220 milhões de brasileiros e de eu, você, nós, eles, morrermos com todos. Na visão, anjos de branco, asas esculturais,  acendem  tochas, surgem dragões empunhando espadas, bolas de fogo no caem do céu, cânticos de fim do mundo. Homens, mulheres e crianças tombavam, gemiam, agonizavam, dois terços mortos, um terço sobrevivendo para a reconstrução do mundo.

Então, só me restou dizer que apostei  no segundo voto em Jair Messias Bolsonaro. Por ele falar a verdade e por encarar de peito aberto a situação ameaçadora. É hora do homem público derrotar  o canalha que o ameaça. Nunca vimos tantos pulhas dando sopa  por aí. Ninguém precisa de coragem para matar uma lagartixa. Mas, sim, que não se intimide diante de canhões de perseguição, mísseis do rabo preso, jogo sujo, todos  esses vírus abomináveis, piores que o Covid-19.

Confesso e devo, neste momento, por dever de prestação de contas a Deus — se houver recuo, o Apocalipse  não tardará — declarar que sou um ex-covarde. Deveria, bem antes de ter percebido que o Brasil necessitava  de um capitão de coragem e não de um fantasma de gabinete, de passeata ou de papel ter confessado reconhecedor de seu trabalho. Ou eu não entendia bem que estava, sem querer elegendo uma fibra integral. Os mal-intencionados pensam que ele é mesmo de folha de banana. Como dizia um ex-treinador de futebol: "Vocês vão ter que me engolir!". Para derrubar um capitão de pedras, e não de areia, nem do mato,  precisarão demolir o Exército. E aí aperta, né Zeca da Égua?

Ei-lo de corpo e alma. Vamos aguardar o desfecho das providências a serem tomadas e torcer para que o Apocalipse não seja agora.

José Sana
Em 25/03/2020

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